Sem Zelensky e Putin, Rússia e Ucrânia têm 1ª negociação direta em três anos

Negociadores russos e ucranianos se reuniram em Istambul nesta sexta-feira (16) para as primeiras negociações de paz diretas em mais de três anos de guerra, mantendo discussões junto com uma delegação turca, mostraram imagens ao vivo da televisão turca.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, fez um discurso no início da reunião, visto como um sinal de progresso diplomático entre os lados que não se encontram cara a cara desde março de 2022, o mês seguinte à invasão da Rússia.

A reunião, realizada no Palácio Dolmabahçe, foi mediada por Fidan e contou com a presença de autoridades dos Estados Unidos, incluindo o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial para a Ucrânia Keith Kellogg. A delegação ucraniana é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov. Pelo lado russo, quem encabeça a equipe é Vladimir Medinsky, ex-ministro da Cultura — o mesmo que liderou o time russo nas tratativas fracassadas de 2022.

A ausência do presidente Vladimir Putin gerou críticas na Europa. O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que Zelensky demonstrou boa vontade ao viajar à Turquia, enquanto Putin “se colocou do lado errado”. A França defende sanções “devastadoras” contra a economia russa. Já o presidente dos EUA, Donald Trump, articulador da nova tentativa de cessar-fogo, indicou que buscará um encontro direto com Putin para destravar o processo: “Está na hora de apenas fazermos isso”, declarou nos Emirados Árabes.

Putin, que rejeita a legitimidade de Zelensky, deseja negociar diretamente com Trump. Diplomatas europeus alertam que isso poderia recompensar a postura evasiva do Kremlin, caso a cúpula ocorra sem concessões prévias.

Durante a abertura das negociações, a Rússia lançou um ataque com mísseis balísticos nas proximidades de Dnipro, segundo autoridades locais. Apesar disso, a Ucrânia mantém a exigência de um cessar-fogo incondicional de 30 dias, além de ações humanitárias como o retorno de crianças deportadas e a troca total de prisioneiros de guerra, conforme declarou Umerov antes do encontro.

(com Reuters)

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