Futuro do Turismo é sustentável: conheça a plataforma brasileira que calcula pegada de carbono e orienta empresas na compensação

Vilena Silva CEO da Compensei Futuro do Turismo é sustentável: conheça a plataforma brasileira que calcula pegada de carbono e orienta empresas na compensação

Vilena Silva, CEO e fundadora da startup Compensei, durante o Visit Brasil Summit

RIO DE JANEIRO – O combate à crise climática pode parecer um desafio reservado às grandes corporações e organismos internacionais. Mas, segundo Vilena Silva, CEO e fundadora da startup Compensei, essa responsabilidade também precisa, e pode, estar nas mãos dos pequenos negócios. A empresa, criada entre o final de 2022 e o início de 2023 dentro de um programa de inovação do Sebrae, tem uma missão clara: tornar a ação climática acessível para todos os tamanhos de empresa.

“Apesar da Compensei ser nova, a história dela começou há 20 anos, com a minha própria trajetória”, conta Vilena, que é bióloga com uma carreira voltada para a gestão ambiental corporativa. Com passagens por empresas como a Eletronorte e atuação no setor energético, ela sempre teve uma inquietação: como fazer com que os pequenos negócios, que representam 99% das empresas brasileiras, também participem da agenda ambiental?

Essa inquietação levou Vilena a realizar um mestrado voltado para desmistificar a gestão ambiental em micro e pequenas empresas. Com a chegada da pandemia e o aumento da urgência climática, ela entendeu que era hora de transformar conhecimento em ação. Nascia então a Compensei. A proposta da startup é guiada por uma jornada em três etapas: medir, reduzir e compensar as emissões de gases de efeito estufa.

“A primeira etapa é medir. Você não vai ao médico e faz exames quando está doente? Aqui é a mesma lógica. A gente ajuda empresas a fazerem um inventário de carbono, para saberem qual é a pegada que estão deixando no planeta”, explica.

Esse “raio-x” ambiental é feito com base no GHG Protocol, metodologia científica amplamente reconhecida e adaptada no Brasil pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A Compensei simplificou essa metodologia e a colocou em uma plataforma digital intuitiva, acessível até para leigos. “Você entra com dados como consumo de energia, deslocamento e geração de resíduos, e a plataforma calcula automaticamente sua pegada de carbono”, diz.

Depois de entender o quanto se emite, vem o segundo passo: o plano de redução. A empresa, por exemplo, pode substituir a gasolina por etanol, que emite mais de 90% menos carbono. “A gente orienta práticas sustentáveis que são viáveis para cada realidade empresarial”, comenta Vilena.

A terceira etapa, que dá nome à startup, é a compensação. “Para aquelas emissões que não conseguimos eliminar, investimos em projetos que fazem o sequestro de carbono, como reflorestamento ou energia renovável”, explica. Ela ressalta que “sequestrar”, nesse caso, é um termo técnico para a remoção do carbono da atmosfera, principalmente por meio da fotossíntese das árvores.

Ao final do processo, as empresas recebem um selo de reconhecimento como organizações comprometidas com a responsabilidade socioambiental. Mais do que um certificado, o selo é uma ferramenta estratégica de diferenciação no mercado.

“Se eu sou uma empresa que está fazendo o certo, por que não comunicar isso ao mundo? A comunicação é uma parte vital da ação climática, e ajudamos nossos clientes também com isso”, destaca a CEO.

Vilena enfatiza ainda a importância de educar o mercado: muitos empresários ainda confundem conceitos como “carbono neutro” e “carbono zero”. “Hoje não temos tecnologia para zerar completamente as emissões. O que conseguimos fazer é neutralizá-las, equilibrando o que emitimos com o que retiramos da atmosfera”, esclarece.

No horizonte da Compensei, está o objetivo de transformar a complexa agenda climática em algo cotidiano e acessível. “Democratização climática é isso: permitir que qualquer empresa, por menor que seja, possa fazer a sua parte no enfrentamento das mudanças climáticas”, finaliza Vilena, que participa, nesta semana, do Visit Brasil Summit, evento promovido pela Embratur que trouxe como temas sustentabilidade, futuro e ESG.

*O M&E viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e proteção GTA

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