Setor de cartões ultrapassa marca de R$ 4 trilhões em transações em 2024

Cartões de crédito. (Foto: Pixabay)

Pela primeira vez na história do setor de meios eletrônicos de pagamentos, os cartões quebraram em 2024 a barreira dos R$ 4,1 trilhões em volume total transacionado. Isso representa um crescimento de 10,9% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Desse valor total, cerca de R$ 2,8 trilhões foram transacionados em cartão de crédito, R$ 1 trilhão em cartão de débito e R$ 379,4 bilhões em pré-pago.

O número de transações chegou a 45,7 bilhões no ano, um crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior. Deste total, 19,8 bilhões em cartão de crédito, uma alta de 11,2%, 16,7 bilhões em débito (+1,9%), e o restante de 9,2 bilhões em pré-pago (14,5%).

Os números menores no débito já indicam a competição com o Pix como forma de pagamento. Mesmo assim o crescimento acelerado registrado nos últimos 7 anos de 17,8% em valor transacionado e 16,2% em quantidade de transações mostram a evolução do setor como um todo, segundo o presidente da Abecs, Giancarlo Greco.

Gastos no exterior

Os gastos dos brasileiros no exterior utilizando cartões como meio de pagamento tiveram alta de 19,7% em relação ao ano anterior, fechando 2024 com um valor de US$ 15,8 bilhões.

Deste total, a maior parte foi para a Europa, que vem se firmando como o grande destino para brasileiros, crescendo quase 31% e totalizando um valor de R$ 38,6 bilhões.

Já os Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com R$ 30,7 bilhões em valor transacionado e crescimento de 23,8%. A América Latina vem em seguida com R$ 10,2 bilhões, e alta de 30,9%.

Já os gastos de estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 5,5 bilhões, alta de 0,4% ante o ano anterior.

Pagamento por aproximação

O valor total do pagamento por aproximação chegou a R$ 1,5 trilhão em 2024, alta de 48,3% ante os R$ 986,4 bilhões de 2023. A quantidade de compras por aproximação chegou a 23,6 bilhões, o que representa 2,6 milhões de pagamentos por aproximação por hora e tendência é crescer, segundo Greco.

“Quase 70% das transações presenciais foram por aproximação e vimos que foi só colocar a disposição da população e o crescimento é certo. O índice de aceitação foi altíssimo e em todas as faixas etárias”, disse Greco. 

Para isso, o cartão é o grande instrumento de pagamento por aproximação, com 74% dos pagamentos,  seguido pelo celular com 33% e só 1% com uso do relógio.

Compras não presenciais

Nas compras não presenciais, o valor transacionado cresceu quase 18%, movimentando R$ 979,4 bilhões em 2024. E o cartão credito foi uma das grande ferramentas, crescendo 191,9% no uso em cinco anos.

No entanto, o uso do cartão de débito disparou crescendo 397% comparado com 2019, período antes da pandemia. “Mais conveniência, mais segurança e mais fluidez”, disse Greco.

Pagamentos recorrentes

O valor transacionado de forma recorrente chegou a R$ 106 bilhões, 38,6% a mais que no ano anterior. “O que demonstra que a modalidade de cobrança automática, vem facilitando a rotina do consumidor”.

O cartão de credito é o meio mais utilizado, com R$ 100,8 bilhões, alta de 39,9%, seguido pelo débito R$ 2,6 bilhões, alta de 11,5%, e R$ 2,6 bilhões do  pré-pago, aumento de 22,7% na comparação ano a ano. “Pagamentos recorrentes vem crescendo 88,5% em volume nos últimos dois anos e o setor fala na ampliação dessa oferta.”

Parcelamento

O parcelado sem juros representa 41% do valor transacionado no cartão de crédito. Mas 57,4% ainda é para o pagamento a vista, num valor transacionado de R$ 1,8 trilhão, ganhando  tempo para pagar a fatura. A maior parte das transações (65%) envolvem parcelas em até 6 vezes sem juros, 33.1% são de parcelas em até 12 vezes.

Setores com maior crescimento do uso de cartões

+25% serviços de cuidados às pessoas

+22,6% companhias aéreas e afins

+22% petshops

+19,5% profissionais liberais

+18,2% serviços médicos

+17,3% cultura e esportes

+16,9% autopeças,

+13,2 eletrônicos e eletrodomésticos

+12,9% bares e restaurantes. 

Crescimento regional

Na análise por região, o valor transacionado registrou crescimento de 11,2% no Sudeste, com R$ 2,2 trilhões em valor, seguido do Sul com aumento de 15,5%, totalizando R$ 589,7 bilhões. Mas o Nordeste vem em seguida com R$ 496,3 bilhões, alta de 10,7%. A expansão também continua no Norte (+9,7%), e Centro Oeste (+6,7%).

Vilão dos gastos

Por outro lado, o setor vem se defendendo da pecha de maior vilão dos gastos do brasileiros, indicando que dentro da carteira de crédito da pessoa física, o rotativo representa apenas 2,1%, ante os 40,8% do financiamento imobiliário, 23,6% do consignado, 12% dos gastos com aquisição veículos, e 11,3% do não consignado 11,3%.

“O papel do endividamento do cartão de crédito é muito menor neste cenário”, disse Greco, acrescentando que 78% de todo o crédito  no cartão não tem juros.

No entanto, a taxa de inadimplência do setor ainda é uma das maiores, com 6,9%.

Monitor de fraudes

O setor de cartões registrou queda nos indicadores de fraude ao longo dos últimos dois anos, com queda de 28,6% por valor. “Vários instrumentos vem sendo desenvolvidos pelo setor para reduzir as fraudes, segundo o presidente da Abecs

Projeção para 2025

O setor acredita que neste ano os resultados continuarão sendo fortes. “Teremos mais um ano robusto, caminhando para quebrar novas barreiras, com crescimento entre 9% a 11%, podendo atingir a marca de R$ 4,6 trilhões para 2025”. A projeção é ancorada em variáveis como PIB, consumo das famílias, IPCA e taxa de desemprego.

Greco admite que o Pix por aproximação será mais uma opção de conveniência para o consumidor, mas não acha que o cartão será muito prejudicado “Porém, o cartão de débito deve andar um pouco de lado.”

Sobre inadimplência, o executivo acredita que as taxas de juros altas devem contribuir para aumento dos atrasos nos pagamentos. “Mas os agentes de mercado, como emissores, criaram regras melhores para administrar o problema. Os portfolios estão saudáveis, apesar das altas taxas de inadimplência.”

Com inflação alta, ele aposta no aumento dos valores transacionados, mas não acha que as pessoas vão se endividar mais por isso.

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