Varejistas têm 1T25 melhor do que o esperado e com bons sinais: quais foram melhor?

A temporada de resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25) no Brasil teve um desfecho em geral positivo para as empresas do setor de varejo e consumo, mas ainda com a indicação de uma certa cautela das companhias para a segunda metade do ano.

A expectativa, conforme ressalta o Safra, é de uma possível desaceleração nos gastos do consumidor em meio a um cenário de altas taxas de juros.

O BTG Pactual, por sua vez, já esperava que, após a desaceleração das vendas no final do ano passado e o fato de alguns players terem ficado aquém das expectativas no 4T24 (o que gerou grandes reações negativas em algumas ações), os resultados do 1T25 pareciam ser melhores do que o inicialmente temido.

Leia também

Ibovespa Ao Vivo: Confira o que movimenta Bolsa, Dólar e Juros nesta quarta

Índices futuros dos EUA recuam à medida que taxas de juros avançam

Com o Ibovespa nas máximas, quais ações os analistas veem como oportunidades?

Empresas relacionadas ao consumo doméstico ganham espaço entre as preferências; analistas ainda têm alguma cautela

Com o fim da temporada de resultados, o banco diz poder afirmar que o 1T deixou um gosto ainda melhor, o que também se refletiu no desempenho das ações. A receita líquida consolidada cresceu 9% na base anual (em linha com o esperado), o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 18% (5% acima de sua projeção), a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) aumentou 90 pontos-base ano a ano, e o resultado líquido aumentou de -R$ 155 milhões no 1T24 para +R$ 473 milhões no 1T25.

Para o banco, apesar da (ainda) preocupação com as taxas de juros e uma potencial desaceleração no consumo (principalmente no 2S25), com potenciais impactos negativos para o crescimento da receita das empresas e para os processos de desalavancagem, reconhecidamente o momento do setor melhorou.

O BTG aponta que não há dúvida de que o setor varejista está altamente correlacionado com as perspectivas macroeconômicas, assim como o desempenho das ações. Porém, depois de um tom mais conservador por parte das empresas no final do ano passado/início de 2025, os resultados no 1T devem levar a revisões positivas de lucro para alguns players.

“Nossa opinião é que os múltiplos ainda chamam a atenção dos investidores e a exposição ao setor ainda é pequena. Assim, apesar do desempenho superior recente, gostamos de uma combinação preferencial de empresas (Mercado Livre MELI34, Azzas 2154 AZZA3, Renner LREN3, C&A CEAB3 e Smartfit SMFT3) que ostentam um momento decente e algum espaço para revisões positivas de lucro (ou, pelo menos, menos espaço para queda nas projeções)”, avaliam os analistas do BTG.

Destaques do setor

Os principais destaques positivos do trimestre, apontam os analistas do Safra, foram C&A Brasil (CEAB3), Azzas 2154 (AZZA3), Lojas Renner (LREN3) e Alpargatas (ALPA4).

A C&A superou as expectativas do banco devido à rentabilidade da categoria de vestuário e à economia de despesas na C&A Pay, enquanto a AZZAS começou a apresentar sinergias de despesas. Além disso, a LREN e a ALPA conseguiram registrar uma sólida recuperação, impulsionadas por uma base de comparação fraca.

Por outro lado, os desempenhos da Natura & Co e do Grupo SBF foram decepcionantes. Para a NTCO, as despesas “não recorrentes” e a Avon International continuaram a ter um impacto negativo, enquanto o Grupo SBF (SBFG3) registrou fraco crescimento de vendas e perdeu alavancagem operacional devido às mudanças implementadas na Fisia.

“No futuro, acreditamos que a maioria dos destaques desta temporada de resultados continuará apresentando resultados sólidos. Além disso, os players de vestuário devem se beneficiar de um clima mais frio no inverno de 2025 em comparação com o ano passado”, aponta.

Vestuário tradicional

No 1T25, todos os varejistas de vestuário registraram um sólido resultado positivo, diz o Safra. A C&A permaneceu à frente de seus pares em termos de crescimento de vendas mesmas lojas, ou SSS (+13,0% ano a ano, a/a), seguida pelas Lojas Renner (+10,8% a/a) e Guararapes (+10,7% a/a). Todos os três varejistas também expandiram a lucratividade.

A C&A conseguiu aumentar as margens ao aprimorar seu segmento de Fashiontronics. A Guararapes continuou a aumentar a eficiência na planta industrial e foi assertiva na precificação. Enquanto isso, a Renner aumentou as margens brutas devido à melhor gestão de estoque e conseguiu recuperar a alavancagem operacional devido ao crescimento mais forte, aponta.

Nas divisões financeiras, as três empresas continuaram a apresentar um resultado positivo, uma vez que a menor inadimplência e as perdas de crédito compensaram os efeitos negativos de uma política de crédito mais conservadora sobre as receitas. Dito isso, a C&A Pay foi a maior surpresa em comparação com as expectativas dos analistas, pois conseguiu reduzir as despesas da divisão em 25% em relação ao ano anterior, apesar de uma contração de 14% na receita, mantendo um resultado financeiro saudável.

Calçados e esporte

A Alpargatas apresentou um 1T25 positivo e a receita da divisão doméstica continuou a se recuperar de forma consistente, enquanto a divisão internacional ainda pesou nos volumes. Dito isso, a lucratividade expandiu significativamente em ambas as divisões, apoiada por um estoque renovado após as baixas contábeis de 2024. Os volumes domésticos cresceram 14% em relação ao ano anterior, enquanto os volumes internacionais diminuíram 16% em relação ao ano anterior.

Em relação ao Grupo SBF, a empresa relatou um resultado negativo, que, no geral, estava em linha com as expectativas do Safra. As vendas foram fracas em relação ao ano anterior, conforme esperado. Enquanto isso, a margem bruta expandiu 90 pontos-base em relação ao ano anterior devido à melhora no mix de produtos da Centauro
e à maior lucratividade da Fisia.

“Luxo acessível”

O crescimento do segmento de “luxo acessível” permaneceu na casa dos dois dígitos no trimestre. A Vivara reportou um conjunto de resultados sólidos e a lucratividade superou as expectativas. A empresa continuou a obter melhorias notáveis ​​em relação ao ano anterior. A receita líquida cresceu na casa dos dois dígitos. Além disso, a empresa continuou a obter economias de despesas, levando a uma expansão da margem Ebitda de 410 pontos-base em relação ao ano anterior e uma superação de 370 pontos-base em relação às nossas expectativas.

Em relação à Azzas, a empresa continuou a apresentar crescimento de dois dígitos na maioria das unidades de negócios. Além disso, a Azzas reportou uma sólida superação de 180 pontos-base em relação à nossa estimativa de margem Ebitda, visto que a maioria das despesas relacionadas à fusão e aquisição não serão mais incorridas e a empresa começou a capturar sinergias de despesas.

Varejo mais geral

A Smart Fit manteve sua tendência atual e registrou mais um conjunto de resultados fortes e consistentes. A expansão de 33% na receita anual reforça a precificação assertiva da empresa, a execução do plano de expansão e a capacidade de retenção de clientes. Além disso, continuou a apresentar aumentos de lucratividade (margem bruta acima de +30 pontos-base em relação ao ano anterior), apesar do ritmo agressivo de
abertura de lojas. As safras continuaram sendo o destaque, já que as safras de 2023 já atingiram 53% de margem bruta, e o processo de maturação de novas lojas ainda deve ser um impulsionador da expansão da margem no futuro.

Em relação à Natura, o 1T25 foi negativo, pois a empresa continuou sendo fortemente impactada por custos de transformação “não recorrentes” e despesas operacionais acima do esperado. No geral, os custos de transformação “não recorrentes” impactaram a rentabilidade em R$ 190 milhões, resultando em um prejuízo líquido de -R$ 151 milhões no trimestre. O lado positivo foi a marca Natura na América Latina, que registrou um sólido crescimento de 19% em relação ao ano anterior em moeda constante, mas isso foi ofuscado por maiores despesas operacionais e custos de transformação, bem como um grande impacto cambial negativo de cerca de R$ 180 milhões nas despesas financeiras.

E-commerce: MELI foi destaque

No e-commerce, o BTG Pactual aponta que o Mercado Livre (BDR: MELI34) continua sendo o grande destaque. Resumindo os resultados dos players de e-commerce no 1T, o MELI teve um desempenho superior, com o GMV (volume bruto de mercadorias) aumentando 30% a/a (volumes 25% a/a) no Brasil para R$ 38 bilhões, +R$ 8,7 bilhões a/a (versus -R$ 264 milhões para Magazine Luiza (MGLU3) e +R$ 104 milhões para Casas Bahia – BHIA3).

Especificamente no MELI, o EBIT reportado atingiu US$ 763 milhões (21% acima de sua estimativa). O crescimento da receita da Argentina (184% a/a, neutro em relação ao câmbio) foi um dos principais contribuintes para esse resultado. A recuperação de sua margem de contribuição direta no país ajudou a contrabalançar os investimentos e algumas pressões de custo no Brasil e no México.

O Magazine Luiza (MGLU3), aponta o BTG, relatou uma queda na receita líquida de sua divisão de e-commerce, parcialmente compensada por uma tendência de melhora em suas operações de lojas físicas, enquanto a lucratividade mais uma vez foi um destaque do trimestre, com números operacionais ligeiramente acima de nossas estimativas. Já o Grupo Casas Bahia reportou uma melhora nos números operacionais do primeiro trimestre, levando a uma melhora no Ebitda.

Varejista de alimentos

O Assaí (ASAI3) divulgou resultados positivos no primeiro trimestre, marcados por um
crescimento decente dos números e pela continuidade do processo de
desalavancagem. A receita líquida aumentou 8% anualmente para R$18,5 bilhões (em
linha com o esperado), enquanto o SSS (sem efeitos de calendário) cresceu
5,5%.

No caso do Grupo Mateus, embora as vendas brutas tenham ficado ligeiramente abaixo do esperado, a empresa novamente reportou Ebitda e lucro líquido superiores, e seu ciclo de caixa e alavancagem financeira ficaram estáveis anualmente.

Já o GPA reportou resultados mistos no primeiro trimestre, com lucratividade e vendas melhores do que o esperado, mas alta alavancagem financeira, que continua sendo uma preocupação importante. A receita bruta foi de R$ 5,1 bilhões, um aumento anual de 4,6% (2% acima da projeção do banco), e o SSS consolidado aumentou 7,3% a/a. A estrutura de capital da empresa continua sendo um foco relevante, mas com melhorias impulsionadas pelo fluxo de caixa operacional positivo no trimestre.

The post Varejistas têm 1T25 melhor do que o esperado e com bons sinais: quais foram melhor? appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.