Hospital abre sindicância para apurar atendimento à paciente que morreu de dengue

Há pouco menos de um mês, no dia 26 de abril, a designer de sobrancelhas Giovana Dias de Oliveira, 26 anos, convivia com a dor da notícia do falecimento da mãe, a podóloga Juliana Dias, 48, após quase uma semana de luta e de uma peregrinação em busca de atendimento médico e tratamento contra a dengue.

Giovana com a mãe Juliana



Giovana com a mãe Juliana

Foto: Acervo Pessoal

Após um primeiro atendimento pelo convênio médico, em São Leopoldo, Juliana foi transferida para o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) onde, segundo a família, teve o atendimento negligenciado. “Nem o mínimo ela recebeu. Não teve nem chance, por isso evoluiu tão rápido”, lamenta a filha.

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Moradora do bairro São José, Juliana foi a primeira vítima da doença na região em 2025. Apesar de no atestado de óbito a causa da morte constar como dengue hemorrágica, o caso ainda não é contabilizado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Até esta quarta-feira (21) o RS somava, segundo a SES, 21 mortes por dengue: nove, em Porto Alegre, três, em Viamão, duas, em Alvorada, duas, em Cachoeira do Sul, uma em Aratiba, uma, em Canoas, um, em Erechim, uma, em Estrela e uma, em Novo Hamburgo.

Questionada pela reportagem, a SES, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o óbito de Sapucaia do Sul está “sob investigação”. “O município ainda não enviou a investigação para avaliação em conjunto com o estado”, informa a SES. A secretária de Saúde de Sapucaia, Flávia Mota, diz estranhar o posicionamento do Estado em relação ao óbito por dengue ocorrido no município.

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“Gostaríamos de esclarecer que todas as informações necessárias para a investigação do caso já foram devidamente enviadas ao Estado. Reiteramos que a responsabilidade pelo fechamento do caso é do Estado, e estamos à disposição para colaborar com qualquer informação adicional que se faça necessária”, diz.

Além disso, a morte da paciente é alvo, também, de uma sindicância aberta neste mês, no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV). “Diante da queixa familiar de que o atendimento não teria sido adequado, a instituição abriu uma sindicância, ainda em andamento, para apurar a assistência prestada”, informa a assessoria de imprensa da casa de saúde.

Em nota, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) informa ainda, que “a paciente veio transferida de outro município, onde estava em atendimento ambulatorial. Isso foi possível após o hospital de Sapucaia do Sul aceitar receber a paciente, cuja equipe já a recebeu na Sala Vermelha”.

Sintomas começaram no dia 20

Segundo a filha, Juliana começou a apresentar sintomas da doença na noite do dia 20 de abril, quando teve febre alta e muita dor de cabeça. No dia seguinte ela procurou atendimento médico pelo convênio, em São Leopoldo, onde fez o teste de dengue, cujo resultado positivo foi emitido no dia 22.

“Na terça-feira mesmo (dia 22) ela foi fazer medicação e soro no convênio. Na quarta, quinta e sexta ela procurou atendimento no convênio, pois seguia com dor abdominal e de cabeça e febre. Na sexta (dia 25) realizaram então os exames necessários e as plaquetas estavam muito baixas. Fomos informados que ela precisaria ser internada. Pelo convênio mesmo transferiram ela de ambulância para o hospital Getúlio Vargas, onde começou todo o pesadelo”, lembra Giovana.

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Segundo ela, na casa de saúde sapucaiense a mãe ficou “largada em uma cadeira num canto de uma sala”. “Quando entrei, minha mãe já estava roxa, sem temperatura nenhuma no corpo, já estava em choque. O enfermeiro chefe da sala onde ela estava não sabia nem que ela estava com dengue e me diziam que já tinham dado medicação para ela pois estava reclamando muito de dor. Fico me perguntando qual medicação, se ele nem sabia o quadro dela?”, questiona a jovem.

Segundo Giovana, a confirmação do óbito da mãe foi dada na manhã de sábado (26). “O médico veio conversar com nós familiares, e informou que às 9h20 ela teve uma hemorragia que eles não conseguiram controlar e às 9h51 ela entrou em óbito. Na sala da Emergência não tinha pessoas para trabalhar, e eu ouvia a justificativa de que eu deveria entender, pois eles não estavam recebendo. Então minha mãe com toda saúde do mundo pagou com a vida pois ficou a mercê de um atendimento naquela noite”, desabafa Giovana.

 

 

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