Músicas para Bolsonaro voltam a viralizar um ano antes das eleições

Um ano antes da eleição presidencial, as “músicas de Jair Bolsonaro” voltaram a viralizar em pesquisas na internet. Os apoiadores do ex-presidente começam a se mobilizar para a produção e divulgação de paródias musicais que exaltam o político de direita.

Em uma simples pesquisa em sites de busca on-line com os termos “músicas” e “bolsonaro”, vários resultados levam a canções que promovem Jair Bolsonaro (PL). Algumas delas são da eleição de 2022 e pedem votos ao político, mas já existem novas produções disponíveis.

Em sua maioria, as músicas exaltam as recentes manifestações pró-anistia, outros políticos com posicionamentos semelhantes ao do ex-presidente, como Nikolas Ferreira, e a resiliência de Bolsonaro diante das recentes cirurgias no intestino. Além disso, muitas das canções trazem críticas ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Bolsonaro em ato pró anistia

Bolsonaro em ato pela anistia
Jair Bolsonaro em manifestação em Brasília
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Jair Bolsonaro

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

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Bolsonaro em ato pró anistia

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

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Bolsonaro em ato pela anistia

KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo

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Jair Bolsonaro em manifestação em Brasília

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

Em entrevista ao Metrópoles, o cientista político Rócio Barreto explica que as canções produzidas por apoiadores tomaram o espaço dos antigos jingles de campanha.

“Com a proibição dos comícios, com shows de grandes artistas, e com o avanço tecnológico, o aproveitamento dessas músicas nas plataformas digitais ganhou um movimento maior. É possível dizer, sim, que os hits antes tocados nos jingles foram trocadas pelas paródias nas redes sociais”, analisou.

Como são produzidas as paródias?

Nas plataformas musicais, centenas de músicas apoiando Jair Bolsonaro estão disponíveis. O Metrópoles conversou com Fábio Dub, criador digital que se apresenta como compositor de músicas do Bolsonaro no Instagram, para entender como funciona o movimento

Com mais de 224 mil seguidores, o influencer foi o criador da paródia Volta Bolsonaro, que viralizou na última eleição, foi reproduzida por Neymar Jr. e até mesmo por Michelle Bolsonaro. Segundo Fábio, cerca de 250 plataformas recebem as músicas criadas por ele e também de outros influenciadores.

“Existe uma empresa que fica responsável por distribuir as paródias. A gente sobe as músicas gratuitamente na plataforma que realiza esse lançamento para o streaming musical”, revelou.

Mesmo com a grande quantidade de produções, o influenciador explicou que não costuma ser remunerado pelas paródias. “Eu não ganho dinheiro com as músicas no Instagram. Às vezes pinga R$ 100 ou R$ 200 de algumas paródias disponíveis nas plataformas musicais, mas é muito raro.”

Segundo Fábio Dub, as inspirações das paródias vêm do contexto atual do Brasil. Para a produção, ele utiliza apenas o telefone, o notebook e alguns playbacks comprados na internet. Com as produções, ele conta com vídeos que superam a marca de 2 milhões de visualizações.

“É uma forma de reivindicação popular através da arte e da paródia. Com meu conteúdo, já vi pessoas mudando de lado. A sensação é muito boa”, celebrou.

Paródias musicais medem popularidade?

“Hoje não existem mais candidatos sem redes sociais, fora do digital” – Rócio Barreto

Com o aumento do consumo musical nas plataformas digitais, as paródias movimentam vários internautas pelo Brasil. Mesmo assim, o cientista político Rócio Barreto prega cautela em relação ao quesito medição de popularidade relacionado ao número de reproduções.

“As paródias podem ser usadas como termômetro para avaliar a popularidade dos candidatos com as pessoas, porém muitas pessoas não usam redes sociais e ainda votam. Utilizar só as plataformas digitais para mensurar a popularidade de um candidato não é o suficiente, mas dá para fazer um bom levantamento”, explicou.

Além disso, ele destaca a importância dos movimentos orgânicos dos apoiadores.

“Esses movimentos das paródias mostram que as pessoas estão ali batalhando por uma causa de forma natural. A gente vê o movimento bolsonarista mais expressivo neste sentido, com grupos mais populosos e organizados. Porém, é preciso mobilizar uma totalidade de eleitores. A direita sai na frente, mas as manifestações não podem se limitar sempre ao mesmo grupo.”

Paródias são ilegais?

No Spotify e no Deezer, há uma grande oferta de músicas em apoio a Jair Bolsonaro. No YouTube, esse volume é ainda maior. Como essas produções seguem as regras das plataformas, não há impedimentos legais para que paródias políticas estejam disponíveis nos streamings.

Os estilos são variados: funk, lambada, arrocha, pisadinha, forró e até marchinha de carnaval.

Apesar de não serem proibidas nas plataformas, as canções parodiadas não podem ser utilizadas livremente nas campanhas eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2024, proibiu a utilização das paródias de músicas em jingles políticos sem autorização dos compositores originais (Resolução nº 23.732/2024).

Em uma das audiências públicas realizadas pelo TSE sobre a resolução, a cantora Marisa Monte defendeu a proibição das paródias sem autorização em campanhas políticas.

“Uma tortura moral, psicológica, e venho aqui expressar essa preocupação da classe. A nossa sugestão é que seja direito do autor impedir que sua obra seja usada através de paródia em jingles eleitorais”, disse Marisa durante a intervenção.

Sem alterações na lei, a tendência é que a proibição em propaganda eleitoral siga valendo para as eleições de 2026.

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