Dada como certa, fusão das gigantes Petz e Cobasi assusta mercado

As queixas e manifestações de donos de pet shop parecem não ter surtido efeito no processo de avaliação da fusão das gigantes Petz e Cobasi que tramita no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Petz e Cobasi já são as maiores redes de pet shops do Brasil. Juntas, elas têm 483 lojas em 23 estados. No ano passado, as duas gigantes faturaram R$ 7 bilhões.

Apesar dos números, a aprovação sem qualquer “remédio” — como a determinação de desinvestimentos ou limitações de práticas comerciais que possam ser anticompetitivas — é dada como certa. Tão certa que já mexeu no mercado. Na última terça-feira (20), as ações da Petz assumiram a liderança do Ibovespa na primeira hora de pregão, com salto de mais de 8%.

Dados da Receita Federal mostram que 518 pet shops de pequeno porte fecharam em 331 municípios. No mesmo período, de 2008 a 2024, Petz e Cobasi abriram 421 unidades em 84 cidades.

O levantamento faz parte dos documentos em análise pelo Cade. Desde a publicação tornando pública a análise da fusão, o Cade enviou mais de 350 ofícios para concorrentes, fornecedores, supermercados e marketplaces. As respostas, no entanto, parecem não ter surtido efeito.

Além disso, Petz e Cobasi são conhecidas pela prática de dumping. Com lojas gigantes, oferecem produtos abaixo do valor de mercado durante breves períodos para atrair clientes e minar a freguesia dos concorrentes, levando-os a fechar as portas.

Relatório interno do Cade aponta, no entanto, que a empresa resultante da fusão teria cerca de 28% de participação de mercado no Brasil. O número é maior do que o anunciado pelas empresas, que afirmam que, juntas, teriam menos de 10% do mercado. Mas o percentual calculado pelo Cade está abaixo dos limites definidos pelo órgão, o que, além da aprovação, não ensejaria nenhuma restrição ou limitação ao negócio.

A expectativa é de que o aval à fusão seja comunicado ainda esta semana — apesar de fontes da coluna afirmarem que ainda serão necessários mais alguns dias de análise. Mas tudo indica que ainda vai ter briga. A rival Petlove já deu sinais de que deve recorrer e tentar levar o caso ao tribunal administrativo do Cade.

Assim como outras redes — e donos de pequenos e médios pet shops –, a Petlove argumenta que a fusão criaria um agente com poder de mercado sem precedentes, capaz de exercer pressões sobre fornecedores, consumidores e concorrentes, minando a competição.

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