WHG Asset: Trump errou com a China, EUA sofreram e agora ele tenta uma saída honrosa

A inteligência artificial não é apenas uma nova fronteira tecnológica: ela está se consolidando como o principal campo de batalha na disputa geopolítica e econômica entre Estados Unidos e China. Essa foi a visão compartilhada por Daniel Leichsenring, novo CIO da WHG Wealth e ex-economista-chefe da Verde Asset, durante participação no programa Stock Pickers, ao lado de Andrew Reider, o “brasileiro-americano” fundador da WHG Asset.

Ao comentar a tentativa do governo americano de impor tarifas mais duras sobre a China nos últimos anos, Leichsenring apontou que a própria estrutura produtiva das grandes empresas americanas limita a eficácia dessa estratégia. “Grande parte do valor gerado pelo iPhone, por exemplo, fica nos Estados Unidos, mas sua produção ocorre fora do país. Isso reflete a lógica de maximização de lucro da economia americana”, afirmou. Para ele, pressionar esse modelo com tarifas severas seria contraproducente: “Você começa a destruir a geração de valor, os doadores de campanha e até o equilíbrio institucional do país.”

  • Leia também: Alta de juros e Trump podem abrir oportunidades em mercados turbulentos, diz gestor
  • E mais: Legacy: Contra dólar, parcela do ouro nas reservas internacionais é a maior no século

EUA seguem com vantagens estruturais

Segundo ele, no entanto, os Estados Unidos seguem com vantagens estruturais difíceis de replicar: um ecossistema vibrante de inovação, universidades de ponta, capital de risco abundante e um histórico de empreendedorismo bem-sucedido.

Embora a China tenha vantagens como o controle de grandes volumes de dados e um ambiente empreendedor agressivo, Leichsenring pondera que o próprio modelo chinês pode ser um entrave para a inteligência artificial. “Os dados chineses são organizados, mas centralizados pelo Partido Comunista. Isso levanta questões de confiança sobre os produtos de IA que vêm de lá”, afirmou. Na visão dele, a descentralização americana permite o desenvolvimento de soluções mais confiáveis e com maior potencial de adoção global.

Andrew Reider, por sua vez, adotou uma visão mais cautelosa, destacando o fenômeno recente do “excepcionalismo americano”, impulsionado pelo avanço da IA. “Vivemos uma fase muito pró-EUA desde o fim de 2022, que se intensificou com o boom da inteligência artificial. Mas isso também gerou uma bifurcação nos mercados: tudo que não era IA ou um tema secular sofreu — e muito”, disse.

Além da tecnologia, o episódio também mergulhou no cenário político internacional. Andrew Reider destacou a recente mudança de postura de Donald Trump com relação à China, num movimento que chamou de “Trump put” — uma referência ao momento em que o ex-presidente tenta reverter impactos negativos no mercado com declarações conciliadoras.

“O Trump errou. E entendeu que errou. Quando ele percebeu o efeito das tarifas sobre a Bolsa e sobre sua base, começou a ajustar a retórica”, disse Reider. A reaproximação incluiu a suspensão temporária de tarifas por 90 dias, sinalizando uma tentativa de saída honrosa. “Nos Estados Unidos, o mercado acionário está diretamente ligado à poupança das famílias. Quando a Bolsa sofre, o americano sente no bolso”, explicou.

Leia também

Trump diz que EUA vão definir tarifas para outros países “nas próximas semanas”

Trump declarou que há “150 países querendo fechar um acordo”, e que os países notificados “poderão recorrer”, sem detalhar como funcionaria esse processo

Estreia pública de Leichsenring

O episódio do podcast também marcou a estreia pública de Leichsenring no novo cargo. Em seu segundo dia de trabalho na WHG Wealth, o economista revelou os bastidores da transição e o que motivou sua mudança. “Foram 22 anos trabalhando com economia. Eu queria explorar outras dimensões da minha carreira. Cogitei até abrir um fundo. Mas esse convite chegou no momento certo”, contou.

A contratação é vista como uma aposta estratégica da WHG num momento em que a maioria das gestoras tem retraído investimentos. “Estamos num momento em que muitos gestores estão se retraindo, mas a gente decidiu ir para o ataque e trazer alguém com qualidade e experiência”, afirmou Reider. Segundo ele, a WHG já soma mais de R$ 50 bilhões sob gestão no braço de wealth e está prestes a atingir R$ 5 bilhões na Asset. “É uma evolução natural”, disse.

Com a chegada de Leichsenring, Andrew passa a se dedicar exclusivamente à asset, enquanto o novo CIO lidera a área de gestão patrimonial.

The post WHG Asset: Trump errou com a China, EUA sofreram e agora ele tenta uma saída honrosa appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.