Dados são o novo combustível do turismo, afirma vice-presidente do WTTC

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Virginia Messina, VP do WTTC

RIO DE JANEIRO – Durante o segundo dia do Visit Brasil Summit, promovido pela Embratur, Virginia Messina, vice-presidente executiva do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), reforçou o papel central dos dados na transformação e no crescimento sustentável do setor de turismo global. Em sua apresentação, Messina destacou que “sem dados, não há gestão eficaz”, e que a capacidade de coletar, analisar e aplicar informações em tempo real está redesenhando o presente e o futuro do turismo mundial.

A executiva destacou que gigantes da tecnologia como Google e IBM, ainda que não atuem diretamente no setor, são parceiros estratégicos do WTTC por contribuírem com insights valiosos sobre o comportamento de viajantes. “Com os dados, conseguimos entender, por exemplo, para onde os turistas estão indo, o que buscam e como estão gastando, tudo em tempo real. Isso muda completamente nossa capacidade de planejar e agir”, disse.

Segundo ela, o modelo econômico desenvolvido pelo WTTC em parceria com a Oxford Economics, que mede o impacto direto, indireto e induzido do turismo, aponta que o setor contribuiu com US$ 10,9 trilhões para a economia global em 2024, cerca de 10% do PIB mundial. A projeção é de que esse valor ultrapasse US$ 11,7 trilhões ainda este ano, mesmo diante de incertezas econômicas e geopolíticas.

Messina também destacou que o turismo global tem crescido de forma consistente após a pandemia. O gasto de visitantes internacionais em 2024 já superou em 9% os níveis pré-Covid. No Brasil, o cenário é igualmente otimista: o setor representa 7,7% do PIB nacional e já está 10,7% acima dos níveis de 2019.

“Dados mostram que um em cada 13 empregos no Brasil vem do turismo. São cerca de 8 milhões de pessoas, muitas delas mulheres e jovens. Aliás, o país se destaca globalmente por ter uma média de empregabilidade feminina e juvenil acima da média mundial no setor”, afirmou.

A executiva enfatizou o potencial do turismo doméstico brasileiro, responsável por 94% da contribuição econômica do setor no país. Contudo, ela argumenta que há uma grande oportunidade de crescimento ao atrair mais visitantes internacionais, e que para isso, dados sobre origens, preferências e padrões de consumo são fundamentais para embasar decisões estratégicas.

Além do viés econômico, Messina trouxe à tona a importância de mensurar os impactos ambientais e sociais da atividade turística. Segundo dados de 2023, o setor é responsável por 6,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, uma proporção menor que sua contribuição ao PIB, o que indica uma crescente eficiência ambiental. No entanto, ela foi categórica: “Precisamos focar na redução absoluta das emissões, não apenas na intensidade por dólar gerado.”

Nesse sentido, ela apontou o transporte, especialmente aéreo, como o maior desafio para a descarbonização, representando 40% das emissões do setor. Ela destacou a importância de investir em combustíveis sustentáveis, como o SAF (Sustainable Aviation Fuel), ainda de produção escassa e custo elevado. “O futuro do turismo sustentável passa pelo investimento em inovação e pelo uso inteligente dos dados”, frisou.

Virginia também apresentou a iniciativa Sustainability Basics, criada para ajudar pequenos empreendimentos, especialmente hotéis familiares, a adotarem práticas sustentáveis de forma simples e prática. “Desenvolvemos 12 passos básicos que qualquer hotel pode implementar, com foco ambiental, social e de governança. Já são 7 mil hotéis participantes no mundo todo”, informou.

A apresentação terminou com uma defesa contundente do uso de dados para lidar com os desafios do turismo contemporâneo, como o chamado “overtourism” (excesso de turistas em destinos populares). “A solução não é limitar o número de visitantes, mas sim gerenciar os fluxos. Com dados em tempo real, conseguimos redistribuir turistas, ajustar a oferta e proteger comunidades locais sem perder competitividade”, concluiu.

O painel de Virginia Messina deixou claro: o futuro do turismo será guiado não apenas por belas paisagens, mas por inteligência, planejamento e decisões baseadas em dados sólidos. E o Brasil, com sua vasta diversidade natural e cultural, tem tudo para liderar essa transformação, desde que saiba usar a informação como ferramenta estratégica.

*O M&E viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e proteção GTA

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