PF foca corrupção no caso Gritzbach e pressiona “polícia de Tarcísio”

São Paulo — Instaurado um dia após a morte de Vinícius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, em novembro de 2024, a mando do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, o inquérito que investigaria o assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) em uma área de competência federal acabou se tornando uma grande devassa sobre esquemas de corrupção na Polícia Civil paulista que pressiona o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) um ano antes das eleições.

Foi a partir do compartilhamento da delação premiada de Gritzbach feito por promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público estadual (MPSP), que a PF avançou na apuração sobre crimes de extorsão, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro envolvendo policiais civis que mantinham relação com o delator, enquanto que a investigação do assassinato em si acabou ficando com o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da própria Polícia Civil.

Pouco mais de um mês após o assassinato, a PF já estava com 130 policiais nas ruas

O homicídio de Gritzbach “foi apenas o estopim da investigação”, tendo em vista que a trajetória dele perpassa pela dos investigados.
Pelo fato de Gritzbach ter atuado como corretor de imóveis, por vezes, intermediou transações imobiliárias envolvendo integrantes do PCC

Na semana passada, o Ministério Público paulista (MPSP) cobrou R$ 40 milhões dos 12 denunciados — entre eles, policiais civis — envolvidos com o PCC em investigação com base na delação de Gritzbach, assassinado a tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro de 2024.

Segundo promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, a cifra milionária diz respeito à “soma aproximada do benefício patrimonial auferido com os atos de lavagem de capitais e corrupção passiva” dos investigados. Eles ressaltam que houve uma associação entre policiais e o PCC para cometer crimes.

Os promotores afirmam que o “conluio tomou aspecto ainda mais grave” porque uniu “servidores que atuam em órgãos de segurança pública e ’empresários’ do crime”. “Isto é, por um lado, falsos agentes da lei, por outro, homens de dinheiro”.

O Gaeco afirma, ainda, que as atividades do grupo de policiais e traficantes colocou a sociedade em risco com o assassinato de Gritzbach “em plena luz do dia e no ambiente lotado do maior aeroporto da América do Sul”.

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo

Câmera Record/Reprodução

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

TV Band/Reprodução

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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

Reprodução/TV Band

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O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia

Reprodução/TV Band

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Divulgação

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

Leonardo Amaro/ Metrópoles

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

Leonardo Amaro/ Metrópoles

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Delator do PCC foi morto no Aeroporto de Guarulhos

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

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Veja os denunciados

  • Ademir Pereira de Andrade: empresário suspeito de ser operador financeiro do PCC foi denunciado por por organização criminosa e extorsão;
  • Ahmed Hassan Saleh: conhecido como Mude, o advogado foi denunciado por organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas;
  • Eduardo Lopes Monteiro: investigador da Polícia Civil foi denunciado por organização criminosa, corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro;
  • Fabio Baena Martin: delegado da Polícia Civil foi denunciado por organização criminosa, peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro;
  • Marcelo Marques de Souza: conhecido como Bombom, o investigador da Polícia Civil foi denunciado por organização criminosa e lavagem de dinheiro;
  • Marcelo Roberto Ruggieri: conhecido como Xará, o investigador da Polícia Civil foi denunciado por organização criminosa e lavagem de dinheiro;
  • Robinson Granger de Moura: conhecido como Molly, o empresário foi denunciado por  organização criminosa e lavagem de dinheiro;
  • Rogerio de Almeida Felicio: conhecido como Rogerinho, o policial civil foi denunciado por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro;
  • Alberto Pereira Matheus Junior: delegado da Polícia Civil foi denunciado por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção passiva;
  • Danielle Bezerra dos Santos: esposa de Rogerinho e viúva de um gerente do PCC foi denunciada por organização criminosa e lavagem de dinheiro;
  • Valdenir Paulo de Almeida: conhecido como Xixo, o policial civil foi denunciado por organização criminosa e corrupção passiva;
  • Valmir Pinheiro: conhecido como Bolsonaro, o policial civil foi denunciado por organização criminosa.
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