Renda variável no Brasil exige cautela redobrada, alerta gestor

Investir em renda variável no Brasil continua sendo um exercício de equilíbrio. Em entrevista à BM&C News, o gestor Renan Silva, da Bluemetrix, afirmou que, apesar das oportunidades no mercado acionário, o ambiente macroeconômico brasileiro impõe restrições que exigem uma análise cuidadosa por parte dos investidores.

Temos um ambiente muito austero”, diz Silva. Para ele, diferentemente dos Estados Unidos, onde empresas frequentemente operam com alto grau de alavancagem em busca de crescimento acelerado, no Brasil o foco deve estar na resiliência e na gestão eficiente da estrutura de capital.

Brasil: empresas sólidas ganham destaque em cenário de incerteza

Renan destaca que o cenário político brasileiro, somado aos constantes solavancos econômicos, reforça a importância de selecionar empresas mais estáveis. “Prefiro prestigiar companhias resilientes às crises, que conseguem atravessar momentos turbulentos sem comprometer a operação”, afirmou.

A análise micro — ou seja, avaliar empresa por empresa, olhando para entregas, fundamentos e gestão financeira — é, segundo ele, uma das principais ferramentas para quem deseja manter a exposição à Bolsa em tempos desafiadores.

Inflação, juros altos e gastos públicos ampliam riscos no Brasil

Outro ponto de atenção levantado por Renan Silva é a inflação ainda acima da meta, aliada à taxa Selic elevada. Esse cenário compromete a atividade econômica e limita o espaço para expansão de empregos e do consumo, o que pode afetar diretamente o desempenho das companhias listadas em Bolsa.

Além disso, o gestor chama a atenção para o aumento dos gastos do governo, especialmente em momentos em que há uma tentativa clara de recuperar popularidade política. “Parte do crescimento recente tem sido sustentado pelo aumento dos gastos públicos. Isso exige atenção redobrada do investidor”, pontua.

Mercado de trabalho no Brasil dá sinais de exaustão

Renan também observa que o mercado de trabalho parece ter atingido um ponto de estagnação no curto prazo. “Chegamos ao limite da geração de empregos, com essa taxa de juros atual”, comenta. Isso sinaliza que a retomada do crescimento mais robusto pode não vir no ritmo desejado, o que se reflete na precificação dos ativos de risco.

Diante desse contexto, a recomendação do gestor é clara: priorizar empresas com fundamentos sólidos, baixa alavancagem e boa gestão. “Investir em renda variável no Brasil exige uma dose maior de prudência, especialmente em um ambiente onde política e economia estão profundamente entrelaçadas”, conclui.

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