Crime sexuais em série: Passa de 200 o número de vítimas de abusador de Taquara; veja o que já se sabe

Crimes sexuais em série foram cometidos por um homem de 36 anos nos últimos 16 anos. A Polícia Civil considera Ramiro Gonzaga Barros o “maior predador sexual do Estado do Rio Grande do Sul”. O morador de Taquara está preso desde janeiro deste ano.

CLIQUE AQUI PARA ENTRAR NA COMUNIDADE DO ABCMAIS NO WHATSAPP

Os casos vieram à tona após a denúncia de uma menina de 9 anos, que pediu ajuda à mãe após o homem chantageá-la nas redes sociais para que compartilhasse fotos íntimas. Nesta sexta-feira (16), o delegado Valeriano Garcia Neto divulgou que já foram identificadas 202 vítimas de abusos, que incluem estupros e crimes de direção, produção e armazenamento de pornografia infantil. 

Homem suspeito de armazenar pornografia infantil é encontrado em Taquara | abc+



Homem suspeito de armazenar pornografia infantil é encontrado em Taquara

Foto: Polícia Civil

O delegado afirma que não restam dúvidas de que Barros é “um criminoso em série” e enfatiza que a Polícia busca identificar todas as vítimas. Os laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontam para aproximadamente 750 pastas com conteúdo pornográfico infantil.

Foi descoberto que o suspeito usava perfis falsos em redes sociais, se passando por meninas, para se aproximar das vítimas, geralmente com idades entre 8 e 13 anos. Primeiro, ele criava um vínculo de amizade virtual. Depois, a convenciaaenviaruma fotografia nua. Após ter uma primeira fotografia da vítima, pedia mais e no momento da negativa começava a ameaçá-la para conseguir o devido material, sempre dirigindo como queriadevia ser enviado. “Sendo fotos ou vídeos, posições do corpo e posições da câmera, para melhor captação das imagens”, diz o delegado.

Após recolher materias da casa dele em janeiro, quando foi preso em flagrante, a Polícia descobriu que o homem havia gravado um estupro cometido contra uma adolescente. Antes de consumar o abuso, o homem exigiu, durante anos, imagens íntimas da menina. Depois, mediante ameaças, forçou um encontro presencial e abusou sexualmente da vítima, na época com 13 anos. 

LEIA TAMBÉM: Advogado gaúcho suspeito de liderar esquema de fraudes milionário é preso no Mato Grosso do Sul 

Denúncias

A Polícia divulgou uma foto para que as vítimas reconheçam a fisonomia do suspeito e procurem as autoridades. Todas estão sendo chamadas para prestar depoimento. O objetivo da Polícia é que o acusado seja responsabilizado por todos os crimes que cometeu ao longo dos anos.

Ramiro Gonzaga Barros | abc+



Ramiro Gonzaga Barros

Foto: Polícia Civil

A defesa de Barros, representada pelo advogado Rodrigo Batista, se manifestou através de uma nota. Ele afirma que compreende “plenamente a gravidade dos fatos que estão sendo apurados”. “No que se refere ao quantitativo de possíveis vítimas que vem sendo veiculado pela mídia, a defesa até o momento, não teve acesso a íntegra do material original periciado, justamente em razão do sigilo elevado dos autos, de forma que tão logo recebermos acesso, nos manifestaremos”, acrescenta.

Denúncias podem ser feitas pelo telefone da Polícia Civil de Taquara: (51) 98443-3481.

Ministério Público faz busca ativa

No início de maio, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) afirmou que iria fazer uma busca ativa para ouvir as vítimas de abuso sexual praticado pelo morador de Taquara.

As crianças e adolescentes, assim como seus responsáveis, estão sendo procurados pelo projeto das Centrais de Atendimento às Vítimas e Familiares de Vítimas de Crimes e Atos Infracionais do Ministério Público gaúcho, que oferece espaços de acolhimento e apoio psicológico em Promotorias de Justiça de sete municípios.

VEJA: Justiça aceita denúncia e acusado de matar grávida a facadas se torna réu; jovem era moradora de Novo Hamburgo 

Menina de 9 anos fará depoimento especial

Em 11 de fevereiro de 2025, o Ministério Público do Estado (MPRS) denunciou o homem por três crimes em relação ao caso da menina de 9 anos: armazenar imagens pornográficas de crianças, assediar e instigar a menina a tirar fotos nuas e ameaçar divulgar o material na internet.

A denúncia do MP foi aceita pela Justiça e Barros se tornou réu. Ele será interrogado na próxima quarta-feira (21) em audiência de instrução do processo criminal. Conforme o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a audiência será conduzida pelo juiz de Direito Rafael Silveira Peixoto. Na data, será ouvida, em depoimento especial, a vítima, além de testemunhas e, por último, o réu.

Segundo a acusação, entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, o suspeito, morador de Taquara, utilizou um perfil falso em uma rede social, se passando por uma menina, e iniciou conversas com a criança sob o pretexto de fazer amizade com ela.

Homem usava perfil falso para atrair vítimas | abc+



Homem usava perfil falso para atrair vítimas

Foto: Divulgação/Polícia Civil

Neste processo criminal, o réu responde por três crimes: Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (Art. 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA); Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de induzi-la a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita (Art. 241-D, parágrafo único, Inciso II do ECA) e ameaça ( art. 47 do Código Penal).

Leia a nota da defesa na íntegra

“Agradecemos pelo espaço.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a defesa compreende plenamente a gravidade dos fatos que estão sendo apurados. Esse é um aspecto que todos levamos em consideração e que não devemos ignorar.
No entanto, nossa principal intenção enquanto defesa que atua no caso é garantir que não só o processo judicial mas também os expedientes investigativos transpire os princípios fundamentais do direito, respeitando garantias e prerrogativas para que ocorra um julgamento justo. Isso significa que, independentemente da natureza das acusações, dentro dos limites legais não abriremos mão ao exercício pleno da ampla defesa e contraditório para que por meio de um processo justo a responsabilização respeite os limites da culpabilidade.

No que se refere ao quantitativo de possíveis vítimas que vem sendo veiculado pela mídia, a defesa até o momento, não teve acesso a íntegra do material original periciado, justamente em razão do sigilo elevado dos autos, de forma que tão logo recebermos acesso, nos manifestaremos.

Por fim, nossa atuação visa sempre garantir que todas as partes possam se manifestar livremente e que as evidências sejam apresentadas de forma imparcial, assegurando que a verdade se estabeleça de maneira justa. Estamos aqui para garantir que, apesar da seriedade da situação, as regras do devido processo legal sejam equitativas e que a justiça prevaleça, não apenas para o Estado, mas também para os indivíduos que possuem direitos que precisam ser respeitados.”

Adicionar aos favoritos o Link permanente.