Ter uma dessas duas profissões diminuem em até 40% o risco de morrer de Alzheimer

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Apesar de décadas de pesquisa, a ciência ainda não identificou as causas nem descobriu tratamentos altamente eficazes contra a doença – Foto: Reprodução/ND

Um novo e surpreendente estudo da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, descobriu que existe a hipótese de duas profissões protegerem o cérebro contra o Alzheimer.

Segundo a pesquisa, motoristas de táxi e de ambulância morrem com muito menos frequência por Alzheimer do que pessoas em outras ocupações.

O motivo pode estar no uso constante de uma parte do cérebro chamada hipocampo, que está diretamente envolvida na memória espacial.

Como foi realizada a pesquisa?

O estudo analisou quase 9 milhões de certidões de óbito nos Estados Unidos ao longo de três anos, cruzando a ocupação com a causa da morte.

Entre as mais de 400 profissões estudadas, os motoristas de táxi e de ambulância apresentaram as menores taxas de mortalidade relacionadas à doença de Alzheimer:

  • Motoristas de táxi: 0,91% das mortes;
  • Motoristas de ambulância: 1,03%;
  • Média populacional: cerca de 1,8%;
  • Pilotos de avião: 2,34%;
  • Capitães de navio: 2,12%.
taxista

Motoristas de táxi foram os que menos morreram por Alzheimer – Foto: Reprodução/ND

Ou seja, os motoristas de táxi e ambulância têm até 40% menos mortes associadas ao Alzheimer em comparação com outras profissões.

Por outro lado, esse efeito não foi observado em outras carreiras que também envolvem transporte, como pilotos, motoristas de ônibus ou capitães.

A hipótese é que, possivelmente, esses profissionais seguem rotas fixas, previamente pensadas.

Ao contrário dos taxistas e motoristas de ambulância, que precisam pensar em novos trajetos o tempo todo, sem ajuda de GPS.

Por que isso pode acontecer?

Estudos anteriores já haviam mostrado que motoristas de táxi de Londres, no Reino Unido, têm um hipocampo maior, especialmente em áreas associadas à memória espacial.

O novo estudo fortalece a ideia de que exercitar essa região do cérebro de forma constante pode protegê-la contra o Alzheimer, que começa justamente pelo desgaste dessa área.

motoristas de ambulância

O uso frequente do hipocampo em motoristas de ambulância pode “turbinar” sua estrutura e função – Foto: Reprodução/ND

O uso frequente do hipocampo pode reforçar sua estrutura e função, de forma semelhante ao que acontece com músculos usados em treinos físicos regulares.

Mas há limitações…

Apesar dos resultados promissores, os autores admitem que este é um estudo observacional, ou seja, mostra associação, mas não prova causa e efeito. Algumas limitações incluem:

  • Dados de óbito podem estar incompletos ou imprecisos;
  • Fatores externos, como menor taxa de tabagismo entre motoristas, podem ter influenciado os resultados;
  • O número de mortes por Alzheimer entre taxistas foi relativamente pequeno (apenas 10 casos), o que pode distorcer estatísticas;
  • A autosseleção também pode ter efeito: talvez quem tem mais memória espacial naturalmente prefira empregos como esses;
  • Além disso, o uso do GPS pode reduzir o esforço cognitivo desses motoristas atualmente, o que levanta a dúvida se essas profissões ainda protegem da doença.

Como aplicar isso na sua rotina?

Mesmo que você não trabalhe dirigindo, é possível aplicar esse princípio no dia a dia.

Cubo mágico

Cubo mágico pode ajudar a exercitar o hipocampo – Foto: Canva/Reprodução/ND

A ideia é estimular o cérebro com tarefas que desafiem a memória espacial e a navegação, como:

  • Orientação (corridas com bússola e mapas);
  • Geocaching (caça ao tesouro por GPS);
  • Videogames como Minecraft, Tetris e jogos de estratégia;
  • Brincadeiras e jogos de tabuleiro como xadrez, Labirinto ou Batalha Naval;
  • Quebra-cabeças e cubo mágico.

Essas atividades ativam regiões do cérebro semelhantes às usadas por motoristas que navegam pelas ruas diariamente.

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