O que a enchente na Argentina aponta sobre possibilidade de nova catástrofe no Rio Grande do Sul

As enchentes que atingiram a Argentina na semana passada chamaram a atenção dos gaúchos, que enfrentaram a catástrofe histórica em maio de 2024. De acordo com a MetSul Meteorologia, o país vizinho teve um episódio de chuva extrema entre os dias 15 e 18. Os acumulados chegaram a 500 mm em apenas três dias em algumas localidades. Desta forma, é considerado um dos episódios mais graves de chuva da província de Buenos Aires. Mais de sete mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas. 

Chuva na Argentina | abc+



Chuva na Argentina

Foto: Reprodução/Redes sociais

A MetSul afirma que se a chuva que caiu na Argentina tivesse sido registrada na Metade Norte do Rio Grande do Sul, as consequências seriam mais um desastre climático. Para a meteorologista Estael Sias, o desastre na Argentina é um aviso. “Enchentes grandes podem ocorrer mesmo sem a presença do fenômeno El Niño, que costuma trazer muita chuva no Sul do Brasil, no Centro da Argentina e Nordeste da Argentina, e no Uruguai.”

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Atualmente, o Oceano Pacífico está em condição de neutralidade, ou seja, sem El Niño ou La Niña. Porém, isso não é uma garantia de que a região do Cone Sul está livre da ocorrência de extremos. “Trata-se de uma falsa sensação de segurança. Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Assim, tanto na precipitação como na temperatura os sinais podem ser mistos”, diz Estael.

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O aviso, conforme Estael, não é de que está prestes a vir uma nova grande enchente, mas sim que o risco existe mesmo sem El Niño. Um exemplo de grande enchente sem El Niño foi a cheia do Vale do Taquari de julho de 2020, após o ciclone bomba, quando a cota atingiu 27,55 metros no porto de Estrela. 

A MetSul enfatiza que não há como questionar se haverá ou não uma nova grande enchente, mas sim quando vai acontecer. “Qualquer afirmação que fixe data, como, por exemplo, em 30 anos, é absolutamente especulativa. O que se pode prognosticar é que, diante das mudanças climáticas, o tempo de intervalo ou recorrência entre estes eventos tende a diminuir. O planeta seque aquecendo e de forma mais acelerada nos últimos anos. Quanto mais aquecer, menor será o intervalo entre estes episódios extremos”, prevê Estael.

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