Serra da Capivara, um destino natural de história, aventura e contemplação

Pedra Furada, cartão-postal da Serra da Capivara  (Fotos: Rafael Torres/M&E

Localizado na Serra da Capivara, o Parque Nacional Serra da Capivara foi criado para proteger um dos mais importantes sítios arqueológicos das Américas. Unidade de conservação desde1979 também reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial é uma verdadeira joia do patrimônio histórico e cultural e natural, um destino incrível para quem curte e aprecia arqueologia e belezas naturais.

Nessa pegada, destaque para a Toca do Boqueirão da Pedra Furada, a maior galeria de arte rupestre do mundo com mais de mil pinturas identificadas em um só local. Isso e muito mais está ao alcance de todos os brasileiros e turistas internacionais interessados em conhecer esse destino único e fascinante no Sudeste do Piauí, distante 530 km da capital piauiense Teresina.

Na Serra tudo impressiona. A começar pela formação geológica do seu entorno, com desfiladeiros apertados entre contrafortes, escarpas, cânions e formações rochosas de beleza incomparável boa parte salpicadas pelo verde da vegetação do semiárido e da caatinga e/ou do amarelo-terroso, dependendo da época do ano, resultante das folhagens de espécies de interseção da Mata Atlântica com o semiárido. Enfim, um visual de contemplação de tirar o fôlego e não se cansar de registrar, seja com o celular sempre à mão, ou câmera fotográfica para os mais profissionais.

Existem pelo menos dez circuitos no Parque que podem ser visitados por viajantes, cada um deles com trilhas de chão batido com extensão média de até 3 km. Entre outros se destacam o Circuito do Boqueirão da Pedra Furada, do Sítio do Meio, do Baixão das Mulheres, do Desfiladeiro da Capivara e Circuito da Serra Branca.

Em todos, as pinturas rupestres são a joia da coroa, além da Pedra Furada, o cartão-postal da Serra da Capivara e local mais ‘instagramável’ desse paraíso naural. Os espaços são preparados à visitação com passarelas de madeira e corrimão bem próximas da arte pré-histórica impressa há milhares de anos – a última datação registra pinturas feitas 59 mil anos atrás – em paredões rochosos e cavernas utilizadas como abrigo.

PARQUE ARQUEOLÓGICO

 São 130 mil hectares de área protegida, dividida em quatro compartimentos – Serra da Capivara, Serra Talhada, Serra Vermelha e Serra Branca – que podem ser visitados, sempre com acompanhamento de guia. A visitação é aberta e gratuita e pode ser contemplada por todos sem distinção, desde os grupos que têm alguma dificuldade de mobilidade, a pessoas que não gostam de caminhar muito, ou seja, o Parque atende todos os perfis.

Essa grande área de preservação compartilhada entre o município-base São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias com 1.350 sítios arqueológicos já identificados, bem como milhares de pinturas rupestres e vestígios de ocupação humana que remontam a milhares de anos ali encontrados.

PINTURAS RUPESTRES

As pinturas rupestres da Serra da Capivara são uma forma de expressão artística de povos ancestrais que habitaram a região há milhares de anos. Elas são datadas de diferentes períodos pré-históricos e algumas podem ter sido feitas há 59 mil anos. Essas representações artísticas demonstram a evolução do pensamento artístico das sociedades antigas ao retratarem uma variedade de temas, como figuras humanas, animais, cenas de caça, danças, lutas e outras manifestações do cotidiano, muitas emblemática que se repetem em quase todos os sítios.

SÍTIOS MAIS DESTACADOS E CURIOSIDADES

Passear pelos circuitos e trilhas da Serra da Capivara se transforma em uma jornada repleta de emoções, muito aprendizado e conexões valiosas, seja com os guias que acompanham cada visitante ou moradores – leia-se quilombolas – desse espaço singular localizado bem no coração do Brasil.

Circuito do Boqueirão da Pedra Furada – Neste circuito sítios foram preparados para a visitação de pessoas com necessidades especiais de locomoção. Um dos mais conhecidos, o Sitio Boqueirão da Pedra Furada é um Museu-Sítio, monumento da pré-história. Grupos humanos, durante milênios pintaram em suas paredes, criando um verdadeiro registro de sua cultura. Do Alto da Pedra Furada uma escadaria permite a descida até o Circuito do Baixão das Mulheres. No caminho encontramos o monumento geológico que deu nome á região, a Pedra Furada.

Circuito do Sitio do Meio – Das escavações do Sítio do Meio, foram datadas amostras com resultados que variam de 20.000 a 12.000 anos, que podem see vistas pelos visitantes, também nos sítios Caldeirão do Sitio do Meio, Sítio do Meio de Cá, Entrada do Baixão do Meio Escadinha do Baixão do Meio, entre outros. A Trilha do Pedro Rodrigues leva o visitante a uma paisagem deslumbrante da cuesta, onde se integra o Museu da Natureza.

Entre aprendizados e descobertas, curiosidades também fazem parte de uma experiência que pode ser vivida por aqui, como ouvir o barulho de chuva em plena caatinga, em meio a um calor infernal e sem uma única nuvem no céu. Pois então, para se sentir mais ‘fresco’ e ‘enganado’ basta encontrar – bem fácil diga-se de passagem! – um exemplar de cacto-facheiro e alisar com as duas mãos, com muito cuidado, os espinhos. Ao serem acariciados, produzem um som semelhante à água caindo sobre rochas.

Toca do Boqueirão da Pedra Furada

Na Toca do Paraguaio, primeiro sítio descoberto na Serra da Capivara, a arqueóloga, geóloga e pesquisadora franco-brasileira Niède Guidon encontrou nas cavidades rochosas esqueletos humanos, vestígios de fogueiras e outros artefatos que indicam a presença humana na região há milhares de anos.

Outros sítios importantes, como a Toca do Pajaú, a Toca da Grande Areia e a Gruta do Inferno (nomeada assim por tropeiros) não podem ficar fora do roteiro. A caverna monumental e inóspita mantém uma temperatura agradável em relação ao exterior. Dentro da gruta, o momento se torna mágico e o silêncio profundo corrompe os sentidos. Mas, basta virar o olhar para a abertura da caverna e a luz do dia, mais o verde da mata te traz de volta à realidade.

Caminhar pelas trilhas te leva ao alto de sítios desde onde as vistas panorâmicas são um sonho e encantam a todos, tamanha a quantidade de formações rochosas de mil formatos e colorações. Cada olhar uma surpresa, cada registro fotográfico uma obra de arte.

MUSEUS

O Museu da Natureza, a mais nova atração do Parque Nacional Serra da Capivara, é uma viagem pela história natural do planeta Terra, desde sua origem até os dias atuais. Bastante tecnológico, o museu proporciona uma imersão na vida natural da Caatinga de forma lúdica e informativa. A unidade foi criada em 2018, no município de Coronel José Dias.

Já o Museu do Homem Americano foi criado para divulgar o patrimônio cultural deixado pelos povos pré-históricos. No museu você vai entender melhor como foi comprovada a presença humana nas Américas. Além disso, também vai poder entender melhor como foram feitas as pinturas rupestres e o que elas representam. Em exposição, o resultado de mais de quatro décadas de pesquisas. Conhecê-lo é um mergulho na história e na cultura da região. A unidade fica em São Raimundo do Nato.

Por sua vez, o Museu Quilombola do Pindoxo é um espaço que expõe peças de paleontologia e de celebração da memória, cultura e história da comunidade quilombola de São Vítor, localizado no Território Quilombola Lagoas, na zona rural do município de São Raimundo Nonato.

CERÂMICA

Mais que souvenir ou uma simples lembrança do destino, a cerâmica artesanal da Serra da Capivara já é um item de desejo inconsciente de 10 entre 10 pessoas que conhecem seu significado. A identidade própria de cada peça guarda e valoriza seu território e contribui para sua preservação. São centenas de peças preparadas na Cerâmica Serra da Capivara, aberta também à visitação de turistas todos os dias. As peças artesanais alcançam o mundo e levam o artesanato do Brasil para outros países como Itália, Espanha e Estados Unidos fronteiras.

Onde ficar:

Hotel Serra da Capivara Resort e Convention , em São Raimundo Nonato

@hotelserradacapivara

Pousada e Albergue da Cerâmica Serra da Capivara, em Coronel José Dias @pousadaealberg_serradacapivara

Pousada Zabelê, em São Raimundo Nonato @pousadazabele

Como chegar:

De avião

O Aeroporto Serra da Capivara está com suas operações suspensas desde em março. Hoje, a melhor opção é o Aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, distante 300 quilômetros de São Raimundo Nonato – tempo médio de viagem de 5h de carro.

Outra alternativa é o Aeroporto de Teresina, que fica a 530 quilômetros da Serra da Capivara. A viagem de carro a partir da capital piauiense leva cerca de 8h.

De carro

Para chegar à Serra da Capivara, saindo de Teresina, prepare-se para uma viagem longa – não são menos de oito horas na estrada. Já, saindo de Petrolina, a viagem é feita pelas BR-324 e BR-235, que estão em bom estado de conservação.

De ônibus

De Teresina, as empresas Expresso Floriano e Líder Turismo operam a rota até São Raimundo Nonato, com viagens que duram entre 7h45 e 9h40.

Para quem sai de Petrolina, a empresa Gontijo opera a rota. A viagem dura cerca de 5h50