Novo filme brasileiro é aclamado por críticos na estreia em Cannes

O Agente Secreto, estrelado por Wagner Moura e dirigido por Kleber Mendonça Filho, conquistou a crítica internacional após sua estreia no Festival de Cannes nesse domingo (18/5). O longa-metragem brasileiro não apenas recebeu 13 minutos de aplausos durante o evento – a maior duração do festival até o momento – como também tem sido exaltado por críticos de cinema de renomados veículos internacionais que assistiram à obra em primeira mão.

A produção brasileira concorre à Palma de Ouro em Cannes, uma das maiores honrarias do cinema mundial, e já demonstra seu potencial com a nota 86 no Metacritic, site que agrega críticas de cinema e televisão. O filme também impressionou os jurados do festival francês, obtendo média 3,67/5, a maior entre os filmes concorrentes exibidos até agora.

Trama ambientada na ditadura militar

O longa dirigido por Kleber Mendonça Filho acompanha a vida de Marcelo, interpretado por Wagner Moura, um especialista em tecnologia que retorna a Recife após anos fora em busca de paz. Ao chegar à sua cidade natal, ele descobre que o local esconde perigos e segredos inquietantes. A narrativa se desenvolve em meio à ditadura militar brasileira, no ano de 1977, explorando tensões políticas e sociais do período.

Cena de Agente Secreto, filme de Kleber Mendonça Filho - Metrópoles
Kléber Mendonça Filho e Wagner Moura em gravação de O Agente Secreto

O elenco do filme conta com nomes de peso do cinema nacional, incluindo Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Alice Carvalho, Carlos Francisco. Os atores brasileiros dão vida a esta história que mistura suspense e crítica social, características marcantes do trabalho do diretor pernambucano.

Elogios da crítica internacional

O thriller político de Mendonça Filho foi descrito como “magistral” pelo crítico David Rooney, da The Hollywood Reporter, que destacou como o filme consegue ser “emocionante” a partir de momentos de “humor anárquico em meio a um suspense genuíno”. O crítico também relatou uma experiência cinematográfica única que transcende fronteiras culturais.

A capacidade do diretor brasileiro de transportar o público no tempo “com seu calor opressivo e paranoia” foi um dos pontos altos mencionados por Peter Debruge, da Variety. O crítico também observou que Mendonça Filho demonstra no filme como “até mesmo os piores momentos podem inspirar uma espécie de nostalgia perversa”, revelando camadas de complexidade na obra.

Elenco de O Agente Secreto no tapete vermelho do Festival de Cannes - Metrópoles
Equipe de O Agente Secreto no tapete vermelho do Festival de Cannes

O Agente Secreto “não é uma história de espionagem convencional e é ainda mais fascinante por isso”, destacou Matt Neglia, do Next Best Picture. Para o crítico, a mensagem contundente por trás do filme e as escolhas ousadas para a narrativa “fazem dela um capítulo da história que vale a pena explorar”, evidenciando a relevância da obra no contexto cinematográfico atual.

Abordagem de temas sociais brasileiros

A produção dirigida por Kleber Mendonça Filho foi elogiada por Carlos Aguilar, de The Playlist, como um “épico tematicamente rico” que aborda as “nuances culturais desafiadoras da relação entre o Norte e o Sul do Brasil”. O crítico também destacou que o filme “explora as cicatrizes persistentes do racismo presentes no país desde os tempos coloniais”.

O trabalho do cineasta pernambucano recebeu elogios de David Ehrlich, da IndieWire, que afirmou que Mendonça Filho “exuma o passado como base para uma história puramente ficcional e, ao fazê-lo, articula como a ficção pode ser ainda mais valiosa como veículo para a verdade do que como ferramenta para encobri-la”.

O filme brasileiro segue sua jornada no Festival de Cannes com grandes expectativas após a calorosa recepção inicial. Com sua mistura de suspense político, crítica social e abordagem histórica, O Agente Secreto não apenas representa o cinema nacional em um dos mais prestigiados festivais do mundo, mas também reafirma a capacidade do diretor Kleber Mendonça Filho de criar obras que dialogam com questões universais a partir de uma perspectiva genuinamente brasileira.

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