Cobertura de tratamento de esgoto vai de 0% a 90% na região; veja quais cidades lideram e quais estão atrasadas

Com a meta de universalizar o saneamento básico até 2033, conforme prevê o novo Marco Legal do Saneamento, municípios do Vale do Sinos, Paranhana e Região Metropolitana enfrentam o desafio de ampliar a cobertura de esgotamento sanitário. Apesar de o prazo se aproximar, boa parte da população ainda não tem acesso à coleta e tratamento de esgoto, embora a cobrança pelo serviço já esteja em vigor em algumas cidades.

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Estância Velha possui 2,5 mil matrículas conectadas à rede | abc+



Estância Velha possui 2,5 mil matrículas conectadas à rede

Foto: Dário Gonçalves/Arquivo GES-Especial

De acordo com a Corsan, companhia responsável pelo abastecimento de água e esgoto em 317 municípios do Rio Grande do Sul, serão necessários investimentos anuais de R$ 1,5 bilhão para cumprir a meta de 90% de cobertura de esgoto até o fim de 2033. Além da Corsan, outras companhias como a Comusa e o Semae também atuam na região.

Situação atual nos municípios atendidos pela Corsan

Na região do Vale do Sinos e Paranhana, a cobertura de esgoto varia bastante entre os municípios. Estância Velha lidera com 19,9% de cobertura, seguida por Sapiranga (15,9%), Três Coroas (5,7%) e Igrejinha (3%). 

Em Dois Irmãos, a cobertura atual é de apenas 0,5%, com 62 economias atendidas exclusivamente no bairro Portal da Serra, onde há coleta e tratamento de esgoto pela ETE local. Essas unidades já pagam a taxa de esgoto. Apesar do índice ainda reduzido, há previsão de avanço com a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) que deve começar em junho de 2026, com a construção de redes coletoras. A Estação de Tratamento de Esgoto tem execução prevista para 2027 e 2028. Com a conclusão dessa primeira etapa, a cidade alcançará 46% de cobertura até 2028. O investimento estimado nesse período é de R$ 52,72 milhões, com projeção de chegar a R$ 85,44 milhões até 2032.

Já cidades como Morro Reuter, Parobé, Riozinho, Rolante, Santa Maria do Herval, Taquara e Portão sequer contam com sistema de esgotamento sanitário implantado, segundo os dados mais recentes da Corsan.

Em Estância Velha, cidade que possui cerca de 2,5 mil matrículas conectadas à rede, a Corsan finalizou, em 2024, a Estação de Tratamento de Esgoto com capacidade para 100 litros por segundo. A previsão é que esse número dobre até 2033, permitindo a cobertura de 90% da população.

Estação de Tratamento de Esgoto de Estância Velha | abc+



Estação de Tratamento de Esgoto de Estância Velha

Foto: Dário Gonçalves/Arquivo GES-Especial

Com apenas 0,13% de cobertura, Campo Bom receberá investimentos de R$ 231 milhões da Corsan até 2033, com prioridade para a construção da ETE no bairro Mônaco. A obra deve atender cinco bairros e beneficiar 85 mil pessoas, com o objetivo de alcançar os 90% exigidos pela legislação.

Na vizinha Sapiranga, no mês de março 254 imóveis estavam interligados à rede de esgoto e já receberam cobrança. Outros 979 estavam aptos a fazer a conexão. A ETE do município foi construída no bairro São Jacó, e a expansão avança para áreas como o São Luiz. O contrato com a Corsan exige 35% de cobertura até 2028 e 90% até 2033.

Já na Região Metropolitana a situação é diferente e os índices são um pouco mais elevados. Esteio, por exemplo, não só lidera com 90,82%, como já atingiu a meta de 2033. Na sequência aparecem Cachoeirinha (77%) e Gravataí (57%) também com grandes índices. Canoas aparece com 49%, Sapucaia do Sul tem 24% e Nova Santa Rita não possui cobertura.

No caso de Cachoeirinha, Canoas, Esteio, Gravataí e Sapucaia do Sul, os serviços de coleta, afastamento e tratamento de esgoto são feitos pela Ambiental Metrosul em uma Parceria Público Privada (PPP) com a Corsan.

Esgoto tratado

Como funciona a cobrança

A cobrança de esgoto é regulada por agências como a Agesan-RS e a Agergs. Existem dois tipos de tarifa: a de esgoto, aplicada quando o imóvel está efetivamente conectado à rede; e a de disponibilidade, cobrada quando há rede disponível, mas o usuário não se conecta dentro do prazo regulamentar.

O valor cobrado pela Corsan corresponde a 70% do consumo de água, percentual definido pelas agências reguladoras. A tarifa social é prevista para famílias cadastradas em programas sociais, com descontos que podem chegar a 60% sobre os primeiros 10 mil litros de consumo.

Novo Hamburgo e São Leopoldo

Nestes dois municípios, o serviço não é operado pela Corsan. Em Novo Hamburgo, a Comusa é responsável pela gestão e, atualmente, trata apenas 7% do esgoto gerado. A expectativa é de avanço com a construção da Estação de Tratamento Luiz Rau, que deve elevar o índice para 50% até 2026 e 98% até 2033. A tarifa corresponde a 70% do valor da água.

Em São Leopoldo, o Semae atende 16 mil economias em diversos bairros e trata cerca de 30% do esgoto da cidade. Em fevereiro de 2025, a tarifa foi reajustada em 15,02%, com base em análise das contas da autarquia. O valor da cobrança varia conforme a categoria do imóvel, sendo 80% do consumo de água para a maioria dos usuários e 50% para os beneficiários da tarifa social. A principal obra em curso é a Estação Pradinho, que atenderá 11 bairros e beneficiará mais de 80 mil moradores. A construção teve início em outubro de 2024, com previsão de conclusão em 35 meses e orçamento de R$ 80 milhões.

Gramado projeta alcançar 45% de cobertura até 2028

Com cerca de 35% do esgoto tratado atualmente, Gramado tem investimentos em andamento para ampliar a cobertura de esgotamento sanitário nos próximos anos. A meta da Corsan é atingir 45% até 2028, com obras já iniciadas em bairros como Planalto, Piratini e Floresta. A primeira etapa do projeto engloba também Piratini e Floresta e deve ser concluída até o final de 2025. Além disso, estão previstos novos trechos de rede no Centro, Pórtico e entorno do Lago Negro.

Outras áreas, como Várzea Grande, setor Oeste, Mato Queimado e Dutra/Moura também terão obras de ampliação ou implantação de sistemas. A previsão da Corsan é concluir as obras entre 2027 e 2028, com recursos públicos e privados que somam mais de R$ 150 milhões.

Imbé deve sair do 1% ainda este ano

Atualmente, apenas 1% do esgoto de Imbé é tratado. O volume é correspondente aos efluentes de um condomínio fechado. A expectativa é que esse índice comece a subir ainda em 2025, com a entrada em funcionamento da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade, cuja conclusão é prometida pela Corsan até o final do ano.

Segundo o cronograma da empresa, o município deve alcançar 35% de esgoto tratado até dezembro de 2028 e atingir 90% até 2033. A Prefeitura destaca que esses são os percentuais mínimos projetados, com possibilidade de superação conforme o avanço das obras.

As ações em Imbé se somam aos investimentos realizados em Tramandaí, município vizinho com forte integração urbana e populacional. Com quase 50 mil imóveis, Tramandaí conta com 14.915 atendidos pelo esgotamento sanitário, o que equivale a 31%.

O sistema de tratamento de esgoto no município conta com uma estação compacta pré-fabricada e bacias de infiltração. Em 2024, foi concluída a ampliação da ETE, que aumentou a capacidade diária de processamento em 30 litros por segundo por dia. Isso equivale a 1,04 piscina olímpica por dia. Além da ampliação da ETE, em 2024 foram finalizadas duas estações de bombeamento, no bairro Zona Nova, e as instalações elétrica e mecânica em outras cinco estações de bombeamento.

Com investimento total de R$ 30 milhões em esgotamento sanitário previsto para 2025 em Tramandaí, a Corsan está realizando a primeira etapa das obras, com a instalação de redes coletoras e ramais prediais, para ligação das residências às tubulações. O cronograma de trabalho vai envolver 68 ruas dos bairros Zona Nova e São Francisco II. Nesta fase inicial, vão ser beneficiadas 9.046 famílias.

Serão implantados ainda 13,9 mil metros de redes coletoras nos dois bairros, o que representará a retirada de 3,3 milhões de litros de esgoto despejados diariamente na natureza sem o devido tratamento, de acordo com a Corsan. Esse volume corresponde a 1,3 piscina olímpica por dia.

As obras já passaram pelas avenidas Caldas Júnior, Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Emancipação e João de Magalhães, ruas Padre Réus, Santo Amaro, Castro Alves, José Augusto, Corrêa Andrade e José de Freitas, e pelas Travessas Olavo Bilac, Coronel Brito, Taquara, Azenha, Coronel Boldrini e Sapiranga. Até o final de março, a Corsan instalou 6.750 metros de redes coletoras e 422 ramais de ligação às residências em 87 trechos.

A estimativa é de que, até o final deste ano, estejam implantados os 13,9 mil metros de tubulações. Em 2026, os dois bairros receberão mais 30 mil metros de redes coletoras e ramais para conexão, em uma nova etapa de investimentos.

“Tramandaí tem grande relevância na expansão dos índices de saneamento do Rio Grande do Sul. Por isso, a Corsan mantém um plano robusto de investimentos com foco no cumprimento das metas contratuais para universalização da cobertura de esgotamento sanitário conforme está previsto pelo Marco Legal do Saneamento”, informa a companhia.

Vale do Caí

A implantação do sistema de esgotamento sanitário nos municípios de Capela de Santana, Montenegro e São Sebastião do Caí está em fase de estudos pela Corsan. O projeto será desenvolvido para garantir o atendimento ao Marco Legal do Saneamento até 2028, de forma parcial, e concluir a meta até 2033.

Casos específicos

Em Ivoti, o serviço é realizado pela Águas de Ivoti e, de acordo com a autarquia, 4,95% do esgoto da cidade é tratado. Segundo a Prefeitura, a Agesan está solicitando que seja feita a cobrança de taxa de esgoto nos locais onde há coleta, tratamento e lançamento de esgoto tratado. Contudo, por ora, nenhum munícipe é cobrado por serviços de esgotamento sanitário.

“Atualmente alguns loteamentos tem estações de tratamento coletivo, em operação. Os munícipes ocupantes desses imóveis, nesses loteamentos, serão os primeiros a receberem fatura de cobrança de serviços de esgotos. Os dois loteamentos têm, juntos, aproximadamente 1000 pessoas”, informou a Prefeitura por meio da assessoria, mas não informou onde ficam os loteamentos e quando as cobranças terão início.

Esgoto precisa alcançar 90% de tratamento em todas as cidades até 2033 | abc+



Esgoto precisa alcançar 90% de tratamento em todas as cidades até 2033

Foto: Dário Gonçalves/Arquivo GES-Especial

Nova Hartz ainda não possui Estação de Tratamento de Esgoto própria, mas realiza a coleta e transporte dos resíduos para tratamento em outro município. Desde dezembro, a Corsan começou a atuar na cidade, inicialmente assumindo o abastecimento de água em loteamentos antes geridos pela autarquia Águas da Nascente.

Atualmente, conforme o superintendente da Águas das Nascentes, Ronei Oliveira, cerca de 59% das residências contam com sistema de fossa e filtro, seja coletivo ou individual. A manutenção desses sistemas inclui a limpeza periódica dos tanques, com envio do material para tratamento em ETE legalizada.

Listagem:

Esteio: 90,82% – Corsan
Cachoeirinha: 77% – Corsan
Gravataí: 57% – Corsan
Canoas: 49% – Corsan
Gramado: 35% – Corsan
São Leopoldo: 30% – Semae
Sapucaia do Sul: 24% – Corsan
Estância Velha: 19,90% – Corsan
Sapiranga: 15,9% – Corsan
Novo Hamburgo: 7,5% – Comusa
Dois Irmãos: 6,3% – Corsan
Três Coroas: 5,7% – Corsan
Campo Bom: 5,00 % – Corsan
Ivoti: 4,95% – Águas de Ivoti
Igrejinha: 3% – Corsan
Imbé: 1%
Morro Reuter: 0%
Nova Hartz: 0% – Corsan
Nova Santa Rita: 0% – Corsan
Parobé: 0% – Corsan
Portão: 0% – Corsan
Riozinho: 0% – Corsan
Rolante: 0% – Corsan
Santa Maria do Herval: 0% – Corsan
Taquara: 0% – Corsan

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