Ibovespa sai de queda de 1,6% e fecha em alta de 0,4% com efeito IOF: o que explica?

O Ibovespa conseguiu fechar com ganhos na sessão desta sexta-feira (23), após uma abertura de forte aversão ao risco.

O benchmark da Bolsa brasileira fechou em alta de 0,40%, aos 137.824,29 pontos, na máxima do dia. A mínima foi de 134.997,30 pontos (-1,66%) nos primeiros negócios; assim, foi revertida a abertura mais negativa em meio a novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo governo brasileiro.

O governo recuou ontem na decisão de aplicar alíquota de 3,5% em fundos de investimento no exterior após muita pressão do mercado e indicou que pode haver aumento no contingenciamento.

De qualquer forma, a cautela dos agentes com o fiscal continua. Nos EUA, o mercado de títulos fecha mais cedo hoje devido ao feriado na segunda-feira pelo Memorial Day.

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No Brasil, seis horas depois de divulgar o aumento do IOF para uma série de transações, o Ministério da Fazenda recuou na ideia de taxar fundos nacionais no exterior.

“A revogação de algumas partes do decreto trouxe um certo alívio, se deixasse do jeito que estava seria pior, mas não muda o modo como o mercado interpretou a decisão”, diz Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos. Ele completa dizendo que o episódio “mostra que o governo está buscando desesperadamente bater a meta fiscal via aumento da arrecadação”. 

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“Um recuo por mais que seja bom, o estrago já foi feito. As impressões que ficam são bem negativas. Não tem como apagar a mácula que foi criada”, afirma Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Em meio ao incômodo dos mercados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concedeu entrevista nesta manhã em São Paulo, para tentar atenuar o mau humor dos investidores da véspera. Conforme Spiess, o governo conseguiu ofuscar a possibilidade de efeito positivo de uma notícia que poderia agradar, ao anunciar um contingenciamento maior do que os R$ 10 bilhões previstos pelo mercado.

Direto de seu gabinete em São Paulo, disse que não considera exagerada a má reação do mercado financeiro ao anúncio de mudanças no IOF. Também para ele, o aumento não indica que o governo federal busca fazer um ajuste fiscal apenas pelo lado das receitas.

A medida tem um impacto arrecadatório de cerca de R$ 20 bilhões, de acordo com a pasta. Também comentou sobre as especulações envolvendo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a respeito das medidas. “Voltar atrás é muito positivo”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

“Na minha visão, mostrou que voltará atrás em pautas sensíveis como investimentos de fundo nos mercados internacionais, o que dá a entender que podem mexer mais se necessário”, reforça Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos.

Ontem, o governo anunciou contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas do Orçamento para tentar cumprir a meta de déficit fiscal zero prevista para o ano. Porém, acabou ficando em segundo plano, pois na sequência foi anunciado aumento do IOF para uma série de operações, como no crédito para empresas, cartão de crédito internacional e previdência privada. A medida, para reforçar os cofres públicos, já entra em vigor nesta sexta-feira.

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Além de o assunto gerar preocupações fiscais nos mercados, os investidores ainda se deparam com o mau humor externo diante do acirramento da disputa comercial norte-americana.

Hoje, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomendou que uma tarifa fixa de 50% seja aplicada contra a União Europeia (UE) a partir de 1º de junho. O republicano ainda ameaçou impor tarifas à Apple se a gigante de tecnologia americana continuar fabricando iPhones em outros países fora dos EUA; posteriormente, Trump disse que tarifas sobre a Apple também atingiriam a Samsung e outros fabricantes

Ontem, o Ibovespa fechou com queda de 0,44%, aos 137.272,59 pontos. Na semana, agora, cede quase 2,00%.

(com Estadão Conteúdo e Reuters)

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