Troca de CEO não assusta: o que explica a confiança no novo líder do Mercado Livre

Mercado Livre

O anúncio de que Marcos Galperin deixará o cargo de CEO do Mercado Livre (MELI34) a partir de 1º de janeiro de 2026, assumindo uma nova função como presidente executivo do conselho, mexeu com o mercado. Ariel Szarfsztejn, atual vice-presidente executivo de Comércio, foi indicado como seu sucessor.

A decisão, comunicada ao mercado na quarta-feira (21), pegou investidores e analistas de surpresa, não pelo perfil do novo executivo, mas pelo momento escolhido para divulgar a transição. Apesar disso, a avaliação predominante entre os grandes bancos é de que a estrutura da companhia, que é avaliada como um destaque do e-commerce, permanece firme, com uma sucessão planejada e interna, sinalizando continuidade nas operações. Szarfsztejn, por sinal, chega ao posto mais alto da companhia com respaldo interno e histórico de entregas relevantes, o que ajuda a preservar a confiança dos investidores, segundo os estrategistas.

Para a XP Investimentos, a notícia foi inesperada, especialmente porque Galperin sempre foi visto como o rosto do Mercado Livre desde sua fundação, há 26 anos. A casa acredita que o mercado pode reagir inicialmente de forma negativa, embora não antecipe mudanças abruptas na condução do negócio, já que Galperin permanecerá próximo da operação em áreas estratégicas, como alocação de capital, desenvolvimento de produtos e aplicação de inteligência artificial. A XP mantém recomendação de compra para a ação.

A análise ressalta que o novo CEO tem histórico dentro da empresa: ingressou em 2017, liderou iniciativas nas áreas de estratégia, logística e comércio, essa última sob sua responsabilidade desde 2022. “Os preços das ações podem reagir negativamente, mas não de forma disruptiva. Em nossa visão, o anúncio não deve ser disruptivo para os negócios, já que o Sr. Galperin permanecerá próximo, liderando discussões estratégicas, enquanto o processo de transição deve ser realizado de forma muito suave”, escrevem as analistas.

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O Morgan Stanley adota uma visão parecida: embora a saída de Galperin represente um ponto de inflexão após mais de duas décadas de liderança, os analistas veem continuidade com a ascensão de Szarfsztejn, que também comandou a área de logística (Mercado Envios) entre 2018 e 2021. Para o banco, essa transição é parte de um processo natural, que vinha se construindo ao longo do tempo com a formação de um grupo de executivos experientes que cresceram internamente.

“Consideramos Ariel Szarfsztejn um exemplo claro disso: em seus oito anos na companhia, assumiu papéis cada vez mais relevantes, estruturando uma área estratégica (logística), liderando uma divisão importante (comércio) e aumentando sua presença externa, inclusive nas teleconferências de resultados do Mercado Livre”, diz o relatório.

O Morgan Stanley reitera sua recomendação overweight (desempenho superior) para MELI34, com preço-alvo de US$ 2.850. “Acreditamos que a capacidade do negócio continuar crescendo e executando mesmo com o afastamento de Galperin das atividades diárias é um reflexo da solidez da empresa que ele construiu”, completa o Morgan.

Já o Bradesco BBI chama atenção para o fato de o anúncio ter sido inesperado, embora afirmem que a troca de comando fosse esperada em algum momento. A permanência de Galperin como chairman executivo e o longo período de transição são considerados pontos positivos. Segundo o BBI, Szarfsztejn tem entregado bons resultados à frente da divisão de comércio, com crescimento médio anual de 22% em volume bruto de mercadorias (GMV), além de ter reforçado a rede logística e fortalecido a presença do MELI nos principais mercados latino-americanos.

Apesar de ser mais jovem do que outros executivos da empresa, avaliam os analistas, o BBI diz que Szarfsztejn tem boa reputação no mercado. A escolha de um nome interno que já ocupava posição de destaque reforça a leitura de continuidade estratégica. O banco também observa que o MELI já realizou mudanças importantes em cargos de liderança no passado sem prejuízo à operação, e vê a estrutura atual como preparada para sustentar o crescimento nos próximos anos.

“Uma empresa líder consolidada não teria conseguido superar o mercado de forma consistente por tanto tempo se dependesse exclusivamente de um líder centralizado, sem processos fortes, execução eficiente e uma equipe talentosa e alinhada com a estratégia de longo prazo. Além de Szarfsztejn ser um nome apropriado para o novo ciclo de liderança, Galperin seguirá envolvido e comprometido com o sucesso de longo prazo da empresa”, pontua o relatório. A recomendação do BBI para as ações do Mercado Livre é outperform (acima da média), com preço-alvo de US$ 2.550.

O Santander adota uma leitura parecida, considerando a mudança como uma progressão natural na trajetória de Galperin. O banco diz que não vê mudanças no direcionamento estratégico da companhia, dado o envolvimento contínuo do fundador como presidente do conselho e a experiência acumulada de Szarfsztejn. A transição gradual, com duração de cerca de sete meses, é vista como fator que facilita a adaptação à nova liderança. O Santander classifica a ação como outperform e tem preço-alvo de US$ 2.500.

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