“Labubu”: Como esses pequenos elfos viraram uma febre global

Na madrugada de sexta-feira, às 4h45, uma fila de centenas de pessoas já se formava em frente à loja da Pop Mart em Los Angeles. A planejadora financeira Korin Reese, de 42 anos, chegou achando que estava adiantada — mas se surpreendeu ao ver pessoas acampadas desde às 22h da noite anterior, munidas de cadeiras dobráveis, lanches e garrafas de água.

Todos queriam garantir um exemplar da nova coleção de Labubu, chaveiros de bonecos fofinhos vendidos exclusivamente pela Pop Mart, varejista chinesa especializada em colecionáveis. Os Labubu, parte da série The Monsters, são os sucessores espirituais de ícones como Hello Kitty, Sonny Angel e Gudetama — e já conquistaram legiões de fãs ao redor do mundo.

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Fofos, travessos e altamente colecionáveis

Os Labubu são elfos nórdicos peludos, com orelhas pontudas e sorrisos sapecas com dentes tortos. Segundo Emily Brough, diretora de licenciamento da Pop Mart na América do Norte, são todos “bem-intencionados” — mesmo quando se metem em confusões. Criados pelo artista nascido em Hong Kong Kasing Lung, os personagens começaram como figuras de livros infantis e, em 2019, viraram brinquedos de design após uma parceria com a Pop Mart.

Desde o lançamento da primeira linha de chaveiros, Exciting Macaron, em outubro de 2023, cada nova série se esgota em minutos nas lojas online. O preço gira em torno de US$ 30, mas edições limitadas são revendidas por valores muito maiores. Os bonecos não só viraram objeto de culto entre colecionadores, como também se transformaram em acessórios de moda, com aparições em bolsas de grife como as da Louis Vuitton.

Credito Pop Mart

Rihanna, Dua Lipa e uma explosão global

O “boom” dos Labubu aconteceu em 2024, quando cruzaram do universo nichado dos colecionadores para o mainstream. A cantora Lisa, do grupo Blackpink, exibiu um Labubu pendurado em sua bolsa de luxo no Instagram, o que impulsionou ainda mais o interesse. Em seguida, Rihanna e Dua Lipa também foram vistas com os bonecos, e a atriz Emma Roberts publicou uma história mostrando sua nova leva de quatro Labubus ao som de Britney Spears.

Pop Mart desafia crise e fatura bilhões

A Pop Mart se destacou como uma empresa “à prova de recessão”. Em 2024, a companhia faturou US$ 1,8 bilhão, um salto de mais de 100% em relação ao ano anterior. Somente os produtos da linha Labubu e The Monsters renderam cerca de US$ 400 milhões, com crescimento de 726% em um ano — tornando-se uma das linhas mais lucrativas da empresa, segundo a Bloomberg.

Parte do sucesso vem da estratégia de vendas por “blind box” — ou seja, os compradores não sabem qual versão do boneco estão adquirindo, o que mantém o fator surpresa e a sensação de desafio. “Isso é o que mantém os fãs engajados”, afirma Joshua Paul Dale, autor de Irresistible: How Cuteness Wired Our Brains and Conquered the World.

Comunidades, moda e até aeroportos

A febre gerou microindústrias paralelas em plataformas como Etsy e AliExpress, com roupas, bolsas e até assentos de carro feitos sob medida para os bonecos. A procura é tamanha que levou ao colapso do site da Pop Mart no lançamento da nova coleção: com tráfego acima do previsto, o app saiu do ar e os produtos esgotaram rapidamente após o retorno. Em fóruns como o Reddit, usuários relatavam frustração e “guerra emocional” por não conseguirem garantir uma unidade.

O músico Martin Navarro Nibungco, de 22 anos, chegou a ser parado por agentes da segurança de aeroporto nos EUA após voltar de férias na Tailândia com 12 bonecos Labubu na mala. O caso mostra o nível de atenção (e estranhamento) que a coleção desperta.

Mais do que colecionáveis: um refúgio emocional

Para muitos fãs, como Navarro, o boneco é mais que um item de moda — é uma fonte de conforto em meio à instabilidade global. “É escapismo puro”, diz ele. “As pessoas estão dispostas a esperar e pagar 20 ou 30 dólares por um bonequinho fofo, apesar de tudo que está acontecendo no mundo. Isso diz muito.”

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