DENGUE: Após primeiras mortes na região, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul preparam estratégias para conter a doença

A morte do jovem de 25 anos em decorrência da dengue no dia 4 de maio em Novo Hamburgo, reacendeu o alerta acerca da doença na região. A causa foi divulgada na manhã de terça-feira (20) e, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), o rapaz, que não teve a identidade revelada, não havia saído do Rio Grande do Sul.

Morte por dengue em Novo Hamburgo liga o alerta da comunidade  | abc+



Morte por dengue em Novo Hamburgo liga o alerta da comunidade

Foto: Ministério da Saúde

Ou seja, o caso é considerado autóctone, quando é contraído no próprio local onde o individuo reside. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Novo Hamburgo, relatou que a vítima era portadora de doenças congênitas crônicas, além de ter comorbidades.

Morador do bairro Canudos, ele foi diagnosticado por meio de um teste rápido e recebeu assistência médica na rede municipal. A doença acabou evoluindo para uma hepatite aguda viral fulminante, causando o óbito.

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Essa foi a 21ª morte por dengue confirmada pela SES em 2025 e a primeira em Novo Hamburgo. Outros municípios também registraram óbitos: Porto Alegre (9), Viamão (3), Alvorada (2), Canoas (1), Cachoeira do Sul (2), Aratiba (1), Erechim (1) e Estrela (1).

Dados da SES mostram que o Estado registrou 20.924 casos de dengue até a terça-feira, 20ª semana epidemiológica. No mesmo período de 2024, eram 195.501 casos, significando uma redução de 89,2% em um ano.

Casos em 2025

O município com maior número de casos confirmados em 2025 é Viamão, na região metropolitana, com 5.693 confirmações. Na sequência aparecem Porto Alegre (2.846), Alvorada (2.259) e Novo Hamburgo (1.668).

Apesar de números ainda altos, Novo Hamburgo apresenta redução de 86,8% em relação ao mesmo período de 2024. “Considero uma soma de fatores. Maior cuidados das pessoas, reforço das estratégias das equipes de saúde e mudanças climáticas”, avalia a secretária da Saúde, Betina Espindula.

A secretária reitera a necessidade de manter os cuidados, mesmo com a redução drástica. “ Embora o sinal esteja muito mais tranquilo, não é o momento de descuidar. São alguns dias de chuvas e a meta é evitar o acúmulo de água parada.”

Dos dez municípios com mais casos, cinco são da região. Além de Porto Alegre e Novo Hamburgo, também estão no ranking: Gravataí (452), Cachoeirinha (417), Sapucaia do Sul (726) e Canoas (452). Já São Leopoldo tem apenas 46 casos confirmados neste ano.

Testagem e receptividade em Novo Hamburgo

Em Novo Hamburgo todas as unidades de saúde do município contam com testes rápidos para dengue. Conforme a titular da SMS, a procura tem sido grande. “A população está assustada.”

No entanto, nem todos serão testados. “As equipes levam em conta alguns critérios, como os sintomas, o tempo que eles começaram, é feita uma análise clínica. A decisão é final é da equipe médica.”

Betina Espindula  | abc+



Betina Espindula

Foto: Juliano Piasentin/ GES-Especial

Questionada sobre a receptividade nas casas hamburguenses, Betina afirma que está cada vez melhor. “As pessoas estão entendendo a importância da prevenção. Trabalhamos também a partir da escola, para que os alunos levem novos conhecimentos para os pais e responsáveis.”

A secretária destaca ainda o trabalho em parceria com as floriculturas da cidade, evitando o acúmulo de água parada nos estabelecimentos. “Pedimos também que a população cuide quando vá colocar flores nos cemitérios.”

O trabalho de prevenção conta ainda com a parceria da Secretaria de Obras. “Quando um terreno de possível foco de dengue é identificado, chamamos a Secretaria para efetuar a limpeza.” Betina elogia igualmente equipes da SMS. “Agentes de endemias estão trabalhando incansavelmente, assim como agentes de saúde.”

Método natural para afastar a dengue

Betina anunciou que Novo Hamburgo será uma das primeiras cidades do Estado a terem implementadas a nova tecnologia para o controle da dengue. Trata-se do Método Wolvachia.
O mecanismo consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti, reduzindo a capacidade de transmitir o vírus da dengue.

A bactéria é encontrada em aproximadamente 60% dos insetos, mas não ocorre naturalmente no Aedes. Quando introduzida nesse mosquito, ela impede que o vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.

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“Os mosquitos infectados com o Wolbachia serão liberados em Novo Hamburgo, se reproduzindo com os mosquitos locais e formando gradualmente uma nova população”, explica a secretária.

Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo. Além de Novo Hamburgo, Canoas, Gravataí e Pelotas também terão o método implementado. “O laboratório deverá ficar em Canoas, então vamos buscá-los”, completa Betina.

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Sapucaia sem morte contabilizada pelo Estado

Sapucaia do Sul contabiliza uma morte por dengue em 2025. Trata-se uma mulher de 48 anos, que estava internada no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) e era moradora do bairro São José.

Ela faleceu no dia 26 de abril, entretanto, embora a Secretaria Municipal de Saúde tenha notificado o Estado, a morte em Sapucaia do Sul – conforme a Prefeitura, por dengue tipo C -, ainda não constava até esta terça-feira (20) no painel de casos da Secretaria de Saúde do Estado.

Para conter os casos de dengue, a Prefeitura de Sapucaia do Sul, por meio da Secretaria de Saúde e Vigilância Ambiental, está com ações de aplicação espacial de inseticida para controle do mosquito Aedes aegypti.

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Nesta quinta-feira (22), a aplicação está prevista no bairro Paraíso, que também já recebeu a aplicação na segunda-feira. A Prefeitura orienta que, durante as aplicações, é preciso manter-se afastado do veículo de pulverização, e lembre-se de abrir portas, janelas e cortinas para garantir a eficácia do inseticida.

Principais sintomas da doença

  • Febre alta, com duração de dois a sete dias
  • Dor retroorbital (atrás dos olhos)
  • Dor de cabeça
  • Dor no corpo
  • Dor nas articulações
  • Mal-estar geral
  • Náusea
  • Vômito
  • Diarreia
  • Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira

*Colaboraram: João Linden e Adriana Tauchert 

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