Mudança do CHA Esperança para as casas provisórias está concluída, segundo o Estado

Após ter a casa arrasada pelas águas que inundaram o bairro Mathias Velho, Antônio Muniz se viu obrigado, pelo período de um ano, a saltar de um abrigo provisório para o outro, com a mulher e os dois filhos.

Rafael, Eva e a filha Ana Clara estão há pouco mais de uma semana no novo endereço montado no Estância Velha



Rafael, Eva e a filha Ana Clara estão há pouco mais de uma semana no novo endereço montado no Estância Velha

Foto: Paulo Pires/GES

Passou os últimos meses no Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Esperança com a expectativa de voltar a ter um “cantinho”. Isso ocorreu no último sábado (24), quando houve a almejada mudança para uma casa provisória.

“Não sobrou nada da casa em que vivíamos”, lamenta o morador com 62 anos. “A gente estar de novo sob um teto dá uma nova perspectiva. É um recomeço como se Deus olhasse para baixo e dissesse que o pior já passou.”

Conforme a Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab), ocorreram no final de semana as últimas mudanças para os lares provisórios e, por consequência, o esvaziamento da estrutura do CHA Esperança.

A partir da desmobilização do CHA, as atenções estão completamente voltadas para as 35 unidades montadas no bairro Estância Velha, cujo movimento agora é intenso de homens, mulheres e crianças entrando e saindo do local a todo momento.

Existe agora uma expectativa por melhorias na estrutura da área. O casal Rafael Rangel, 43 anos, e Eva Mendonça, 44, percebe a dificuldade da população no que diz respeito à mobilidade.

Para Eva, falta pensar na acessibilidade, já que a quantidade de barro e pedras no terreno dificulta a vida de quem depende de cadeira de rodas ou se vale de muletas para a locomoção pelo terreno.

“A gente percebe que não está fácil para algumas pessoas saírem de casa”, explica Eva. “Temos uma amiga cadeirante e a dificuldade é enorme. Eu acho que não pensaram nisso antes.”

Há pouco mais de uma semana no endereço, Rangel também percebeu que a assistência parece ter diminuído no comparativo com a atenção que antes era dedicada à população no CHA Esperança.

“Eu acho que a instalação está muito boa, mas a gente nota que há pessoas que precisam de um pouco mais de assistência, mas o pessoal da Prefeitura entra e sai, sem querer passar muito tempo aqui dentro.”

Lixo recolhido

A mudança criada também já chama a atenção de moradores próximos ao endereço. Isso porque, na manhã desta terça-feira (27), chamava a atenção a quantidade de lixo acumulado em frente às casas.

Moradora do bairro Estância Velha, Dinorá Machado, 64 anos, disse ter a expectativa de que os caminhões de lixo incluam o endereço na coleta para que o local não se torne rapidamente um depósito de lixo.

“Eles precisam entender da importância de se manter esta área limpa, porque agora há famílias inteiras”, reclama a aposentada. “Não dá para deixar dois contêineres pequenos e achar que vão dar conta de um condomínio inteiro.”

Agora como morador do endereço, Antônio Muniz também avalia como sadia a coleta mais frequente do lixo acumulado na entrada do local. Até para manter o aspecto saudável em frente à Rua Dona Castorina.

“Acho que está tudo tão bonito e bem cuidado, sem baderna e confusão”, opina. “Acho que é só manter o lixo recolhido com mais frequência, porque as pessoas estão descartando direitinho”, garante.

Casas definitivas

Em paralelo com a instalação no bairro Estância Velha, a Secretaria Estadual de Habitação trabalha na seleção de terrenos para a construção de moradias definitivas para as vítimas das enchentes.

Com investimento de R$ 7,1 milhões, o município de Canoas receberá 51 moradias definitivas por meio do programa A Casa é Sua, do governo do Estado.

O terreno está sendo preparado pela Prefeitura de Canoas. Após a entrega, as casas serão concluídas em 120 dias, conforme cronograma que faz parte do Plano Rio Grande de reconstrução.

Sem retorno

A Prefeitura de Canoas foi questionada a respeito das melhorias na estrutura da área. Até o fechamento desta reportagem, no entanto, não houve retorno da Administração.

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