Não cala a boca não, Janja! (Por Tânia Fusco)

Se a Janja conseguir salvar da fome todas as criancinhas pobres do Brasil, as mídias vão estampar: Enquanto Janja salva as crianças brasileiras, milhões de crianças morrem de fome pelo mundo.

Não tem jeito.  Janja existir incomoda, parece, mais do que Lula, o resistente, ter sobrevivido na política depois de ter passado até por uma prisão.

100 milhões de brasileiras e brasileiros têm prontinho o modelo de primeira dama que Janja deveria ser. Comedida, quieta, de preferência, invisível.  Só de desaforo, Janja é exuberante, alegre, bocuda.  Demais da conta? Às vezes, é.  Inconveniente? Também é. Às vezes. Quando solta um palavrão, por exemplo, dirigido a um famoso-rico estrangeiro, membro de governo que ainda é dono do mundo. Errou a mão. Daí, até mereceu “reprimendas”.

Tivesse a simpatia da imprensa, particularmente, talvez nem o palavrão fosse motivo para tantos ó céus! Não foi o caso.

Janja apanha só por existir. Como a Geni da música de Chico Buarque que, mesmo depois de salvar uma cidade inteira, segue apanhando do povo salvo.  Não há trégua para a Janja.  Se, num jantar, ousou falar sobre desditas de uma mídia social no Brasil., affmaria! E era só UM JANTAR onde até o mais rígido protocolo permite que MULHERES, inclusive, tenham vez na conversa. Mesmo na sisuda China, durante um jantar as pessoas CONVERSAM. Amenidades ou não.

Carla Bruni, mulher do então presidente francês, Nicolas Sarkozy, até cantava e tocava violão em jantares oficiais. Era tida só como simpaticamente atrevida, moderna, irreverente. Ah se a Janja pega num pandeiro! Se andasse por aí com um maquiador em punho…

Muito louco. No país onde uma multidão “adota e cria”, como bebês de verdade, bonecos de borracha pode ainda causar escândalo a mulher do Presidente da República pensar e expressar pensamentos, reflexões ou queixas sobre o mundo em que vivemos?  E que não anda lá nenhuma maravilha.

O país recordista em feminicídios deveria celebrar a mulher do Presidente que pensa e fala sobre coisas e dores do seu tempo, não? Não há mais espaço para mulheres anódinas, mudas, infantilizadas – casadas ou não com Presidentes da República. Passou o tempo das tais “primeiras-damas” amorfas, das belas, recatadas e do lar. Mesmo que muitas e muitos ainda não queiram e não gostem, mulheres são companheiras de seus parceiros – em pé de igualdade.   Seja ou não Presidente da República.

Brigitte Macron, companheira do presidente francês, não deixa nada barato. Como você, nesta semana, falou sobre a perigosa e constante violência nas redes sociais contra crianças e jovens.

Não cala a boca não, Janja!  Força na peruca. Só cuida pra escapar viva das fogueiras – já acesas – e fugir do escalpo.

Troféu Motosserra

De 2019 a 2024, o Pará liderou os desmatamentos da Amazônia.  Neste intervalo de tempo, o estado perdeu dois milhões de hectares de floresta – área equivalente ao estado de Sergipe. Os dados são da MapBiomas Brasil, rede colaborativa de cocriadores, formada por ONGs, universidades e empresas de tecnologia dedicadas à análises e acompanhamentos de biomas brasileiros.

Em novembro, o Pará será anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30.  A resenha vai ser quente.

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