Trabalhadores que atuaram na limpeza de Canoas seguem reivindicando pagamentos atrasados

Trabalhadores que atuaram no processo de reconstrução de Canoas após as cheias, recolhendo entulhos com caminhões e retroescavadeiras, seguem reivindicando o pagamento pelos serviços prestados durante o período mais crítico da história recente da cidade.

Glauber Rocha conta que acabou somente com o prejuízo após meses de serviços prestados na limpeza de Canoas



Glauber Rocha conta que acabou somente com o prejuízo após meses de serviços prestados na limpeza de Canoas

Foto: Paulo Pires/GES

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No final da manhã desta terça-feira (11), alguns trabalhadores se reuniram em frente ao Paço Municipal, onde foram ouvidos por jornalistas a respeito da demora nos repasses referentes aos serviços prestados durante o ano passado.

A lembrar, o Grupo THV, de Minas Gerais, que venceu a licitação da Prefeitura de Canoas para a retirada de entulhos, contratou outras empresas. Foram elas, por sua vez, que contrataram empresas menores para executar o trabalho propriamente dito de remoção do lixo.

Péricles Cavalcante, 55 anos, está no ramo há quase três décadas e disse nunca ter tomado tamanho calote. Ele possui uma empresa que acabou sendo contratada pela Grupo THV, que venceu o edital da Prefeitura de Canoas para a limpeza da cidade.

“A THV venceu a licitação e contratou empresas, que contrataram outras empresas, chegando a trabalhadores como eu conduzem um negócio direito e realmente colocaram a mão na massa para limpar Canoas. O problema é que dos R$ 80 mil da contratação do meu serviço, até agora só recebi R$ 10”.

Também um profissional com empresa no ramo, Glauber Rocha, 36 anos, tem dois caminhões e duas retros que trabalharam sem parar no momento em que a cidade mais precisava. Faltou, no entanto, o reconhecimento com o pagamento para arcar com as despesas de funcionários e o óleo diesel gasto na época.

“Não recebi nada até agora”, afirma. “Eu só sei de promessas. Já protestamos e viemos reclamando desde que começaram a enrolar, mas até agora, é só promessa. O dinheiro que a gente precisa mesmo, não pagam. É só um empurra de um lado para o outro sem uma solução para os trabalhadores”.

A reportagem entrou em contato com duas empresas que acabaram sendo contratadas pelo Grupo THV e, posteriormente, contrataram “mão de obra” local para a execução dos serviços. Ambas apontaram que aguardam que a nova administração resolva o impasse, porque ainda não receberam valores devidos e, por isso, não repassaram a colaboradores. Por fim, não houve retorno do Grupo THV, até o fechamento desta reportagem.

“Quarteirização” dos serviços, aponta Prefeitura

Por meio de nota encaminhada pelo Escritório de Comunicação, a Prefeitura de Canoas informa que os trabalhadores que atuaram na retirada dos entulhos da enchente, e que protestaram em frente ao paço municipal nesta terça-feira (11), não foram contratados diretamente pela administração, o que impossibilita legalmente que pagamentos sejam feitos de forma direta a eles. As empresas contratadas pelo Executivo já receberam mais de 70% dos valores relativos aos serviços prestados e cabe a elas quitar os débitos com seus contratados. A Prefeitura ressalta ainda que a atual administração assumiu a Prefeitura no dia 1º de janeiro, quando tomou conhecimento de práticas de quarteirização nos serviços de limpeza da enchente. Ou seja, por falta de fiscalização da administração anterior, as empresas terceirizadas contrataram outras empresas, que por sua vez recrutaram trabalhadores sem qualquer vínculo com a Prefeitura ou com a contratada original.

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