Vendas crescem mais de 15% em supermercados e restaurantes, apesar de Selic elevada

O preço nos supermercados e restaurantes aumentou, o que não impediu o brasileiro de consumir ainda mais – pelo menos até agora. É o que aponta a pesquisa Índices de Consumo em Supermercados e Restaurantes, realizada pela Alelo, empresa de benefícios, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Entre janeiro e abril (sobre o mesmo período de 2024), os supermercados registram crescimento nas três dimensões avaliadas – número de transações (8%), valor transacionado (17,3%) e tíquete médio (8,6%). Já nos restaurantes, praticamente não houve alteração na quantidade de transações (+0,4%), mas as altas sobre o ano passado nos valores foram igualmente em dois dígitos – valor transacionado (15,9%) e tíquete médio (15,4%)

Segundo Maiara Souza, gerente de ciência de dados e IA da Alelo, os dois setores se mostraram “incrivelmente resilientes no passado recente”. Mas há um sinal amarelo aceso. Ainda que os indicadores tenham se mostrado robustos na largada do ano, a Selic a 14,75% é um alerta para os varejistas dos dois segmentos. “O aumento dos juros e sua possível manutenção em patamares elevados por muito tempo é um remédio amargo para conter pressões inflacionárias”, afirmou. A expectativa para os próximos meses, segundo ela, é de acomodação dos indicadores, mas Maiara não descarta queda no desempenho do consumo nesses segmentos a depender da macroeconomia.

Com esses dados postos, tanto a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) quanto a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) fazem suas projeções. Entre os supermercadistas, a expectativa é de crescimento na casa dos 2,7% – em 2024, o setor cresceu 6,5%. No ramo de alimentação fora do lar, a projeção é de crescimento de 3% no cenário mais pessimista e 5% em um recorte mais otimista Em 2024 o setor de alimentação fora do lar cresceu 10%.

Para Joaquim Saraiva, diretor da Abrasel-SP, o bom resultado no começo de 2025 está relacionado ao desempenho do mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) feita pelo IBGE e divulgada em março, são 39,6 milhões de trabalhadores com carteira assinada, alcançando recorde histórico da série iniciada em 2012. “Temos mais pessoas consumindo fora do lar porque estão saindo de casa. Esse aumento significativo de empregos influencia muito”, disse.

Felipe Queiroz, economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (Apas), afirma que o crescimento de 3,4% do PIB ano passado ficou acima da expectativa dos agentes econômicos, e puxou consigo os bons resultados da cadeia supermercadista. No entanto, os efeitos da Selic de dois dígitos têm chegado ao consumidor. “O que irá pesar ainda mais na disponibilidade de consumo das famílias brasileiras.”

Segundo Maiara Souza, da Alelo, ainda que os fatores macroeconômicos já estejam pressionando a renda das famílias, um fator que pode ter ajudado a manter a alta dos últimos meses são as políticas de valorização do salário mínimo, o apoio a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e os benefícios corporativos. Ela afirma que os dados apresentados no último Panorama Benefícios Brasil, apurado pela Alelo junto à Fipe, mostram que o valor médio do benefício alimentação (para gastos em supermercados) em março de 2025 correspondeu a um incremento de 13,8% do rendimento médio mensal dos trabalhadores empregados com carteira assinada no setor privado. Em paralelo, o benefício refeição (para alimentação) significou 16,9% a mais na renda dos trabalhadores formais. Juntos, o recebimento dos benefícios representa um aumento de 30,6% no rendimento mensal das pessoas com registros formais no mercado de trabalho.

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