“Apocalipse”: Portugal filas de 3 horas e caos em aeroportos após novos controles

LISBOA – A estreia do novo sistema de controle migratório em Portugal, implementado na última segunda-feira (19), causou um verdadeiro colapso nos principais aeroportos do país. Passageiros relataram nas redes sociais esperas superiores a três horas no controle de passaportes, especialmente em Lisboa, que já era considerado um dos aeroportos mais problemáticos da Europa por conta da superlotação.

No Aeroporto Humberto Delgado, na capital portuguesa, vídeos e fotos publicados por viajantes mostram saguões lotados, longas filas, guichês fechados e passageiros exaustos. “Foi como o apocalipse”, descreveu um passageiro em publicação no X, após relatar 3 horas e 15 minutos de espera para passar pela imigração. Outros criticaram a falta de preparo da equipe e classificaram a situação como “um desastre absoluto”.

O congestionamento não se limitou a Lisboa. No Aeroporto de Faro, no sul do país, passageiros denunciaram esperas de duas horas apenas para o controle de passaportes. “Quem em sã consciência viria a Portugal nessas condições?”, questionou um usuário identificado como TT, compartilhando imagens da fila que se estendia por andares.

As críticas se intensificaram após a implementação dos novos sistemas digitais de controle de fronteira — entre eles o VIS4EES (monitoramento de vistos e dados biométricos), o PASSE+ (controle aéreo e terrestre) e o Portal das Fronteiras — parte de uma política mais rigorosa integrada ao espaço Schengen.

Segundo a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), o objetivo é reforçar a segurança e rastrear com mais precisão o movimento de cidadãos de fora da União Europeia. No entanto, a transição tem gerado atrasos expressivos, que devem se agravar com a aproximação do verão europeu e o aumento do fluxo turístico.

O aeroporto de Lisboa, em especial, enfrenta há anos problemas estruturais. Pequeno para a demanda atual, o terminal opera com capacidade acima do ideal — especialmente à noite, que virou o novo “horário de pico”, com longas filas até mesmo após o controle de passaportes, na área de retirada de bagagens. Um novo aeroporto está previsto, mas sua construção ainda levará anos.

Com o turismo em alta e as novas exigências operacionais, a falta de infraestrutura nos aeroportos portugueses — somada à rigidez das novas políticas migratórias — ameaça comprometer a experiência de entrada no país. Passageiros são orientados a chegar com antecedência redobrada e acompanhar atualizações nos canais oficiais da AIMA e da polícia de fronteiras.

A ANA, empresa que administra o aeroporto de Lisboa, foi contatada pela reportagem, mas não respondeu até o fechamento. O espaço segue aberto.

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