Em dia de novo recorde no pregão, Bolsa dispara e dólar cai a R$ 5,64

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (27/5) em queda, em um dia no qual as atenções dos investidores estiveram voltadas aos dados da chamada “prévia” da inflação divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou o pregão em forte alta e renovou sua máxima histórica intradiária (durante o pregão), ultrapassando os 140,3 mil pontos pela manhã.

Dólar

  • Ao fim da sessão, a moeda dos Estados Unidos recuou 0,53%, negociada a R$ 5,645.
  • Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,672. A mínima foi de R$ 5,641.
  • No dia anterior, o dólar fechou em em alta de 0,52% frente ao real, negociado a R$ 5,675.
  • Com o resultado, a moeda norte-americana acumula perdas de 0,56% no mês e de 8,65% no ano.

Ibovespa

  • O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), teve um dia de fortes ganhos.
  • Por volta das 17 horas, nos minutos finais do pregão, o Ibovespa subia 1,07%, aos 139,6 mil pontos.
  • O Ibovespa renovou sua máxima histórica durante um pregão, chegando aos 140.381,94 pontos nesta manhã.
  • Na véspera, o Ibovespa terminou com ganhos de 0,23%, aos 138,1 mil pontos.
  • Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 2,04% em maio e de 14,58% em 2025.

IPCA-15 abaixo do esperado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a “prévia” da inflação oficial do país, mostrou que os preços de bens e serviços subiram 0,36% em maio — um recuo de 0,07 ponto percentual em relação à taxa de abril (0,43%).

Os dados referentes ao IPCA-15 foram divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, o maior impacto veio da energia elétrica residencial, que registrou variação de 1,68% influenciada pela mudança na bandeira tarifária.

O IPCA-15 difere do IPCA, que mede a inflação oficial do país, na abrangência geográfica e no período de coleta, que começa no dia 16 do mês anterior. Por essa razão, ele funciona como uma prévia do IPCA.

O indicador coleta dados sobre as famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Ele abrange Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Brasília e Goiânia.

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Em abril, o IPCA-15 foi de 0,43% – uma queda de 0,21 ponto percentual em relação à taxa de março (0,64%).

De acordo com o IBGE, o maior impacto veio da energia elétrica residencial, que registrou variação de 1,68% influenciada pela mudança na bandeira tarifária, que passou de verde para amarela no mês.

Embora tenha registrado alta, a prévia da inflação desacelerou em relação ao mês anterior. Isso porque o resultado veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava, em média, alta de 0,43% em maio.

No acumulado de 12 meses, a prévia da inflação tem alta de 5,4%, abaixo dos 5,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. No ano, subiu 2,8%. Em maio de 2024, o IPCA-15 foi maior, de 0,44%.

De acordo com analistas do mercado ouvidos pela reportagem do Metrópoles nesta manhã, pouco depois da divulgação dos dados pelo IBGE, a inflação menor que o esperado em maio reforça a tese de que o Banco Central (BC) deve interromper a alta dos juros – mas ainda é cedo para imaginar uma possível redução da Selic.

A elevação da taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Atualmente, a Selic está em 14,75% ao ano, maior nível em quase duas décadas e sexta alta consecutiva.

Fiscal preocupa

No cenário doméstico, as atenções dos investidores continuaram voltadas a Brasília, com os desdobramentos do “bate-cabeça” do governo federal no anúncio de novas medidas fiscais, na semana passada.

Na quinta-feira (22/5), o governo federal anunciou a primeira contenção no Orçamento deste ano, como parte dos esforços para cumprir a meta de gastos do arcabouço fiscal. Serão congelados R$ 31,3 bilhões, dos quais R$ 10,6 bilhões em bloqueio e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento.

No mesmo dia, foi publicado o detalhamento no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 2º bimestre – documento que avalia a evolução das receitas e despesas primárias do governo federal com o objetivo de acompanhar o cumprimento da meta fiscal.

A meta para 2025 é de déficit primário zero – equilíbrio entre despesas e receitas –, com um intervalo de tolerância que permite um déficit de até R$ 31 bilhões. O arcabouço fiscal autoriza um rombo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

O que mais chamou atenção do mercado, no entanto, foi o anúncio inicial de um aumento do IOF, o que gerou repercussão negativa entre os investidores. A Fazenda, que havia determinado uma taxação equivalente a 3,5% sobre as aplicações de investimentos de fundos nacionais no exterior, se viu obrigada a recuar e retomou a alíquota zero, que vigorava até então – o IOF voltou a não incidir sobre esse tipo de operação.

A pasta também informou que as remessas destinadas a investimentos no exterior continuarão sujeitas à alíquota atualmente vigente, de 1,1%, sem qualquer tipo de aumento. O decreto que havia modificado o IOF pretendia arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, com a elevação das alíquotas, e R$ 41 bilhões em 2026.

Após o recuo do governo, apesar das idas e vindas da equipe econômica, o mercado reagiu positivamente, com queda do dólar e alta do Ibovespa.

A percepção de agentes do mercados é a de que o aumento de alíquotas do IOF pode acabar levando o Banco Central (BC) a interromper o ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic) mais cedo do que o esperado.

A avaliação é compartilhada, entre outros, pelo presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, que admitiu ter trocado mensagens com Haddad e o alertado sobre a repercussão negativa da medida sobre os mercados.

Segundo o CEO do Bradesco, com base em estimativas feitas pela equipe de economistas do banco, as mudanças na cobrança do IOF equivaleriam a um aumento de 0,2 a 0,5 ponto percentual na Selic. Atualmente, os juros básicos estão em 14,75% ao ano – a maior taxa das últimas duas décadas.

Na segunda-feira (26/5), Haddad afirmou que o governo federal ainda deve decidir medidas para compensar o recuo da elevação do IOF para algumas modalidades.

Questionado sobre as medidas de compensação, Haddad ressaltou que o governo tem até o final desta semana para decidir como compensar, mas não deu pistas de como será feito. “Se com mais contingenciamento ou com alguma substituição”, disse.

Análise

Segundo Arthur Barbosa, analista da Aware Investments, “o principal motivador da alta da Bolsa hoje foi a divulgação do IPCA-15”.

“O arrefecimento da inflação é um indicativo para o fim do ciclo de alta de juros na taxa Selic. Com a divulgação bem melhor que o esperado, houve forte recuo dos juros futuros tanto em vencimentos curtos quanto longos, que acabaram por impulsionar o índice Ibovespa”, explicou.

“No exterior, tivemos o presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, afirmando que os dados mais recentes da economia americana apontam para uma trajetória de baixo desemprego e inflação convergindo para a meta, sugerindo uma manutenção do atual patamar de juros em futuras decisões da política monetária. Com esse movimento, mantém-se o alto diferencial de juros entre a economia brasileira e norte-americana, o que eleva a atratividade de entrada de capital externo ao Brasil, também impulsionando as bolsas”, concluiu Barbosa.

Semana ainda tem emprego e PIB

A última semana de maio ainda será marcada pela divulgação de mais dados econômicos no Brasil e nos EUA.

Na quarta-feira (28/5), serão divulgados os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes ao mês de abril.

No dia seguinte, será a vez do índice oficial de desemprego no Brasil, divulgado pelo IBGE.

Também na quinta-feira (29/5), saem os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre e dos pedidos de seguro-desemprego.

Encerrando a semana, na sexta-feira (30/5) sai o resultado do PIB do Brasil.

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