Reconhecimento facial nos estádios do Brasil: Bepass atende 70% da torcida brasileira

Em um mês, torcedores de futebol dos principais clubes do Brasil precisarão passar por reconhecimento facial para acessar seus estádios. A Bepass, uma startup que oferece a tecnologia, já capturou boa parte do setor.

São contratos fechados com estádios que abrigam nove dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro — seria o equivalente, em número de torcedores, a 70% do futebol brasileiro, segundo projeções da companhia.

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A Lei Geral do Esporte, aprovada em 14 de junho de 2023, determinou que todos os estádios com capacidade superior a 20 mil pessoas deveriam contar, em dois anos, com monitoramento por imagem das catracas e identificação biométrica. O prazo acaba no próximo dia 13 de junho.

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Uma das contribuições mais relevantes para este número veio em abril, quando a empresa fechou um contrato com a Neo Química Arena, do Corinthians, que tem a segunda maior torcida do País. Como a Bepass fez a implementação da tecnologia no Maracanã, onde joga o Flamengo, a empresa atenderá assim aos clubes que somam quase metade da torcida do Brasil.

Mas foi na casa do principal rival do Timão, o Allianz Parque, que a Bepass abriu caminho para se consolidar na liderança do mercado.

Em 2022, Ricardo Cadar havia acabado de sair do cargo de CEO de uma companhia de biometria para o setor de educação e abria a sua própria companhia: a Bepass foi fundada para desenvolver tecnologia de reconhecimento facial para prédios residenciais.

Acontece que o telefone de Cadar tocou.

“Nós pivotamos o negócio em menos de três meses para fazer projetos em estádios com essa oportunidade que surgiu lá no Palmeiras”, conta Cadar em entrevista ao InfoMoney.

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A empresa foi procurada pela diretoria do alviverde em 2022 para tentar resolver um problema de cambismo, mas teve como efeito benéfico secundário a redução em até 3 vezes no tempo de espera das filas. Em maio de 2023, antes da promulgação da Lei Geral do Esporte, todos os acessos ao estádio do Palmeiras — com exceção de camarotes — eram feitos por biometria facial.

Reconhecimento facial no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. (Foto: Divulgação/Bepass)

Cadar acredita que a legislação pode ter sido inspirada pelo negócio. “Nós meio que criamos um modelo de como é que a entrada em estádio a partir de agora deveria e poderia ser feita”, diz.

Hoje, além de Corinthians, Flamengo e Palmeiras, os estádios de Santos, São Paulo (em testes), Fluminense (Maracanã, o mesmo do Flamengo), Botafogo, Bahia e Grêmio têm tecnologia da Bepass nas catracas. O faturamento da Bepass é de R$ 22 milhões ao ano.

Dados para ações dos clubes

Quando um torcedor compra o seu ingresso, ele faz o cadastro de uma foto no sistema que cuida da bilheteria online do clube. Essa foto é registrada e, quando ele vai passar a catraca, os dados capturados pela câmera são cruzados com aqueles do banco de dados do clube. Aí, se a pessoa estiver registrada, é só entrar.

Segundo Cadar, o reconhecimento facial acaba se tornando uma espécie de ferramenta para o marketing dos clubes, que passam a ter registros da frequência dos torcedores no estádio e podem adaptar campanhas e ações de vendas.

Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), o tratamento de dados pessoais sensíveis pode ser feito quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas.

O executivo argumenta que o uso das informações pelo clube não fere a LGPD, já que as plataformas de vendas de ingresso pedem autorização para o uso específico dos dados, seja para a entrada nos estádios ou para campanhas.

Novos negócios e expansão internacional

Cerca de 80% do faturamento da Bepass vem dos contratos fechados com estádios e arenas esportivas, mas a empresa já atua na linha de eventos, como no Rodeio de Barretos.

“Outra vertical que temos pensado bastante e estamos começando a explorar é a de saúde. Tendo em conta a quantidade de pessoas que passam pelos hospitais, é algo que achamos interessante explorar para o segundo semestre do ano”, conta Cadar.

Ainda para o segundo semestre, a empresa espera expandir negócios da sua linha de estádios em novas regiões na América do Sul, Estados Unidos e Europa. “O mercado americano, especialmente, é um mercado que nos interessa muito, e nós vamos já, a partir do segundo semestre”, afirma o executivo.

Embora não confirme quais negócios estão em curso, o executivo diz que a empresa procura contatos em ligas como a MLB (baseball), NFL (futebol americano), MLS (futebol) e NBA (basquete).

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