Procon-SP e mercado acendem alerta sobre fusão Azul-Gol em meio a riscos financeiros

Gol e Azul

Fusão entre as companhias enfrenta desafios financeiros e preocupação com o impacto para os passageiros (Eric Ribeiro/M&E)

A tão falada fusão entre as companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) enfrenta um momento delicado, com riscos que vão desde dificuldades financeiras até preocupações sobre o impacto para os consumidores. O cenário preocupante vem ganhando destaque tanto no mercado financeiro quanto nas discussões regulatórias.

No campo financeiro, a Azul avalia buscar novo financiamento e reestruturar sua dívida, inclusive com a possibilidade de pedir recuperação judicial nos Estados Unidos — o chamado Chapter 11. Essa possibilidade foi destacada pelo Bradesco BBI, que alerta para o risco de atraso ou até mesmo o cancelamento da fusão.

Embora a Azul tenha levantado recentemente R$ 600 milhões e possa acessar cerca de R$ 2 bilhões em crédito garantido pelo Fundo de Garantia à Exportação, o futuro da operação ainda é incerto. Por outro lado, a Gol já está em processo de recuperação judicial e anunciou a captação de US$ 1,9 bilhão para viabilizar sua saída desse regime, mas seu CEO, Celso Ferrer, indica que o grupo pode buscar fortalecer a Gol independentemente do acordo com a Azul.

Paralelamente, a fusão também provoca inquietação no campo do direito do consumidor. O Procon-SP, em parceria com a USP de Ribeirão Preto, está finalizando um relatório que avalia os possíveis impactos negativos da união das empresas sob a ótica dos passageiros. Entre as preocupações levantadas em audiência pública recente estão o aumento das tarifas aéreas, a redução da oferta de voos — especialmente em cidades menores e regiões periféricas — e a concentração de “slots” (direitos de pouso e decolagem) que poderia dificultar a entrada de novas concorrentes no mercado.

Especialistas recomendam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) conduza uma análise rigorosa da fusão, incluindo a aplicação de remédios regulatórios, revisão das políticas de preços e a liberação da cabotagem para estimular a concorrência. O relatório produzido pelo Procon-SP e pela USP será entregue às autoridades competentes, como o Cade e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), para fundamentar futuras decisões regulatórias.

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