Sonhos no tatame: Conheça projeto que ensina karatê de forma gratuita e quer levar jovens para competição nacional

Uma pequena sala na Praça da Juventude, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, é cenário de um projeto social que transforma a vida de crianças, adolescentes e adultos. Há 8 anos, o tatame recebe atletas pelo menos três vezes por semana. As atividades de karatê são conduzidas pelo sensei Gilnei Machado, de 62 anos, sendo 51 deles com vivência nas artes marciais.

Projeto Dojo Praça da Juventude transforma vidas | abc+



Projeto Dojo Praça da Juventude transforma vidas

Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

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O sensei, que foi militar da força aérea, compartilha suas experiências de forma totalmente voluntária. E nem mesmo as adversidades, como a enchente em que perdeu quase tudo o que tinha dentro de casa, o fizeram desistir. 

“Perdi muita coisa na enchente. Moro no bairro Santo Afonso e com a casa alagada fiquei abrigado um tempo na Fenac. Mas nunca desisti do projeto. Ele muda a vida destes jovens, tenho dois alunos com faixa preta que chegaram nesta posição pelo projeto. Praticando eles ficam longe de coisas ruins. E como a profissão de professor de arte marcial foi regulamentada fico feliz de saber que eles já terão uma profissão, terão um caminho a seguir”, diz Gilnei.

E é justamente este o nome da iniciativa de Machado. O termo em japonês Dojo tem como tradução: “lugar do caminho”. Um dos atletas que com a faixa preta no Dojo Praça da Juventude e que trilha este novo caminho é o Davi Rodrigues, 17. O jovem da Santo Afonso começou a praticar karatê pelo projeto aos 8 anos. Ele entrou nas aulas para vencer a situação de bullying que vivia. 

Sabrina, Gilnei e Davi | abc+



Sabrina, Gilnei e Davi

Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

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“A arte marcial é a minha vida. É disciplina, um caminho a seguir. Eu entrei no karatê porque era gordo e sofria bullying. Aprendi a me defender, não pela violência, pelo caminho da retidão. Fui cuidando de mim e minha vida mudou. Hoje tenho amigos, sou faixa preta e tenho muita responsabilidade. Se a condição financeira me permitir, quero ser um mestre, assim como o meu. Quero viver do karatê”, conta Davi.

Para a Sabrina Francine de Oliveira, 19, o amor pela arte marcial veio da família. “Meu irmão fazia arte marcial, eu via filmes sobre isso. E quando eu tive a oportunidade de fazer karatê, agarrei e não parei mais. O karatê é o que me mantém firme. Me imagino no futuro abrindo minha academia. Quero dar aulas, seguir os passos do mestre”, ressalta Sabrina, que trabalha como Jovem Aprendiz pela manhã e utiliza suas tardes durante a semana, além dos sábados, para treinar.

As aulas contam com alunos de diferentes idades. A Melissa Miranda da Silva é a mais nova da turma, tem 6 anos. “Eu aprendo muitos movimentos, gosto muito de lutar. Também gosto do professor e dos meus colegas”, ressalta a menina.

Campeonato nacional 

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Projeto Dojo Praça da Juventude transforma vidas

Foto: Juliana Nunes/GES-Especial

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Para alcançar estes sonhos é preciso, claro, passar pelos campeonatos da modalidade. Uma grande oportunidade será em julho, nos dias 4,5 e 6, na competição nacional que ocorre em Balneário Camboriú (SC). Todas as atividades do projeto são feitas de forma voluntária pelo sensei e com apoio dos familiares dos alunos. 

Para o campeonato será necessário o auxílio do governo municipal. A solicitação foi encaminhada em março, mas não houve retorno. Enquanto o apoio não vem, é possível colaborar de forma direta. Empresas, instituições ou pessoas que desejem contribuir com o investimento para a delegação, que inclui  passagens, hospedagem e alimentação, o contato é: (51) 8325-2131 (Gilnei Machado).

Apoio das famílias

O apoio das famílias é fundamental. A assistente social Melina Rodrigues de Oliveira, 41, acompanha os filhos Davi e Sara. “Pensando em Santo Afonso, são crianças com altíssima vulnerabilidade social e o karatê tira estes jovens de um contexto de muita dor. Quando se pensa em um campeonato nacional é o suprassumo”, diz Melina que participa das atividades com o marido e torce também pelos enteados. O analista de sistemas e empresário Wagner Samuel de Oliveira, 43, é pai de 2 atletas, o Guilherme, que faz judô, e o Raphael, que pratica judô e fez neste sábado (17), uma aula experimental de karatê.

“Eu também luto, comecei no judô com 39 anos. A arte marcial é uma filosofia, ela traz equilíbrio, força, coordenação. É um conjunto, é corpo e mente”, completa Wagner.

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