FMI cobra EUA por ajuste fiscal e faz alerta sobre dívida crescente

Um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertar para o risco de aumento de impostos caso o projeto tributário apresentado por seu governo não seja aprovado pelo Congresso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reafirmou sua preocupação com a situação fiscal da maior economia do mundo.

A vice-diretora-gerente da instituição, Gita Gopinath, fez um alerta público sobre a trajetória da dívida norte-americana, que está em “constante crescimento” e já chegou a um patamar preocupante.

“Deveríamos ter uma política fiscal nos EUA que seja compatível com a redução da dívida em relação ao PIB [Produto Interno Bruto] ao longo do tempo”, afirmou a dirigente do FMI, que é economista, em entrevista ao jornal britânico Financial Times.

As declarações de Gopinath foram dadas dias depois de a agência de classificação de risco Moody’s ter rebaixado a nota de crédito dos EUA, que perdeu o selo máximo de triplo A.

Nos últimos dias, Donald Trump tem renovado seu compromisso de levar adiante um plano de corte de impostos adotado durante seu primeiro mandato na Casa Branca, entre 2017 e 2021.

Atualmente, os EUA têm uma dívida que chega a 98% do PIB – há 10 anos, era de 73%.

Segundo a Moody’s, a dívida dos EUA pode atingir 134% do PIB do país até 2035.

Questão fiscal

Na terça-feira (20/5), Trump disse que pode haver um aumento significativo de impostos no país caso o projeto tributário apresentado por seu governo não seja aprovado pelo Legislativo.

“A alternativa [ao projeto] é um aumento de impostos de 68%. E você pode culpar os democratas por isso, um ou dois fanfarrões [congressistas do Partido Democrata, de oposição]”, afirmou Trump.

Segundo o presidente dos EUA, o projeto apresentado por sua administração e que vem sendo discutido no Congresso prevê “o maior corte de impostos da história do país”.

De acordo com economistas, o projeto pode acrescentar de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões à dívida dos EUA, de US$ 36,2 trilhões, ao longo da próxima década.

O projeto de Trump

A proposta da Casa Branca prorroga os cortes de impostos implementados por Trump em seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, reduz os impostos sobre a renda de horas extras, aumenta gastos com defesa e fornece mais fundos para a política de controle das fronteiras.

Críticos do projeto, inclusive dentro do Partido Republicano, defendem que o governo banque cortes maiores no programa de saúde Medicaid para norte-americanos de baixa renda, além da revogação completa dos chamados “créditos fiscais verdes”, instituídos pelos democratas.

Na última sexta-feira (16/5), quatro parlamentares do Partido Republicano, de Trump, haviam bloqueado a tramitação do projeto na Comissão de Orçamento da Câmara dos Representantes. Após negociarem com o governo, eles permitiram que a proposta avançasse.

“Não vamos cortar nada significativo [em programas sociais]. Não vou mudar o Medicaid, o Medicare ou a Previdência Social”, afirmou Trump.

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