Como chegam Aimoré e Novo Hamburgo para a Divisão Acesso

O Campeonato Gaúcho Série A2 2025 tem início marcado para este sábado (17) e promete movimentar o futebol do interior do Rio Grande do Sul. A final da Divisão de Acesso está prevista para o dia 31 de agosto. Duas equipes da região do Vale do Sinos, tradicional celeiro de futebol, estarão em busca do tão sonhado acesso à elite do futebol gaúcho: o Esporte Clube Novo Hamburgo e o Clube Esportivo Aimoré.

Troféu Série A2 | abc+



Troféu Série A2

Foto: Silvia Macedo / FGF

O Noia, um dos clubes mais tradicionais do Estado, com uma história que inclui a conquista do Campeonato Gaúcho de 2017, entra na Série A2 com um elenco renovado e focado. A equipe comandada pelo técnico Daniel Franco estreia na competição fora de casa, em Passo Fundo, contra o Gaúcho. O duelo está marcado para domingo (18), às 11 horas.

Na pré-temporada, que iniciou em 7 de abril, o Anilado realizou três jogos-treinos. No Estádio do Vale, venceu o Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul (Siapergs) por 3 a 0, com gols de JV, Guto e Grecco. Na sequência, derrotou o Esportivo, em Bento Gonçalves, por 1 a 0, com gol de Bruno Nascimento, e encerrou a preparação batendo o Gramadense também pelo placar mínimo. Luis Gustavo foi o autor do gol do duelo disputado em Novo Hamburgo.

Do outro lado do Rio do Sinos está o Aimoré, que, por sua vez, também possui uma história significativa no futebol gaúcho e busca retornar à elite estadual. Com uma comissão técnica liderada pelo treinador Paulo Henrique Marques, o clube aposta em uma mescla de juventude e experiência para alcançar seus objetivos. A estreia do Índio Capilé será contra o Veranópolis, em partida prevista também para domingo, às 16 horas, no Estádio Cristo Rei.

O Índio Capilé também iniciou a preparação em 7 de abril. Em jogo-treino realizado no Cristo Rei, a equipe venceu o Siapergs por 2 a 0, com gols de Guizão e Adriano Klein. Também em casa, bateu o Lajeadense por 1 a 0. Mauri marcou. O placar de 2 a 0 se repetiu no duelo diante do do Futebol Com Vida em Viamão. Mauri e Ariel anotaram os gols que fecharam a sequência preparatória.

Além do Noia e do Índio Capilé, estão na disputa Bagé, Brasil de Farroupilha, Esportivo, Gaúcho, Glória, Gramadense, Inter de Santa Maria, Lajeadense, Passo Fundo, Real SC, Santa Cruz, União Frederiquense e Veranópolis.

Fórmula de disputa

A Série A2 deste ano contará com 15 equipes. A Divisão de Acesso terá um turno único, com 14 jogos para cada time. Não haverá mais chaves regionalizadas. Os oito primeiros avançam às quartas de final – a partir desta fase os confrontos serão de ida e volta. Na sequência acontecem os duelos das semifinais. Os vencedores, se classificam para a final e garantem as vagas para o Campeonato Gaúcho Série A de 2026. Do outro lado da tabela, apenas um time será rebaixado à Terceira.

Desistência

Inicialmente, o campeonato teria 16 equipes. Porém, nesta semana, o Futebol Com Vida desistiu de participar da Série A2 por problemas financeiros. Com a desistência, a equipe automaticamente foi rebaixada para a Terceirona. Diante desse problema de última hora, a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) alterou o calendário da competição a partir da segunda rodada. A principal mudança foi que a partir de agora, todos os times terão sete jogos em casa e sete fora.

Sérgio Winck relembra o acesso com o Noia em 2000

Voltar à elite do futebol gaúcho não é tarefa simples. Quem confirma isso é Sérgio Winck, ex-jogador do Novo Hamburgo e protagonista da campanha vitoriosa da equipe na Divisão de Acesso de 2000. Vinte e cinco anos depois, ele ainda guarda com carinho as lembranças daquela conquista que colocou o Noia novamente entre os grandes do Estado.

“Foi uma das melhores fases da minha carreira. Eu vinha de temporadas boas e o Novo Hamburgo montou um time forte. Tínhamos muita confiança, treinamos demais e estávamos todos empenhados em ajudar o clube naquele ano, era um elenco sem vaidade”, contou.

Não foi apenas dentro de campo que o grupo se fortalecia. Sérgio destaca o ambiente como um dos segredos do sucesso. “Tinha muita amizade no vestiário. A gente saía junto depois dos jogos, fazia churrasco… esse clima fez muita diferença na hora da decisão”, lembrou.

A festa com o acesso veio com emoção e reconhecimento da torcida. “Foi uma festa. Tinha gente chorando, gritando… Era o resultado de muito trabalho e entrega. A cidade toda abraçou o time. Foi um título que marcou minha vida. A torcida do Novo Hamburgo sempre me tratou com muito carinho. Até hoje tem gente que me para na rua para lembrar daquele time”, disse.

Sérgio Winck, ídolo do Novo Hamburgo | abc+



Sérgio Winck, ídolo do Novo Hamburgo

Foto: Gabriel Stöhr/GES Especial

Peculiaridades

Com sua vivência, ele aponta que a Divisão de Acesso exige muito mais do que talento técnico. “É uma competição completamente diferente do que a gente vê por aí. É muito pegado e os jogadores mais experientes chegam firmes mesmo para intimidar. Então, precisa montar um time cancheiro, não adianta só ser bom de bola, porque senão vai acabar caindo na pressão”, explicou.

“Para o Novo Hamburgo ir bem nessa competição e conseguir o acesso, precisa ter pelo menos uns cinco jogadores bem experientes de futebol gaúcho no elenco. E tenho certeza de que o Luiz Fernando, que é um dos responsáveis por isso lá no clube, pensou nisso. É um grande amigo meu e um profissional muito capacitado”, projetou.

Marco Antônio revive o gol decisivo pelo Índio em 2018

Se o torcedor do Aimoré lembra de um momento inesquecível na Divisão de Acesso, certamente é do gol marcado por Marco Antônio na semifinal de 2018 contra o Ypiranga. Foi ele quem garantiu o retorno do Índio Capilé à elite do futebol gaúcho.

“O primeiro jogo da semifinal contra o Ypiranga, lá em Erechim, a gente perdeu por 2 a 1. Dei uma assistência para o nosso gol naquela partida. Depois, no jogo de volta, ganhamos por 1 a 0 em casa, com gol meu. Como valia o gol qualificado, a gente subiu”, relembrou.

Depois de garantir a subida de divisão, o Aimoré acabou sendo superado na final pelo Pelotas. O jogo de ida, no Cristo Rei, ficou empatado em 1 a 1. Na volta, o Índio foi goleado por 4 a 0. Mesmo assim, Marco Antônio foi eleito o melhor atacante da competição pela FGF.

Marco Antônio (Nuno), nos tempos de Aimoré | abc+



Marco Antônio (Nuno), nos tempos de Aimoré

Foto: Arquivo pessoal

Precisa manter a base

A temporada de 2018 foi a segunda dele em São Leopoldo. Nuno, como também é conhecido, chegou no Aimoré em 2017 e ficou até 2019. Na temporada do acesso, foi o artilheiro da equipe no ano, com nove gols. Com a vivência de quem conhece o clube por dentro, ele destacou a importância de manter elencos por mais tempo.

“Hoje em dia, os clubes não mantêm mais um grupo fixo por muito tempo, e eu vejo isso como um erro. Manter a base é fundamental, e os times que subiram nas últimas temporadas sempre conseguiram segurar seus elencos principais”, destacou.

“A Divisão de Acesso é muito pegada. A diferença para a primeira divisão é que lá é mais técnico, mais jogado. No Acesso é mais físico, mais disputado e ainda tem a dificuldade dos campos, que nem sempre ajudam. É uma competição muito difícil, porque tem muitos times bons e só duas vagas”, alertou Nuno.

Já experiente, com 34 anos, ele sabe que o caminho para o acesso exige sacrifício, união e foco, qualidades que, em 2018, fizeram a diferença para o Aimoré.

 

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