Baptista desmente Freire Gomes e confirma voz de prisão a Bolsonaro

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (21/5), que o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, ameaçou prender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele insistisse em aplicar a Garantia da Lei e Ordem (GLO) e uma “minuta do golpe” para tentar reverter uma derrota eleitoral. Freire Gomes havia negado a declaração também em oitiva no STF, mas Baptista voltou a dizer que a conversa aconteceu em reunião no Palácio do Planalto.

Na primeira audiência das testemunhas de acusação no chamado “núcleo 1” de trama golpista, Freire Gomes negou a afirmação do então chefe da Aeronáutica. “A mídia até reportou aí que eu teria dado voz de prisão ao presidente, não aconteceu isso de forma alguma. Acho que houve aí uma má-interpretação, até quando nós conversamos em paralelo aí os comandantes”, disse.

Freire Gomes afirmou que, em reuniões, Bolsonaro levou a possibilidade de fazer um levantamento sobre uma possível GLO ou intervenção fora das previsões da Constituição. “O que eu alertei ao presidente, sim, foi que, se ele saísse dos aspectos jurídicos, né, além de ele não poder contar com nosso apoio, ele poderia ser enquadrado juridicamente”.

Baptista, no entanto, nesta quarta-feira (21/5), respondeu à pergunta do PGR, Paulo Gonet que Freire Gomes afirmou a Bolsonaro: “Se o sr. fizer isso, terei que te prender.

Gonet perguntou: : “Há no seu depoimento uma declaração sobre uma ordem de prisão de Freire Gomes para prender Bolsonaro. O sr. confirma?”

Baptista respondeu: “Confirmo, sim. O sr. General Freire Gomes é uma pessoa polida, educada, não falou essa frase com agressividade, mas colocou exatamente isso “Se o sr. fizer isso, terei que te prender”.

Testemunha

Baptista Júnior é testemunha de acusação, convocada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para depor em ação penal que analisa suposta trama golpista do chamado núcleo 1, grupo do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) faz parte.

Baptista Júnior prestaria depoimento nessa segunda-feira (19/5), com outros quatro convocados pela PGR; no entanto, ele solicitou a alteração da data, e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, atendeu ao pedido, remarcando o depoimento para esta quarta. A oitiva ocorre por videoconferência.

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Ex-comandante da FAB disse que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro

O brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica
Carlos de Almeida Baptista Junior
Carlos de Almeida Baptista Júnior
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Ex-presidente jair Bolsonaroao lado do comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior

Igo Estrela/Metrópoles. @igoestrela

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Ex-comandante da FAB disse que Freire Gomes ameaçou prender Bolsonaro

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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O brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica

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Carlos de Almeida Baptista Junior

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Carlos de Almeida Baptista Júnior

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Teor da reunião

Durante a reunião da apresentação da “minuta do golpe”, o ex-comandante da Aeronáutica teria questionado o ministro da Defesa se a documentação previa a “não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?”. Oliveira teria ficado em silêncio.

Com a falta de respostas, Baptista Júnior entendeu que haveria uma ordem que impediria a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dessa forma, ele se negou a sequer receber a minuta do golpe, reforçando que a Força Aérea do Brasil (FAB) “não admitiria tal hipótese [golpe de Estado]”.

A recusa dos comandantes do Exército e da Aeronáutica em assinar a minuta do golpe, redigida, ajustada e “enxugada” por Bolsonaro, segundo a PF, marcou a frustração do plano.

No entanto, o grupo de Bolsonaro continuou articulando ações para tentar reverter o resultado das eleições, como a disseminação de desinformação sobre as urnas eletrônicas, o que culminou nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

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