Corte da Moody’s expõe alerta na política fiscal nos Estados Unidos, diz economista

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Após a Moody’s retirar o triplo A da nota de crédito dos Estados Unidos, somando-se às agências S&P e Fitch, o alerta sobre a sustentabilidade da política fiscal americana voltou ao centro do debate entre economistas e investidores. A medida, embora simbólica, acende luz amarela sobre o crescimento da dívida pública e os riscos associados ao financiamento do governo norte-americano no longo prazo.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o movimento é mais um sinal de que os EUA já não são a “ilha de prosperidade” de décadas atrás. “Na prática, o que as agências estão dizendo é: há um risco aqui, se vocês não mudarem a condução da política fiscal, o custo da dívida vai continuar subindo”, afirma o economista.

Estados Unidos: dívida crescente e juros pressionam o rating

A dívida pública americana disparou nos últimos anos, em parte impulsionada por pacotes de estímulo e sucessivas rodadas de corte de impostos sem compensações em despesas. Com os juros em alta — e o rendimento dos títulos de 10 anos já negociando a 4,52% e os de 30 anos acima de 5% —, o custo de rolagem dessa dívida se tornou um ponto sensível no balanço fiscal do país.

Agostini alerta que há uma percepção no governo americano de que o financiamento da dívida seria “infinito”, mas que esse entendimento está sendo posto à prova. “Os Estados Unidos continuam fortes, mas não estão mais sozinhos. O mundo está mais diversificado, os investidores estão mais atentos, e a China já demonstra poder de barganha, inclusive vendendo ativos americanos”, explica.

Diversificação de moedas e globalização do risco

O cenário atual aponta para uma reorganização do fluxo financeiro internacional. Com o crescimento de economias emergentes — como China, Índia e outros países asiáticos —, a demanda por diversificação de ativos e moedas tende a ganhar força.

Não é que os EUA deixaram de ser referência, mas há uma nova geopolítica em curso. Os portfólios vão continuar ajustando sua exposição ao risco global e não estarão mais exclusivamente ancorados nos Estados Unidos”, pontua Agostini.

Ele acrescenta que o alerta das agências é mais uma etapa desse realinhamento: “Não veremos um movimento imediato de fuga dos ativos americanos, mas o mercado vai continuar reagindo a esses sinais. O mundo está financeiramente globalizado e a hegemonia americana já está em fase de transição”.

Cenário global exige responsabilidade fiscal dos Estados Unidos

O economista da Austin Rating destaca que o rebaixamento da nota não representa um colapso na confiança, mas um chamado à responsabilidade. “É um alerta. Ainda há credibilidade nos EUA, mas ela tem preço. Se o Congresso americano continuar a ampliar o gasto sem ajustes na arrecadação ou no controle fiscal, esse custo será repassado ao mercado — e, consequentemente, à economia real”, conclui.

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