Porsche 911 GTS consegue ser eletrificado e mais analógico que o Carrera | Impressões

Foram três horas de pista, várias trocas de modelos e voltas pilotando e também no passageiro. Mas, depois de experimentar em excesso o Porsche 911 (não estou reclamando, afinal, que belo dia foi esse), ainda não entra na minha cabeça como conseguiram fazer uma versão eletrificada parecer mais analógica que uma menos tecnológica.

Na pista pudemos experimentar três sabores do Porsche 911: a versão de entrada Carrera, o absurdamente divertido Carrera T manual e o GTS híbrido. Só que o que a ficha técnica não revelou é que a pegada do Carrera e do GTS é muito mais distinta do que o layout de motores, mas de uma maneira inesperada.

O Carrera conta com motor 3.0 seis cilindros em linha turbinado com 385 cv e 45,8 kgfm de torque. No GTS, o motor deixou de ser biturbo para receber um turbo elétnico, mas o deslocamento do motor aumentou para 3.6 litros. Como resultado, temos 541 cv (61 cv a mais do que antes) e 62,2 kgfm de torque. 

Esse turbo elétrico funciona através da colocação de um motor elétrico entre a turbina e o compressor. Ele aproveita os gases de escape para carregar as baterias do sistema e é capaz de reduzir o turbolag singificativamente. Há também um motor elétrico na transmissão de dupla embreagem.

Por conta disso, a transmissão manual ficou restrita às outras versões, tendo como destaque o fato de ser item de série somente no Carrera T e no GT3 Touring. Na pista, dirigimos somente o Carrera T. E que foi diversão mais do que garantida com seu conjunto mais do que azeitado.

Carrera vs GTS

Parte da essência do Porsche 911 é ser um carro muito rápido, na mão e bem esportivo. Em ambas as versões, a direção é dura e bem rápida. Mas o GTS adiciona um toque a mais de agilidade por conta do eixo traseiro esterçante, o qual deixa a direção mais direta e a sensação de curva muda.

A frente aponta mais rápido, enquanto a traseira entra na curva com muito mais agilidade. No GTS, como é um carro mais apimentado e esportivo, ele tende a sair de traseira com um pouco mais de facilidade, mas os controles eletrônicos deixam você brincar um pouco e atuam antes que um erro aconteça. 

Só que o interessante é que o comportamento do GTS é mais visceral. Ele parece um carro mais analógico, mesmo sendo mais eletrônico. A intervenção da parte elétrica não é sentida, enquanto o motor 3.6 ronca muito mais alto, metálico e grosso na traseira do Porsche 911.

É impossível não se divertir ao fazer uma curva forte e sentir o carro na mão, controlado e com seus seis cilindros em linha roncando alto. O Carrera traz o equilíbrio, sendo mais contido, mas ainda assim rápido e divertido. Já o GTS é pensado para se divertir na pista e nas ruas, sendo mais arisco e visceral. 

Evoluções necessárias

Visualmente, a Porsche mudou pouco o 911. Afinal, o design do modelo é atemporal e vem sendo mudado sutilmente há muito tempo. Isso não é ruim se você é fã da marca, mas muita gente já enjoou — algo que eu devo discordar completamente. Afinal, é uma joia que vem sendo lapidado ao longo do tempo.

Por dentro, o Porsche 911 abandonou o conta-giros analógico combinado a duas telas por um painel de instrumentos totalmente digital de 12,6 polegadas. A mudança se deu pelo fato de que alguns instrumentos mais externos não eram vistos por conta do volante. Assim, o foco maior em uso em pistas exigiu o painel digital.

Outra alteração, mas que aí já não concordo, é a troca do manete de partida que imitava uma chave por um simples botão. Parte do charme do Porsche 911 é poder ligá-lo como se estivesse em um carro de corrida. Um botão padrão torna toda a experiência menos especial. 

Os botões abaixo da central multimídia variam de acordo com as funções do carro e opcionais escolhidos, sendo a inclusão desses atalhos mais do que bem-vinda. Além disso, o console central agora conta com carregador de celular por indução. Botões físicos para o ar-condicionado seguem lá como uma real necessidade. 

Veredicto

Se eu pudesse escolher um Porsche 911 para levar para casa, iria sem medo na versão GTS. É o equilíbrio perfeito entre boa performance, handling apurado, ronco estupidamente divertido e uma eletrificação que ajuda sem ser intrusiva. O 911 Carrera é muito divertido, mas ao experimentar o GTS você quer mais.

Independentemente de qual versão pode habitar sua garagem, o legado que o Porsche 911 construiu segue intacto. É um dos melhores esportivos vendidos na atualidade com o interessante adicional de ser um carro completamente usável no dia-a-dia.

Você teria um Porsche 911? Conte nos comentários. 

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