Rodas de conversa exploram as faces da moda no MFDF 2025; veja

Durante os dias 22 e 23 de maio, o Metrópoles Fashion & Design Festival 2025 promoveu uma série de rodas de conversa, que reuniram experts, designers e criadores de Brasília. Os convidados debateram a moda dentro de temas como sustentabilidade, ancestralidade, identidade e política. O evento foi idealizado e realizado pela colunista Ilca Maria Estevão.

Vem conferir!

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesPúblico acompanhou 10 talks ao longo do MFDF 2025

Rodas de quinta-feira (22/5)

O talk que abriu a programação das rodas de conversa teve como tema Entre Mulheres – Empreendimentos que Cuidam e Transformam, que destacou o empreendedorismo feminino como motor de redes de apoio, transformação e sobrevivência coletiva.

Ana Cristina Siqueira contou a origem do Instituto Acolher, o foco em mulheres acima de 35 anos, o aprendizado em transformar o cuidado em projeto de renda e pertencimento e os impactos concretos observados, que incluem autoestima, autonomia e renda. Adriane Piau narrou a trajetória da Cia do Lacre, a consolidação como rede de formação e geração de renda, e como o trabalho com artesanato e crochê com lacres se torna instrumento de inclusão social e ambiental.

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesRoda Entre Mulheres

 

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesAdriane Piau, Rebeca Oliveira, Rafaella Lacerda e Ana Cristina Siqueira

A segunda roda, Curadoria e Consumo: Como Escolhemos o que Vestimos?, teve como eixo temático o consumo consciente, a curadoria afetiva e a inclusão na moda independente, propondo discutir como construir um guarda-roupa que dialogue com a identidade pessoal, em contraste com algoritmos e tendências rápidas.

Participaram do talk as fundadores de dois brechós da capital: Morgana Franco, do Bem QT Quis, e Bruna Brito, do GGarimpei, que compartilharam como a curadoria, para além de vender roupas, pode ser uma ferramenta de educação estética e valorização de diferentes corpos e histórias, destacando que em tempos de fast fashion, “curar o vestir é resistir, acolher, ensinar e transformar”.

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesRoda Curadoria e Consumo

 

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesBianca Tôrres, Bruna Brito, Morgana Franco e Pedro Ângelo Cantanhêde

A roda Circuito Regenerativo: Giro de Estoque entre Multimarcas e Brechós abordou a moda circular, inovação em modelos de negócio e colaboração no varejo independente. A proposta foi apresentar a experiência colaborativa de circulação de peças entre as multimarcas Jeté e Hills e o brechó Só Usei Uma Vez, representados por Raquel Jones, Giulia Abbott e Bia Teixeira, respectivamente.

O giro de estoque entre as lojas surgiu como forma de equilibrar o ideal de prolongar a vida da peça que não foi imediatamente vendida pelas multimarcas, tendo o brechó como novo espaço para exposição e comércio. As participantes chegaram à conclusão de que a moda não precisa ser descarte, mas sim movimento e regeneração, e que cada peça que circula carrega novas camadas de significado.

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesRoda Circuito Regenerativo

 

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesBianca Tôrres, Giulia Abbott, Bia Teixeira, Raquel Jones e Igor Tx

Os participantes da última roda do dia tiveram como ponto de intercessão a história com Brasília na produção fashion. o talk Fazer Aqui: Desafios da Produção Local na Moda reuniu os criadores Bernardo Rostand, Lucila Pena e Luyd, que conversaram sobre a relação do público brasiliense com marcas da capital e desafios logísticos, criativos e econômicos de manter a produção no DF.

Lucila abordou o que significa criar uma marca slow fashion e artesanal em um mercado acelerado e como o lowsumerismo influencia suas escolhas. Bernardo Rostand compartilhou o impacto de sua experiência na ópera em sua entrada na moda sob medida e o que significa aliar sofisticação técnica com estética autoral brasiliense. Já Luyd detalhou como o jeans, o upcycling e a colaboração familiar são pilares de sua marca.

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesRoda Fazer Aqui: Desafios da Produção Local na Moda

 

moda mfdf 2025 metropoles fashion design rodas de conversa talks - metrópolesPedro Ângelo Cantanhêde, Bernardo Rostand, Luyd, Lucila Pena e Roberta Pinheiro

Rodas de sexta-feira (23/5)

O último dia de Metrópoles Fashion & Design começou com a roda Criar com o que se tem: Arte, Sustentabilidade e Afeto no Processo Criativo, que explorou a ideia de que criar com o disponível é um ato de potência, transformando sobras em novos começos, fios em narrativas e gestos coletivos em crítica ao sistema.

Com a participação do coletivo Centopeia Têxtil, a conversa aprofundou como a dinâmica do projeto Tudo Vira Fio transforma performance em peça e memória, como o tempo do fazer manual redefine o ritmo criativo, o valor simbólico de peças feitas por muitas mãos e a reeducação estética do público que aprende a valorizar o que é feito a partir da escuta, memória e afeto.

Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Roda Criar com o que se tem
Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Hebert Madeira, Coletivo Centopeia e Rafaella Lacerda

Em seguida, a roda Luxo Candango: Acessórios de Alto Valor Feitos no Quadrado abordou o conceito de luxo na atualidade e discutiu a frequente desvalorização da produção autoral e local. Contando com Ana Paula Braga, fundadora do Confraria Studio, e Tainah Barreto, fundadora da Barreto Shoes, a discussão girou em torno de como criar e manter marcas de luxo artesanal no Brasil, a percepção do público brasiliense sobre a moda feita localmente e os desafios de conciliar elegância, conforto e propósito.

As convidadas falaram sobre as barreiras enfrentadas para comunicar o valor do “feito no DF”. A conversa também explorou o significado de criar produtos duráveis e atemporais, o papel do luxo autoral como ferramenta de memória e identidade local, e como iniciativas como o MFDF ajudam a aproximar marcas locais do público.

Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Roda Luxo Candango
Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Hebert Madeira, Ana Paula Braga, Tainah Barreto e Roberta Pinheiro

Com tema Raiz e Futuro: Entre Legados e Novos Negócios na Moda do DF, a terceira roda do dia propôs uma reflexão sobre o tempo na moda, contando com a participação de designers com longas e recente carreiras. Os participantes foram Felipe e Mackenzo, fundadores da Sacramound; Ruth Venceremos, produtora do coletivo Distrito Drag; e Daniella Naegele, da Avanzzo.

A conversa mostrou o que a tradição tem a ensinar à inovação, por meio de experiências e trajetórias. Discutiu-se como marcas com legado se mantêm relevantes, como novas iniciativas equilibram propósito simbólico com a realidade do mercado, a importância do tempo (memória, urgência e projeção) no processo criativo, e a troca de aprendizados entre empreendedores de diferentes gerações.

Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Roda Raiz e Futuro
Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Rebeca Oliveira, Daniella Naegele, Ruth Venceremos, Bianca Tôrres, Felipe e Mackenzo

Decolonialidade, artes e negócios: Lojas, Feiras, Telas e Rituais foi o tema da roda que teve como eixo temático o empreendedorismo desde uma perspectiva decolonial, buscando romper com lógicas impostas para criar novos sistemas baseados em corpos, memórias e territórios.

Com a presença de Thaty Cunha, da marca Crioola, e Victor Hugo Soulivier, artista visual e fundador do Tela Ambulante, a discussão focou em artistas que constroem negócios como rituais vivos de presença e resistência. Os convidados falaram sobre como a espiritualidade e a performance moldam a prática na moda, cada qual com sua origem e pautas.

Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Roda Decolonialidade, artes e negócios
Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Pedro Ângelo Cantanhêde, Thaty Cunha, Victor Hugo Soulivier e Igor Tx

Finalizando o Festival, a roda Moda é Política: Empreender com Corpo e Discurso no DF teve como eixo a estética como ferramenta de disputa e o empreendedorismo periférico. Ruth Venceremos, Victor Hugo Soulivier e Di Vina Kaskaria retornaram ao espaço do talk para discutir como moda é linguagem, enfrentamento e futuro, transformando tecido em discurso e estética em resistência.

A conversa explorou o que significa “empreender com corpo e discurso”, como arte drag, ativismo e arte têxtil se articulam como linguagem política, e como a coletividade se expressa na moda autoral.

Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Roda Moda é Política
Imagem colorida dos participantes da roda de conversa do Metrópoles Fashion e Design 2025 Rebeca Oliveira, Ruth Venceremos, Victor Hugo Soulivier, Di Vina Kaskaria e Rafaella Lacerda

Ao longo dos dois dias, as rodas de conversa foram mediadas por Bianca Tôrres, Hebert Madeira, Igor Tx, Pedro Ângelo Cantanhêde, Rafaella Lacerda, Rebeca Oliveira e Roberta Pinheiro.

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O projeto Metrópoles Fashion & Design Festival 2025 foi realizado com fomento da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (@seturdf), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Social Brasileiro – INBRAS.

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