RESPEITÁVEL PÚBLICO: circo garante o espetáculo sob a grande lona na região

As luzes se apagam e o silêncio toma conta do público. De repente, um único facho ilumina o picadeiro. O trapezista saúda a plateia. Ele sobe a corda sob o compasso da música vibrante. Ao chegar no trapézio, acena novamente antes de desafiar a lei da gravidade sob o som de “oohs” e “ahhs” da plateia maravilhada lá embaixo.

Entre as atrações do Circo Fantasy, há espetáculo de malabarismo



Entre as atrações do Circo Fantasy, há espetáculo de malabarismo

Foto: Paulo Pires/GES

Desde que estreou em Canoas no último dia 16, o Circo Fantasy tem encantado o público, com espetáculos diários carregados de emoção, graça e magia. As apresentações, com cerca de uma hora e meia, alternam momentos cômicos e os tradicionais números de malabarismo, contorcionismo, mágica, etc.

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E como uma coisa tão antiga quanto o circo pode continuar chamando a atenção de uma geração acostumada a ver “de tudo” por meio da tela do celular? Aos 40 anos, Rony Peterson comanda o espetáculo do Circo Fantasy. No picadeiros desde os 10 anos, ele explica que o circo, “ao vivo e a cores”, proporciona emoções diferentes a cada um.

“Existe uma diferença muito grande entre abrir o aparelho celular para assistir um vídeo de alguém se arriscando e ver artistas desafiando a morte ao vivo e acores”, diz. “A arte circense é cada vez mais rara e, por isso mesmo, chama a atenção por onde quer que passe.”

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Rony se reveza no picadeiro do Fantasy entre as brincadeiras como o palhaço Peteca e as acrobacias garantidas como malabarista. Para quem assiste, não há como perceber que o bobo Peteca e o homem atlético, com extrema habilidade nos movimentos do corpo, são a mesma pessoa.

“Ninguém acredita quando eu conto”, brinca. “É que são habilidades muito distintas. E pode acreditar que, apesar de toda a preparação física necessária para as acrobacias, ser palhaço é mais complicado, porque exige a cumplicidade com o público. Então sempre dá um friozinho na barriga”, admite.

Interação

Em uma época em que o entretenimento pode ser acessado com um simples toque no aparelho celular, a tecnologia também acaba fazendo a diferença. Isso porque, explica Rony, se antes o carinho do público era mais distante, hoje a internet e as redes sociais potencializam o afeto pelos artistas.

“Para quem vive sob a lona, é muito importante o carinho e o aplauso depois de cada número”, salienta. “E hoje as pessoas querem gravar cada momento do espetáculo e, após o show, tirar selfie para postar na internet. Atendemos a todos com o maior prazer. Porque enquanto houver o interesse da plateia, o circo sobrevive.”

Entrega

Por trás de cada espetáculo estão homens e mulheres que, como qualquer pessoa, precisam comer, beber e dormir. A itinerante vida no circo, contudo, exige sacrifícios: longas viagens, adaptação em trailers e muito trabalho para montar e desmontar as lonas. Isso sem falar na preparação necessária antes de encarar o picadeiro.

Gerente do Circo Fantasy, Rafael Lincoln explica que são 25 artistas e técnicos envolvidos diretamente na atração. Além deles, são contratados 30 para auxiliarem antes e depois dos espetáculos, contudo o trabalho duro afasta muitos candidatos e alguns acabam não permanecendo mais que um par de horas.

“Não é fácil trabalhar no circo”, observa. “A preparação antes do show inclui montagem, limpeza, organização do espaço e da iluminação. Tudo precisa estar em sintonia, faça chuva ou faça sol. Isso exige muito esforço. Nem todo mundo está pronto para se doar assim. A gente encontra dificuldade em recrutar pessoal”, avalia.

Esposa do gerente, Talita Lincoln se reveza entre números de mágica, balé e malabarismos. Ela reforça que a disciplina necessária a quem vive sob a lona exige um esforço que nem sempre é reconhecido, porque perdura somente nos bastidores.

“A maioria das pessoas desconhece as dificuldades da vida de quem vive no circo. Há muita entrega e esforço envolvido. Ao contrário do que muitos pensam, nada acontece em um passe de mágica”, afirma.

Encantamento

Frio, chuva e mau tempo não têm sido suficientes para afastar o público canoense, que tem comparecido nas sessões do Circo Fantasy desde a estreia, no antigo terreno da Metrovel, quando 400 pessoas lotaram as arquibancadas.

Antes mesmo das cortinas se abrirem na estreia, o Fantasy já dava o que falar. Isso porque um carro de som que reproduz um Hot Wheels em tamanho real anunciava a chegada do circo, percorrendo bairros e Centro de Canoas sob o agudo bramido de um elefante.

Amanda Oliveira conta ter ouvido o anúncio. A vendedora com 47 anos levou as crianças, mas garante que se divertiu mais que elas durante o espetáculo. Tudo por conta da nostalgia.

“Meu guri e minha guria gostaram, mas eu amei. Fiquei encantada do começo até o fim”, diz. “Lembrei de quando o meu pai me levou no circo pela primeira vez. Acho que é uma coisa muito linda. Eles têm uma capacidade de manter a atenção da gente que é incomum.”

Ingressos

Em tempo, o Circo Fantasy permanece em Canoas até o dia 2 de junho, com sessões às 20h30. Aos sábados e domingos, há sessões às 16 horas, às 18 horas e às 20h30. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site circofantasyoficial.com.br e, quem preferir, pode comprar direto na bilheteria.

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