Crise fiscal e política monetária entram em rota de colisão, alerta economista

A política fiscal adotada pelo governo Lula está em choque direto com os esforços do Banco Central para controlar a inflação, segundo avaliação do economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. Para ele, o Brasil vive um cabo de guerra entre um governo que amplia gastos e uma autoridade monetária obrigada a manter os juros elevados, sem espaço para cortes em 2024.

“A política fiscal, desde a PEC de transição, já era expansionista. Os gastos continuam crescendo sistematicamente, e o Banco Central foi obrigado a adotar uma política monetária restritiva. Isso cria uma rota de colisão”, afirmou Sanchez em entrevista à BM&C News.

Impactos da divergência entre política fiscal e monetária

Segundo o economista, essa desconexão entre os dois pilares da política econômica brasileira resulta em má alocação de recursos, baixa produtividade e aumento da ineficiência do Estado. Ele alerta que o maior prejudicado será o cidadão comum, especialmente no médio e longo prazos.

“Você desgasta a máquina pública, faz uma má alocação dos recursos e reduz a produtividade do gasto. No fim, quem sofre é o brasileiro — principalmente aquele que estará vivo depois de 2026”, avaliou.

Cenário de 2027 já aponta para colapso fiscal

Sanchez afirma que o mercado ainda não precificou completamente o descompromisso fiscal do governo. Segundo ele, a possibilidade de uma surpresa negativa está “praticamente encomendada”, dado que os números apresentados até agora não indicam como as contas irão fechar.

“O próprio governo já admitiu que em 2027 teremos um apocalipse fiscal. É curioso que, mesmo com essa sinalização, não se esteja fazendo nada hoje para desacelerar esse processo”, alertou.

Receita insuficiente e pacotes sem fonte de recursos

Entre os pontos críticos, o economista cita os anúncios de novos programas sociais, a expansão do PAC e promessas de reajustes na tabela do Imposto de Renda sem contrapartidas claras de arrecadação.

“Todos esses pacotes relançados e fraudes reveladas, como no INSS, levantam uma pergunta: de onde virá o dinheiro? A conta simplesmente não fecha”, destacou.

Sanchez também questiona se haverá compensação suficiente caso o governo amplie a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. A falta de clareza sobre essas projeções, segundo ele, só reforça a percepção de risco.

Eleições e responsabilidade fiscal em direções opostas

Para o economista, o governo parece operar já em clima de eleição, o que colide com o diagnóstico conhecido de que um ajuste fiscal profundo será necessário antes mesmo de 2027.

“Parece antagônico saber que há uma crise contratada e, ainda assim, entrar no modo eleição. Isso mostra uma desconexão até entre o discurso político e a realidade econômica”, finalizou Sanchez.

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