Ácido hipocloroso na pele é seguro? Dermatologista esclarece dúvidas

Entusiastas do skincare já podem notar uma nova febre na internet. Isso porque criadores do TikTok têm incorporado um novo item às suas bolsas de ginástica para levar à academia a fim de garantir três funcionalidades: prevenir acne pós-treino, afastar odores e até mesmo limpar equipamentos.

Parece inusitado, mas estamos falando dos frascos de spray com ácido hipocloroso, também conhecido como “desinfetante da natureza”. A depender da concentração, o produto pode ser usado para combater inflamações e acelerar processos naturais do corpo, como a cicatrização. Mas será que é realmente seguro borrifar ácido hipocloroso na pele?

Leia também
  • Vida & Estilo

    Saiba qual chá usar no skincare para desinchar o rosto e rejuvenescer
  • Vida & Estilo

    Médica alerta para riscos do uso inadequado de ácidos no skincare
  • Claudia Meireles

    Morning Shed: veja se trend de skincare no TikTok é segura para a pele
  • Claudia Meireles

    Médica cita o que não pode faltar na rotina de skincare na menopausa

Para entender tim-tim por tim-tim sobre essa trend, a coluna Claudia Meireles recorreu à dermatologista Luanna Caires Portela. De início, ela já ressalta que o ácido hipocloroso é uma substância “fabricada” pelo próprio corpo. “É uma molécula natural produzida pelo sistema imunológico com propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias”, explica a médica.

Na dermatologia, o composto é utilizado como coadjuvante no cuidado de feridas, dermatites, irritações e outras condições que exigem redução da carga microbiana sem agressão à pele. “Ele é empregado nos produtos para higienizar suavemente, reduzir microrganismos e modular a inflamação, protegendo a integridade da barreira cutânea”, informa.

Jovem mulher branca mostrando o rosto - MetrópolesÁcido hipocloroso na pele é seguro? Dermatologista esclarece dúvidas

Não confunda!

Em concentrações mais altas, o ácido hipocloroso pode ser encontrado em produtos comuns de limpeza, como os de superfícies e até de piscinas. Ele pode ser usado, também, para higienizar equipamentos médicos.

Já no quesito cuidados com a pele, a substância precisa ser diluída a uma concentração totalmente segura para essa região. E é isso que alguns fabricantes fazem antes de disponibilizar o produto para o consumidor.

“Para a pele, o ácido hipocloroso é desenvolvido em concentrações seguras e com pH adequado. Já as versões para limpeza de ambientes podem conter substâncias irritantes e não são apropriadas para aplicação tópica”, alerta a profissional.

Benefícios para a pele e contraindicações

Questionada sobre os benefícios do ácido hipocloroso para a saúde cutânea, Luanna Caires Portela comenta que a ação antimicrobiana sem agressividade, o efeito anti-inflamatório, a boa tolerância e o auxílio na cicatrização o tornam especialmente útil em peles sensibilizadas e no pós-procedimento dermatológico para reduzir infecções.

Jovem mulher negra sorrindo com as mãos cobrindo os lados de suas bochechas enquanto seus olhos estão fechadosNa dermatologia, o ácido hipocloroso é utilizado como coadjuvante no cuidado de feridas, dermatites, irritações e outras condições que exigem redução da carga microbiana sem agressão à pele

Ela reitera que, quando utilizada de forma adequada, a substância é segura. No entanto, indivíduos sensíveis podem apresentar irritação. “O uso de produtos não dermatológicos na pele é expressamente contraindicado”, adverte.

Ácido hipocloroso versus acne

De acordo com a profissional, embora seja utilizado de forma adjuvante, o ácido hipocloroso não é considerado tratamento de primeira linha para acne nas diretrizes internacionais vigentes, tanto americanas quanto europeias.

“A acne é uma condição inflamatória crônica da unidade pilossebácea, cuja fisiopatologia é predominantemente influenciada pela ação hormonal androgênica e pela predisposição genética, associadas à hipersecreção sebácea, queratinização folicular anormal, desbiose cutânea com proliferação de Cutibacterium acnes, resposta inflamatória exacerbada, e, secundariamente, modulada por fatores externos como dietas hiperglicêmicas, estresse psicossocial e uso de cosméticos comedogênicos”, observa.

Luanna frisa, ainda, que em protocolos modernos o ácido hipocloroso pode ser associado para reduzir a carga bacteriana e a inflamação de forma suave, sem prejudicar a flora natural da pele. Contudo, ele “não substitui as terapias clássicas preconizadas para acne moderada e grave, como retinoides, peróxido de benzoíla e antibióticos tópicos ou orais”.

Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.