Haddad revê alta do IOF e admite mais cortes no Orçamento

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (23) que a decisão do governo federal de manter zerada a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos de fundos nacionais no exterior pode forçar uma ampliação do contingenciamento de despesas no Orçamento de 2025. A medida havia sido anunciada originalmente com alta para 3,5%, mas foi revertida por decreto publicado no Diário Oficial da União na manhã desta sexta.

A reversão ocorre um dia após o anúncio de um bloqueio de R$ 31,3 bilhões em despesas, como parte do esforço fiscal da equipe econômica para equilibrar as contas públicas. Segundo o ministro, a mudança de rumo pode impactar diretamente a arrecadação prevista com o imposto. “Nesse patamar, pode sim. Podemos ter que ampliar o contingenciamento ou algo desse tipo”, declarou.

De acordo com Haddad, a estimativa inicial era de arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026 com o aumento do IOF. Com a decisão de manter as alíquotas atuais — 0% para investimentos no exterior e 1,1% para remessas com destino a investimentos — a expectativa de receita cai, e o governo agora estuda alternativas para compensar o impacto fiscal.

A mudança, segundo o ministro, foi tomada de última hora. “Tomamos a decisão às 11 horas da noite. Eu virei a noite redigindo o decreto para permitir a publicação imediata”, relatou. Durante entrevista coletiva em São Paulo, Haddad estimou que a perda de arrecadação com a revisão será de R$ 2 bilhões neste ano e R$ 4 bilhões em 2026.

O governo tem até o fim de maio para apresentar novas medidas de ajuste, seja por meio do aumento de receitas ou de novos cortes de gastos. Questionado sobre o impacto político da reversão, Haddad minimizou a mudança e reforçou o compromisso com o novo arcabouço fiscal. “Não temos problema em corrigir a rota, desde que o rumo seja mantido”, disse.

O ministro também explicou que antecipou o anúncio para antes da abertura dos mercados financeiros com o objetivo de evitar especulações. “Foi uma forma de evitar boataria sobre intenções que o governo não tem e que poderiam transmitir uma mensagem errada”, concluiu.

O post Haddad revê alta do IOF e admite mais cortes no Orçamento apareceu primeiro em Aqui Notícias.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.