Gotinha: cantor com 4 milhões de seguidores faz tributo a traficante

O cantor e compositor Salvador da Rima, um dos nomes mais populares do rap e funk nacional, participou no último sábado (17/5) de uma carreata em homenagem a Daniel Falcão dos Santos, o Gotinha, morto em operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no Morro do Timbau, Complexo da Maré, zona norte do Rio.

Salvador, que acumula mais de 4 milhões de seguidores no Instagram, publicou uma foto em frente a um muro pichado com os dizeres: “Saudade eterna TH, Carlinho e Gotinha” — referência a três traficantes mortos na mesma ação policial. A imagem foi interpretada por internautas como um gesto de apoio ou reverência ao grupo.

A carreata reuniu dezenas de motociclistas e veículos de luxo na Via B Três, uma das principais avenidas da Maré. Vídeos publicados por influenciadores e moradores mostram uma espécie de cortejo improvisado, com manobras, buzinaços e música em volume alto. Beatriz, apontada como namorada de Gotinha, compartilhou registros emocionados da homenagem: “Será sempre lembrado”, escreveu ela.

O confronto
Daniel Falcão, conhecido como Gotinha, era considerado segurança pessoal de Thiago da Silva Folly, o TH da Maré, líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP) morto na mesma operação. Segundo o Bope, os dois estavam escondidos em um bunker no Morro do Timbau quando foram localizados. Houve confronto. Além de TH e Gotinha, outro homem, identificado como Carlin, também foi morto.

Imagens que circularam nas redes sociais mostraram que o caixão de Gotinha permaneceu fechado durante o velório, realizado na quarta-feira (14/5), devido à destruição provocada pelos tiros. O enterro, acompanhado por dezenas de pessoas, teve grande repercussão entre moradores da comunidade e nas redes sociais, onde o traficante já acumulava mais de 100 mil seguidores, número que aumentou após sua morte.

O artista
Nascido em São Paulo, Gabriel Salvador, o Salvador da Rima, tem 23 anos e se tornou conhecido por músicas que misturam funk e rap com mensagens sociais e relatos da vida na periferia. Ele ganhou projeção nacional com a faixa “Cracolândia”, em parceria com DJ Alok, e com o hit “Vergonha pra mídia”, ambos com milhões de visualizações.

Apesar do tom combativo e crítico à desigualdade social, a presença do artista em uma homenagem a criminosos chamou atenção pela ambiguidade entre a denúncia e a romantização da realidade do crime.

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