Coletivo literário de Vargem Alta abre inscrições para estudantes

Começa, em junho deste ano, o projeto gratuito “Vila Quilombo – Coletivos de Literatura”, que tem como objetivo formar 30 estudantes do ensino médio da rede pública de Vargem Alta/ES.

As inscrições já estão abertas para a oficina de seleção do projeto, que será realizada no dia 31 de maio, das 8h às 11h, na escola Presidente Lüebke. Os interessados devem realizar um cadastro por meio do link bit.ly/SelecaoVilaQuilombo2025

Durante a oficina, que será ministrada pelo professor Raoni Huapaya, os interessados poderão conhecer melhor a proposta do projeto Vila Quilombo, que prevê a realização de encontros de leitura e oficinas de escrita criativa, no período de junho a novembro deste ano. Ao final da reunião, haverá uma avaliação dos participantes para ingresso no projeto, que já conta com cinco integrantes oriundos do quilombo Pedra Branca, localizado em Vargem Alta. 

Com apoio do Grupo Águia Branca, por meio da Reserva Águia Branca, também localizada em Vargem Alta/ES, o projeto tem a perspectiva de estabelecer um processo criativo  entre os jovens, por meio da leitura de importantes autores brasileiros, como Lima Barreto, Conceição Evaristo, Itamar Vieira Jr., Carolina Maria de Jesus, Jeferson Tenório, Ana Maria Gonçalves, Paulo Lins, entre outros.    

A expectativa de Raoni, que é curador do projeto, é que os jovens possam desenvolver habilidades de análise literária potencializadas pela própria expressão cultural local, por meio das atividades previstas. Dessa forma, além de uma iniciativa criativa, o projeto também será uma estratégia para cultivar o potencial dos jovens, celebrar e revitalizar a cultura quilombola”, comenta o Doutor em Letras. 

Resultados esperados

O projeto prevê um itinerário formativo que culminará na publicação de uma coletânea de textos autorais dos participantes, além da promoção de eventos culturais comunitários que celebram a identidade quilombola. Ao valorizar e disseminar tradições literárias afro-brasileiras e quilombolas, o projeto contribui para o enfrentamento do racismo e a preservação dos saberes ancestrais, alinhando-se a princípios de igualdade e sustentabilidade social.

Além do impacto direto na vida dos alunos, o projeto Vila Quilombo prevê resultados como o envolvimento da comunidade local nos eventos organizados, parcerias com escolas locais, bibliotecas e centros culturais para ampliar o acesso a recursos e oportunidades, promovendo atividades conjuntas que beneficiarão tanto os participantes do projeto.

Vila Quilombo na escola

Atualmente, o projeto já é realizado na EEEFM Presidente Lüebke, com cinco alunos do Ensino Médio oriundos do Quilombo Pedra Branca. Os estudantes fazem parte do projeto de iniciação científica “Vila Quilombo: trilhas literárias antirracistas sob a perspectiva de Lima Barreto”, que é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e realizado pelo Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). 

Semanalmente, os alunos se reúnem com a tutora do projeto para realizar a leitura e a discussão de uma obra de Lima Barreto, quando são incentivados, ainda, a fazer registros em seus diários de bordo, relatando suas percepções sobre as obras e as respostas às questões propostas. 

“Dessa forma, os alunos já estão sendo introduzidos às práticas de leitura e escrita  para que possam ser mediadores no projeto da comunidade, contribuindo com a formação dos novos participantes”, aponta Gabrielle Tallon, aluna de Letras do Ifes e bolsista de Iniciação Científica do projeto.

Para Paulo Henrique Damazio Paulino, 18 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio e participante do projeto, a leitura tem sido sua companheira desde cedo. “Sempre fui apaixonado por ler desde criança, principalmente quando se trata de livros de ficção e ação”, comenta. Com o sonho de cursar Letras/Inglês quando sair da escola, o aluno acredita que o projeto tem contribuído muito para seu desenvolvimento pessoal e para mudar a visão que sempre teve das produções nacionais.

“Sempre tive muito interesse no idioma inglês, por conta de músicas, filmes e séries, e por isso penso em cursar Letras/Inglês. Mas participar do projeto e ler os contos de Lima Barreto está me fazendo perder aquela certa ‘síndrome de vira-lata’ muito comum em nosso país, de só valorizar o que vem de fora, e me fazendo enxergar que há muitos livros e contos nacionais que são ótimos”, explica o aluno.

Morador de Pedra Branca desde criança, Paulo Henrique conta que se mudou para o quilombo quando tinha 8 anos, após sua família sofrer um roubo em sua antiga casa. Seu pai, natural do quilombo, não conseguiu completar o ensino fundamental, pois tinha que trabalhar desde muito cedo para ajudar em casa. Sua mãe também passou pela mesma situação e, hoje, a família sente muito orgulho do filho que está quase se formando e por poder possibilitar o acesso de Paulo à escola.

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