Criminosos cometem erro ao usar criptomoedas para lavar dinheiro do INSS

Ao passo que a investigação sobre as fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) avança, novas informações surgem à tona. E também novos erros, que podem custar a liberdade dos criminosos. Desse modo, um erro crucial foi que supostamente os criminosos usaram criptomoedas para lavar o dinheiro que desviaram do INSS.

E para quem entende o básico sobre o mercado sabe que isso significa uma coisa: o comprometimento da ocultação do dinheiro, tendo em vista o caráter de transparência da tecnologia blockchain.

Em entrevista ao G1, o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, destacou que há indícios de que entidades associativas usaram criptomoedas para ocultar desvios de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

Portanto, se isso for verdade, pode ser o fim dos criminosos. E não seria necessário abrir inquérito ou burocracia alguma para rastrear os bandidos. Qualquer um poderia fazer isso.

Diferentemente do dinheiro físico, que pode ser movimentado anonimamente, as transações em criptomoedas deixam um rastro digital que, quando associado a uma carteira identificada, permite rastrear todos os movimentos.

Desse modo, este erro pode facilitar a recuperação dos recursos desviados e a punição dos responsáveis.

O esquema de fraude no INSS

A fraude, investigada desde a deflagração da Operação Sem Desconto em abril de 2025 pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), envolveu descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, realizados sem autorização.

A Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev) estimou que o esquema movimentou até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Com R$ 2,56 bilhões que já se confirmaram. As entidades associativas investigadas, 12 no total, utilizavam os recursos para financiar atividades ilícitas, incluindo a ocultação patrimonial.

O ministro Jorge Messias revelou que a AGU solicitou o bloqueio de bens das entidades e o rastreamento dos recursos desviados.

“No pedido de bloqueio que nós fizemos na semana retrasada, nós solicitamos ao juízo que seja feito um rastreio a partir de corretoras de criptomoedas para entender por onde esse recurso passou, caso tenha sido utilizado”, afirmou Messias ao G1. Há indícios de que o dinheiro foi movimentado para fora do Brasil, utilizando criptomoedas para dificultar a identificação.

O erro dos criminosos do INSS: a rastreabilidade das criptomoedas

Ao contrário do dinheiro físico, que pode ser movimentado sem deixar rastros claros, as criptomoedas operam em redes blockchain. Esse livro-razão a nuvem registra todas as transações de forma pública e imutável. Ou seja, ao contrário das maletas de dinheiro, e de notas na cueca, as criptomoedas são as piores ferramentas para cometer crimes financeiros.

O erro dos criminosos do INSS foi subestimar a rastreabilidade das criptomoedas. Portanto, se as autoridades conseguem identificar a carteira digital associada a uma pessoa ou entidade, é possível rastrear todo o fluxo de fundos. Desde a origem até os destinos finais.

Messias destacou que os relatórios de inteligência apontam para uma estratégia de ocultação patrimonial fora do Brasil. Mas a natureza rastreável das criptomoedas pode facilitar a investigação. “Há uma estratégia de ocultação patrimonial fora do Brasil, conforme temos notícias nos relatórios de inteligência”, disse o ministro.

A AGU está trabalhando com corretoras de criptomoedas para localizar, congelar e penhorar ativos. Desse modo, aproveitando o fato de que, uma vez identificada a carteira, o histórico de transações pode ser mapeado com precisão.

Erro que pode expor os criminosos

A crença de que “todas as transações em criptomoedas são anônimas” é um mito. Embora os endereços de carteira não revelam diretamente a identidade do dono, ferramentas de análise blockchain, como as usadas por empresas especializadas, conseguem associar carteiras a indivíduos por meio de padrões de uso, transações em corretoras e outras heurísticas.

No caso do INSS, se as entidades investigadas utilizaram corretoras para converter os recursos em criptomoedas, as autoridades podem rastrear os fluxos e identificar os beneficiários finais.

A AGU continua a trabalhar com a PF e a CGU para rastrear os recursos desviados, com foco no uso de criptomoedas. Messias afirmou que os valores envolvidos na fraude podem ser maiores do que os R$ 2,56 bilhões estimados inicialmente. Além disso, que a apuração total será feita ao longo da ação judicial.

Por fim, o governo também planeja extinguir os descontos de entidades associativas nas folhas de pagamento do INSS, uma medida para evitar novos desvios.

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