Melhor balanço da história? Ser salta 23% após 1T, mas analistas divergem sobre ação

As ações da Ser Educacional (SEER3) disparavam 23,55%, a R$ 8,76, às 13h10 (horário de Brasília) desta quarta-feira (15), após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre deste ano (1T25), que superaram amplamente as expectativas do mercado. O desempenho financeiro chamou atenção de analistas do Santander e do Morgan Stanley, que enxergam direções diferentes para a ação, mas reconhecem a melhora dos números operacionais, especialmente beneficiados pelos cursos de medicina.

A Ser apresentou um crescimento de receita líquida de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 540 milhões. O lucro líquido ajustado foi de R$ 52 milhões, revertendo o prejuízo registrado no quarto trimestre de 2024 (4T24) e superando as projeções do Santander e do consenso de mercado. A margem do lucro antes de huros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada (excluindo efeitos do IFRS 16) cresceu 640 pontos-base na comparação anual, chegando a 26,6%.

Os analistas do Santander calculam que a base de alunos aumentou 6% em relação ao primeiro trimestre de 2024, com destaque para o ensino híbrido de graduação, que teve alta de 15%. A captação de novos estudantes nessa modalidade cresceu 16%, ao passo que a taxa de evasão recuou 240 pontos-base. O tíquete médio também subiu 13%, alavancado principalmente pela medicina — que apresentou um aumento de 20% no preço médio, refletindo o efeito de mix com maior peso de cursos premium.

O banco observa que a empresa vem conseguindo melhorar sua geração de caixa, o que contribuiu para a redução de 8% da dívida líquida no trimestre, totalizando R$ 662,7 milhões. A alavancagem caiu para 1,35 vez o Ebitda, ante 1,64 vez no final de 2024. Apesar do avanço operacional, o Santander manteve recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 6 — abaixo do valor atual. Para os analistas, ainda é cedo para mudar a avaliação, mas dizem que “há espaço para uma possível revisão para cima do lucro projetado pelo consenso”.

Melhor resultado da história

O Morgan Stanley, por sua vez, adotou um tom bem mais otimista. A corretora classificou os resultados como possivelmente os melhores já reportados pela Ser em sua história, com desempenho forte em quase todas as linhas do balanço. “Os resultados são limpos, com quase nenhum ajuste. O ponto positivo é que esse desempenho parece recorrente, na nossa visão”, dizem os analistas. A recomendação é overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 9.

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A avaliação do Morgan se baseia, principalmente, na forte expansão da receita com Medicina, que cresceu 53% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior, ancorada pela abertura de 480 novas vagas, aumento de 27% no número de alunos matriculados e alta de 20% no tíquete médio. Esse movimento foi considerado pelos analistas como o principal motor do resultado. Os cursos presenciais fora da Medicina também apresentaram bom desempenho, com crescimento de 14% na receita, mesmo com preços estáveis — já que o efeito positivo do programa Ser Solidário foi compensado por descontos por pagamento antecipado.

Na ponta do lápis, os analistas do Morgan observam que o Ebitda ajustado cresceu 58% em relação ao ano anterior, superando em até 29% as projeções da própria instituição financeira. As margens se expandiram em 640 pontos-base, com melhora operacional em quase todos os indicadores, apesar do aumento no percentual de provisões para descontos antecipados (PDA), que subiu 150 pontos-base devido ao programa social da empresa.

Na visão do Morgan Stanley, a Ser inicia um novo ciclo de crescimento, com margens mais elevadas e receitas movidas por um modelo de negócio que vem amadurecendo — especialmente com o foco cada vez maior no segmento de medicina. Mesmo sem considerar os números dessa área, os analistas apontam que a performance dos cursos presenciais foi bastante positiva, com captação em dois dígitos. Já o desempenho do ensino a distância continua abaixo do esperado, mas não compromete os resultados gerais, dado o menor peso desse segmento na receita da companhia.

Riscos

Entre os pontos de atenção mencionados pelos analistas do Morgan estão um possível aumento da evasão após o pico de captação, a suspensão de 120 vagas de medicina que aguardam credenciamento do Ministério da Educação (MEC), provisões ainda apertadas no Ser Solidário (atualmente em torno de 38%) e a alta exposição da empresa à medicina — o que pode gerar vulnerabilidade caso haja mudanças na precificação ou regulação do setor. Apesar disso, o banco vê essa concentração como vantajosa, dado o potencial de geração de caixa da vertical.

Com a valorização desta quarta-feira, a ação da Ser se aproxima do preço-alvo projetado pelo Morgan Stanley. Já para o Santander, o movimento de alta sugere um descolamento do valor justo, ainda que os números operacionais estejam surpreendendo positivamente. A próxima etapa, segundo ambos os relatórios, será observar a consolidação dessa trajetória nos trimestres seguintes.

Já o BTG Pactual tem recomendação neutra para os ativos, mas reconhece um viés mais positivo com expansão de margem e desalavancagem em curso.

O mercado se mostra bastante seletivo sobre os papéis: de 7 casas que cobrem o ativo, segundo compilação LSEG, 3 contam com recomendação de compra e 4 com recomendação de manutenção.

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