“A intenção dele era me torturar”, diz mãe de bebê morta pelo pai

“Ativa, sociável, sorridente e meiga”. É assim que, em meio à dor, Ester Alzira Silva, 25 anos, descreve a filha Hosana Esmeralda Silva Pegoraro. A pequena, de apenas 1 ano e 9 meses, foi morta no último domingo (25/5) por aquele que, até então, era considerado seu herói — o próprio pai, Valmir Rodrigo Pegoraro.

Era domingo, dia de estar juntos. A família foi para o interior, casa dos parentes de Valmir. Contudo, Ester contou que o homem, ciumento e totalmente possessivo passou a demonstrar insatisfação em dado momento. Após uma breve discussão, ela decidiu que sairia com a menina.

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Esforçada, a pequena ajudou a mãe a pegar as sacolas e levar ao carro, mas, como qualquer bebê saudável de sua faixa etária, decidiu que antes queria o “tetê” — como se expressava quando queria ser amamentada. Enquanto a mãe amamentava a filha, Valmir pegou a menina do colo da mãe, disse que a levaria para passear, mas, estranhamente, pegou uma sacola dentro do carro e saiu às pressas e adentrou a mata, de onde ela nunca mais saiu com vida.

Cerca de 30 minutos após arrancar a menina do colo da mãe, ele a pendurou em uma árvore, usando uma corda, e ceifou sua vida. Segundo Ester, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que o óbito ocorreu às 13h.

Angústia

Desde o momento em que Hosana foi levada pelo pai, ainda que ele não tivesse proferido nenhum tipo de ameaça à menina, Ester se sentiu angustiada. Não entendeu o motivo dele sair tão rápido, quis ir atrás da menina, mas foi impedida.

“Eu falei para a irmã dele que acionaria a polícia, mas eles disseram que ele só estava brincando e que eu não poderia chamar a polícia porque ele já tinha antecedentes por violência doméstica e porte ilegal de arma de fogo, eles faaram para eu esperar”, lamentou.

Desesperada, às 16h Ester decidiu que acionaria o socorro, então uma confusão foi generalizada. À coluna, ela contou que os familiares se revoltaram com sua decisão e a insultaram, dizendo que ela não havia sido chamada para o encontro da família e que não era bem-vinda no local.

A polícia foi chamada e as buscas iniciaram. “Eu tinha esperanças de encontrar ela com vida, porque colocaram a equipe tática, o canil, todos estavam atrás dela. Mas às 9h40 de domingo, eu tive que ir até a delegacia e, como ele não falava nada, eu pedi para conversar com ele, para tentar tirar algo.”

“Ele falou comigo porque a intenção dele era me torturar, e quando ele viu meu rosto arrasado, ele falou, porque queria me ver sofrer. Ele disse ‘Eu já matei ela, não adianta você ir atrás porque ela já está morta, está lá no mato”, lamentou.

Depois de ouvir a pior notícia que uma mãe poderia receber, Ester implorou para que Valmir contasse quais tinham sido as últimas palavras de sua filha. “Ele não quis falar, ele ficou em silêncio. Quando perguntei o motivo dele ter feito aquilo, ele disse que queria se vingar de mim.”

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Duas faces

Ester não consegue parar de se questionar. Apesar de ter afirmado, em entrevista, que o homem era violento, relatou que Valmir jamais olhou para a menina com agressividade.

“Ele trocava fraldas, dava banho, tinha muito ciúmes dela. Sempre que saía, trazia algo para a filha. Eu nunca imaginei que ele pudesse fazer algo com a menina”, desabafou.

Na ficha criminal, Valmir já acumulava ocorrências por violência doméstica. “Uma vez, ele chegou a dizer que se eu não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém, mas eu não levei a sério, pensava que ele falava da boca para fora.”

“Ele fez isso porque eu queria me separar. Matou a filha para me atingir”, disse.

Áudio e desconfianças

Antes do corpo da pequena Hosana ser encontrado, Valmir chegou a enviar um áudio para a família. Na gravação, ele confessou o crime de forma totalmente fria.

Justamente por causa do áudio, Ester confidenciou que não acredita na hipótese de que Valmir agiu sozinho. “Ele não sabe mexer no celular, tem 41 anos, pouca leitura. Tudo era eu quem fazia. Ele saiu de casa sem crédito, sem internet, eu tentei mandar mensagens e ele não recebia, então como ele enviou esse áudio?”, indagou.

 

Enterro

A menina foi velada e enterrada na manhã dessa terça-feira (27), no Cemitério da Linha Formigas.

“Quando cheguei em casa, encontrei o potinho que ela tinha pegado para comer bolo comigo. Parece que em todo lugar que olho eu vejo ela vindo atrás de mim. Ela me chamava para tomar banho; para cozinhar; para dormir de conchinha. Apesar de tudo, eu não vou sair da minha casa, a gente viveu coisas boas aqui, tenho boas lembranças”, declarou.

O irmão mais velho de Hosana, um menino de 9 anos, fruto de um casamento anterior de Ester, está arrasado. “Eles eram grudados, ela chamava ele de ‘mano’, às vezes até de ‘mãe’ eles riam muito”, finalizou,

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