GRIPE AVIÁRIA: O que se sabe desde que o primeiro foco de H5N1 foi confirmado em granja de Montenegro

O primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em um sistema de avicultura comercial do Brasil foi confirmado, na manhã de sexta-feira (16). O estabelecimento fica em Montenegro, no Vale do Caí. Em Sapucaia do Sul, o zoológico foi fechado após aves falecerem também pelo vírus. Desde então, uma série de medidas foram implementadas.

Entenda tudo o que se sabe até o momento sobre a gripe aviária e como impacta o Estado e País, se há risco para humanos, e mais.

H5N1 no RS

Primeiro foco do Brasil

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), junto à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), confirmaram que um foco de gripe aviária foi identificado em um matrizeiro de aves comerciais, em Montenegro, na sexta-feira (16). Este é o primeiro caso em um estabelecimento comercial no Brasil.

As amostras foram recolhidas após a síndrome respiratória e nervosa em aves ter sido registrada no dia 12 de maio e encaminhadas para análise do Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário, em Campinas, São Paulo, que confirmou o diagnóstico.

Morte de cisnes e patos e Zoológico de Sapucaia do Sul fechado

O Zoológico de Sapucaia do Sul foi fechado na terça-feira (13) passada por suspeita de gripe aviária, após a morte de cerca de 38 cisnes e patos. Ainda na manhã de sexta-feira (16), o governo do RS confirmou que os animais mortos estavam infectados com H5N1 e o local permanecerá fechado por tempo indeterminado.

As aves que habitam o local, assim como a água onde os animais que faleceram ficavam, estão sendo analisadas, conforme a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do governo do RS.

Investigação

O governo do Rio Grande do Sul afirmou que a granja foi isolada e que haverá uma investigação em um raio de 10 quilômetros do local e também em outros possíveis estabelecimentos ao redor, como um outro local avicultor de grande porte que foi identificado. Após a confirmação dos casos, o Serviço Veterinário do RS (SVO-RS) começou as ações previstas pelo Plano Nacional de Contingência.

Reunião para decidir estratégias

Uma reunião para decidir as próximas estratégias, após a confirmação do fogo de H5N1, foi marcada durante a manhã de sexta-feira em Monenegro. Ela aconteceu durante a tarde, por volta das 14h30.

Montenegro e as barreiras sanitárias

Mesmo após a confirmação do foco de H5N1 em um estabelecimento de avicultura de Montenegro, a cidade ainda não contava com barreiras sanitárias até o início da tarde de sexta-feira (16). O secretário de Desenvolvimento Rural, Vlademir Souza, confirmou a informação. Segundo ele, elas poderiam ser definidas pelas Secretaria da Agricultura e Mapa após uma reunião no mesmo dia.

Granja sob bloqueio sanitário

Já a granja onde o foco foi registrado, está sob bloqueio sanitário por tempo indefinido, com barreiras funcionando 24 horas em um raio de 10 quilômetros do local para controlar o trânsito. Carros de passeio possuem acesso restrito, enquanto veículos maiores não podem passar, tendo que buscar rotas alternativas.

17 mil aves morreram em Montenegro

A granja comercial, onde o foco de gripe aviária foi confirmado, contava com 17 mil aves em dois galinheiros, conforme o governo do RS. Em um, 100% das galinhas morreram, assim como 80% do outro. As outras foram abatidas como medida protetiva e o local passa por um processo de sanitização.

Granja produzia ovos férteis

O estabelecimento de Montenegro produzia ovos férteis. Agora, todos que foram produzidos por ela, mesmo antes da detecção do vírus, estão sendo rastreados para serem destruídos.

Número de aves mortas no Zoo de Sapucaia é atualizado

O número de aves que faleceram por H5N1 chegou a 90 no Zoo de Sapucaia e segue sendo atualizado, segundo autoridades em uma coletiva de imprensa na sexta-feira (16). Dentre elas, estão cisnes, marrecos e gansos.

Origem do vírus

Ainda não se sabe de onde surgiu o vírus que causou o foco de gripe aviária na granja, em Montenegro. Em coletiva de imprensa durante a tarde de sexta-feira, a coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola (Pesa), Ananda Kowalski, afirmou que estão sendo avaliadas todas as possíveis vias de entrada. “Aves silvestres, movimentação de pessoas, calçados, equipamentos, água ou insumos”, disse.

Exposição de aves na Fenasul é cancelada

As aves que estavam expostas na Fenasul Expoleite foram removidas e devem ter sido retornados em segurança aos criadores. A feira acontece no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

Reunião entre prefeitura de Sapucaia do Sul e governo do RS

Uma reunião entre a prefeitura de Sapucaia do Sul e o governo do Estado aconteceu na tarde de sexta-feira. O objetivo era discutir ações e protocolos após a confirmação de H5N1 em aves do zoológico da cidade.

Sete barreiras em Montenegro

No final da tarde de sexta-feira, foi anunciado que Montenegro contará com sete barreiras sanitárias a partir deste sábado (17), para controlar a circulação da gripe aviária.

Eventos com aves são suspensos

Todos os eventos com aglomeração de aves no RS foram suspensos pela Seapi, no final da tarde de sexta-feira. A medida visa reforçar a contenção da gripe aviária. 

Minizoo de Canoas é fechado

Como medida preventiva, o Minizoo de Canoas foi fechado temporariamente na sexta-feira. Até o momento, não há casos registrados de gripe aviária na cidade.

Impacto econômico

Economia de Montenegro

A economia de Montenegro pode ser duramente impactada pela detecção do foco. Isso porque a avicultura é um dos principais geradores de emprego da cidade, conforme a prefeitura do município. Em 2024, o setor movimentou aproximadamente R$ 65 milhões. 

Países suspendem compra de frangos brasileiros

No mesmo dia, a China suspendeu a compra de frangos brasileiros, após a confirmação do foco de H5N1, conforme o ministro da Agricultura Carlos Fávaro. Mais tarde, a União Europeia fez o mesmo.

A Argentina também suspendeu a compra da carne de frango brasileiros no início da noite. A suspensão vale por 60 dias, até o momento. 

Uruguai reforça vigilância sanitáira

O Uruguai reforçou a vigilância sanitária e orientou os produtores avícolas a reforçarem as medidas de biossegurança para evitar que a gripe aviária chegue ao país, no final da tarde de sexta-feira.

Exportação de frangos do RS é suspensa

Ainda no inicio da tarde de sexta-feira, o governo federal suspendeu toda exportação de carne de frango produzida no RS, seguindo os protocolos sanitários internacionais. Quanto ao que foi produzido e exportado até quinta-feira (15), continuam válidos.

Gripe aviária pode influenciar no preço dos ovos?

No início do ano, o preço dos ovos subiu nos Estados Unidos por conta de focos de gripe aviária, chegando a causar uma escassez do alimento em todo o país. E o mesmo pode vir a acontecer no Brasil. Isso porque há a necessidade de abater as aves após o foco ser registrado em um estabelecimento.

Já o ministro da Agricultura afirmou que o frango deve ficar mais barato, enquanto haverá excesso de ovos no mercado brasileiro. 

Gripe aviária em humanos

Há riscos para humanos?

O risco de infecção para humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo, segundo o Mapa. Na maioria das vezes, ele acontece entre tratadores ou profissionais que tenham contato direto com as aves infectadas, tanto vivas quanto mortas.

Isso é reforçado pelo virologista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade Feevale, que lembra que os sintomas de H5N1 são parecidos com H1N1 e Covid-19. “Não há motivo para alarme. É importante, em caso de suspeita, fazer testagem de laboratório”, afirmou.

Já quanto ao consumo de alimentos, não é preciso se preocupar, já que a H5N1 não é transmitida pela carne ou ovos. Assim, não há qualquer restrição ao consumo.

Pode haver uma pandemia de H5N1?

Ainda que possa passar para humanos, o H5N1 é diferente da Covid-19, já que não é transmitido de pessoa para pessoa e somente quem tem contato direto com animais infectados é infectado. Além disso, o vírus é altamente conhecido e estudado, tendo sido descoberto em 1999. Ambos diminuem as chances de uma pandemia de gripe aviária.