Após taxação dos EUA, metálicas brasileiras podem buscar novos mercados globais

A decisão do governo dos Estados Unidos de retomar tarifas sobre aço e alumínio em todo o mundo reacendeu preocupações entre empresas brasileiras listadas na B3, especialmente no setor siderúrgico. A medida, que impõe tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, remete à política protecionista adotada por Donald Trump em 2018.

Diante desse cenário, a busca por novos mercados pode ser uma alternativa para reduzir a dependência das exportações para os Estados Unidos. Segundo o economista Fábio Ongaro, CEO da Energy Group, empresas brasileiras de aço e alumínio podem expandir sua presença para regiões como Europa, Ásia, América Latina, Oriente Médio e África, mas isso exige planejamento e adaptação. “Embora viável, expandir para novos mercados exige superar barreiras tarifárias, adaptar padrões regulatórios e possivelmente contar com a ajuda institucional e fiscal do governo federal de Brasília”, afirma.

Impactos da taxação nas empresas da B3

Segundo Ongaro, a nova taxação tem potencial para reduzir significativamente a competitividade das exportações brasileiras para os EUA, principal destino do aço nacional. Esse cenário pode levar à queda no faturamento, retração na produção e, consequentemente, fechamento de unidades industriais. CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), mais dependentes do mercado norte-americano, seriam as mais prejudicadas. Já a Gerdau (GGBR4), que possui operações dentro dos Estados Unidos, tende a sofrer impactos menores, pois sua produção local não está sujeita às tarifas de importação.

Além do impacto direto sobre o setor, Ongaro destaca que a medida pode contribuir para a desvalorização do real e um consequente aumento da inflação no Brasil, elevando os custos de insumos e pressionando a cadeia produtiva. “A medida pode reduzir a competitividade do Brasil, levando à queda nas exportações, perdas financeiras e possível fechamento de unidades produtivas”, explica.

O que aconteceu da última vez?

A taxação sobre aço e alumínio não é novidade para as empresas brasileiras. Em 2018, o governo Trump aplicou tarifas semelhantes, levando o Brasil a negociar isenções e cotas para minimizar os impactos. Na época, Gerdau conseguiu contornar parte dos efeitos devido à sua presença nos EUA, enquanto CSN e Usiminas sofreram com a concorrência acirrada e a redução das exportações.

“A concorrência interna aumentou com a chegada de produtos siderúrgicos redirecionados de outros mercados, pressionando preços e margens. Para compensar, o Brasil buscou diversificação comercial e novos parceiros”, ressalta Ongaro. Apesar das barreiras, o setor conseguiu se adaptar com ajustes operacionais e estratégicos, reduzindo a dependência do mercado norte-americano ao longo dos anos.

Outros mercados podem absorver a produção brasileira?

Com a restrição ao mercado norte-americano, Ongaro avalia que as empresas brasileiras devem buscar novas alternativas comerciais para manter sua competitividade global. Entre os principais destinos potenciais estão:

  • Europa: forte demanda na construção e na indústria automotiva, mas sujeito a políticas protecionistas e possíveis barreiras comerciais.
  • Ásia (China, Índia, Coreia do Sul, Japão): a China domina a produção de aço, mas existem oportunidades em nichos específicos. Índia e Coreia do Sul são mercados em crescimento, podendo absorver parte da produção brasileira.
  • América Latina (Argentina, México, Colômbia, Chile): vizinhos do Brasil já importam aço brasileiro, especialmente para infraestrutura e construção.
  • Oriente Médio e África: países como Emirados Árabes e Arábia Saudita investem pesadamente em infraestrutura e podem ser mercados estratégicos.
  • África (Egito, África do Sul): o crescimento da industrialização e das obras de infraestrutura impulsiona a demanda por metais.

“As empresas podem buscar outros mercados, mas precisam superar desafios regulatórios e tarifários para expandir suas operações com sucesso”, pontua Ongaro. Veja outras opiniões aqui.

O papel do governo brasileiro

Diante da reedição das tarifas, a postura do governo brasileiro será fundamental para definir o impacto da medida no setor. Assim como em 2018, o Brasil pode buscar negociações para isenções ou cotas que minimizem os prejuízos. Além disso, uma estratégia de diversificação de mercados, com incentivos à exportação para outras regiões, pode ser crucial para amortecer os efeitos negativos da decisão americana.

Para Ongaro, a taxação imposta pelos EUA reforça a necessidade de o Brasil investir em sua política comercial externa e na ampliação da sua rede de parceiros globais. “A dependência excessiva de um único mercado torna o setor vulnerável a medidas protecionistas. Expandir parcerias e consolidar novos destinos de exportação é uma estratégia essencial para garantir a competitividade das empresas brasileiras no longo prazo”, conclui.

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