Supervisora diz que menino autista sorriu e aceitou ser arrastado

A supervisora e a coordenadora da clínica de psicologia Única Kids, onde um menino de 8 anos foi arrastado pelos braços e pernas nessa quinta-feira (22/5), confirmaram em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que imobilizaram o garoto e o carregaram. O caso foi registrado pelas câmeras de segurança da unidade de saúde.

Reveja o vídeo do caso e o depoimento da mãe:

Em depoimento ao qual a coluna Na Mira teve acesso, a supervisora da clínica contou que o menino fugiu para a rua, como já teria feito outras vezes. A criança teria se atirado no chão quando a equipe o alcançou e, por isso, segundo a mulher, teria sido necessário carregá-la.

À polícia a mulher confessou que aquela não foi a melhor forma de conduzir o caso. No entanto, disse que o garoto não reclamou e até sorriu quando foi pego pelas pernas e que, por isso, decidiu prosseguir com aquela conduta.

A coordenadora da Única Kids deu depoimento similar. Ela contou que pegou o garoto apenas pelas mãos, mas que aquilo não teria sido suficiente para levá-lo de volta à clínica.

As mulheres alegam ainda que o menino, que é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), costuma fugir da clínica durante o atendimento, obrigando os funcionários a correr atrás dele.

As duas foram presas em flagrante pelo crime de maus-tratos e foram liberadas após pagarem fiança de R$ 3 mil cada.

Entenda o caso:

  • A agressão contra a criança foi filmada e viralizou nas redes sociais nessa quinta-feira (22/5).
  • A Única Kids alega que o garoto costumava fugir para a rua e que, nesta quinta-feira, teria acontecido novamente. Em contrapartida, a mãe afirma que é a unidade quem permite que ele corra para fora da clínica.
  • Após o garoto ser arrastado de volta para dentro da clínica, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi chamada e prendeu em flagrante a supervisora e a coordenadora da Única Kids.
  • As mulheres confessaram a atitude, pagaram fiança e foram liberadas.
  • A família do garoto registrou boletim de ocorrência junto à PCDF para que o caso seja investigado, e os possíveis culpados, responsabilizados.
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Pai e mãe se revoltam

A mãe da criança, Heloísa Cervo, usou as redes sociais para um desabafo. Ela compartilhou o vídeo que mostra o garoto sendo arrastado e carregado por quatro pessoas.

“Mais uma vez deixaram ele fugir [da clínica]. Só que, além de ele fugir, ele foi tratado igual bicho”, esbraveja Heloísa. “A diretora da clínica estava mais preocupada em saber quem tinha passado as imagens para a gente do que [saber o que] realmente tinha acontecido com meu filho”, acusa.

“Isso é agressão. Isso é maus-tratos. Primeiro, contra uma criança, e, segundo, contra uma pessoa com deficiência.”

Profundamente abalado, o pai do garoto, Rodrigo Neres da Silva Rodrigues, classificou como revoltante o episódio. “É uma situação de impotência você ver e não poder estar ali naquele momento para defender seu filho”, lamenta.

“A gente se questiona: ‘Será que ele não estava fugindo [da clínica] porque os maus-tratos não estavam sendo feitos antes, dentro da própria sala de terapia?’.”

Outro lado

Em nota publicada nas redes sociais, a clínica Única Kids, localizada no trecho 4 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), classificou o episódio como “isolado”. “Cumpre destacar que tais eventos correspondem a condutas isoladas, que não refletem nossos valores e o compromisso inabalável da Clínica com a ética, o cuidado humanizado e a excelência no atendimento aos nossos pacientes”, afirmou.

Segundo o comunicado, a clínica adotou as medidas administrativas necessárias. A empresa também declarou que colabora com as autoridades para a elucidação dos fatos. Além disso também ressaltou que as funcionárias têm direito à ampla defesa e ao contraditório.

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