Jeep Compass Limited é uma feijoada bem temperada |Avaliação

Por mais que todo brasileiro diga que ama um prato de culinárias internacionais requintadas, ao sair do país o que mais diz é que sente saudade de um bom arroz com feijão. E quando esse clássico brasileiro tem um pouco mais de sustância e ingredientes, se torna uma bela feijoada. Se pudesse traduzir ao mundo das quatro rodas, eis o Jeep Compass Limited.

Basta abrir a janela e esperar um pouco que logo um Jeep Compass passa na rua. Ele é presença mais do que comum no asfalto brasileiro e se tornou o grande representante da classe média, mais até do que Chevrolet Captiva e Hyundai Tucson, que um dia dominaram essa categoria. Por conta dele que muitos outros SUVs médios existem. 

Só que, depois de tanto tempo, ainda há razão para que tenta gente ame o Jeep Compass? Isso que vamos averiguar nessa avaliação. Para isso, a versão Limited que foi convocada. A variante de R$ 227.990 tem algumas diferenças visuais e é a menos comum de ser vista nas ruas. Contudo, qual o motivo para isso?

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de traseira em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Não tem erro com o Jeep Compass

A princípio, o grande atrativo do Jeep Compass sempre foi ser um carro certinho. Ele herdou toda robustez que se espera de um carro da marca e que é inerente a modelos da plataforma Small Wide (Toro, Renegade, Compass, Commander e Rampage). Só que o mais interessante é que, essa robustez alinhada a uma solidez de rodagem, passam uma sensação premium.

Concorrentes diretos como Toyota Corolla Cross, que é mais confortável, ou Volkswagen Taos, que tem uma pegada mais esportiva, parecem carros baratos perto do Compass. Ele tem aquela dirigibilidade mais sólida e firme que se espera de um carro premium. Junte isso também ao bom isolamento acústico e vai começar a entender a fórmula desse Jeep.

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de lado em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Do mesmo modo, a suspensão é um acerto inegável da Jeep nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que o Compass engole buracos como se não existissem, ele consegue fazer bem as curvas. Contudo, a versão Limited traz rodas de liga-leve de 19 polegadas com pneus bem finos (235/45 R19). 

Com eles, o Compass copia cada minúscula pedra que existe no asfalto. É possível até sentir a textura da tinta das faixas de transito. O estado da arte do SUV médio são as rodas de 18 polegadas, ainda que as de 19, no quesito visual, fechem melhor o estilo. Em especial as usadas na versão Limited que são diamantadas e muito bonitas.

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de frente em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Em conjunto a isso, temos uma direção muito bem calibrada. É leve, até em excesso, quando é a hora de manobrar o Jeep Compass. Contudo, durante a condução se torna mais firme com o aumento de velocidade. Ele transmite segurança e confiança para andar mais rápido sem solavancos, balanços ou saídas de trajetória inesperadas.

Receita que deu certo em outros Stellantis

Além da plataforma ser a mesma de outros tantos carros do grupo Stellantis, o Jeep Compass também compartilha com diversos primos e irmãos o motor 1.3 T270. Trata-se de um quatro cilindros turbo flex, que recentemente perdeu 9 cv para se adequar às novas leis de emissões. Ele desceu de 185 cv para 176 cv, mas manteve o torque de 27,5 kgfm.

motor jeep compass flex
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Não foi dessa vez que testamos o novo acerto de potência do motor 1.3 turbo da Fiat, especificamente porque a unidade testada ainda trazia o layout antigo. O motor casa redondo com a proposta do Compass. É esperto, entrega boa performance e acelera sem medo de ser comedido.

Apesar disso, não é um canhão, é preciso pontuar. Mesmo com uma diferença de peso pequena para o Renegade, o comportamento do Compass é bem diferente. O irmão menor é mais rápido e esperto, enquanto o SUV médio entrega força sem excessos e embala muito bem na estrada.

câmbio automático de seis marchas do jeep compass
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

As retomadas poderiam ser mais ágeis se o câmbio automático de seis marchas não demorasse tanto a acordar. As reduções demoram para fazer o Compass embalar. Além disso, na faixa dos 100 km/h, ele vacila entre quinta e sexta. Acima disso, sossega com a sexta marcha.

E há outro ponto, em diversas situações, o Jeep Compass dá um forte tranco ao engatar a ré. Especialmente quando o carro acaba de ser ligado. As trocas de marcha em drive, contudo, sempre são suaves e quase imperceptíveis. Ao contrário do chatíssimo sistema start-stop, que desliga o SUV antes da parada total e te faz brecar com tudo. Sempre o desative, é um conselho.

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de frente em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

E vale um adendo sobre o consumo…que é bem ruim. Oficialmente o Inmetro diz que ele faz 7,2 km/l na cidade com etanol e 8,7 km/l na estrada com o mesmo combustível. Durante os nossos testes, era milagre o Compass passar de 6 km/l com o combustível vegetal. Na estrada, sofreu para fazer 7,5 km/l.

Questão de refinamento

Lembra do que falei sobre a sensação de carro premium que o Jeep Compass passa ao dirigir? O mesmo vale para o interior. A cabine é bem refinada, com muito material macio no painel e nas portas, além de uma faixa de couro que atravessa toda porção frontal da cabine.

interior do jeep compass limited
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Os bancos são muito confortáveis e trazem revestimento de couro de qualidade. O único ponto que destoa é o volante. Por mais que tenha couro, é um material nitidamente muito artificial e com uma textura nada agradável. Vale pontuar que, na traseira, as portas tem menos material macio do que na dianteira. 

Chama atenção também a presença das telas. O painel de instrumentos totalmente digital tem boa qualidade, ainda que alguns números e letras sejam finas e difíceis de enxergar. As animações com delay também dão a impressão de ser um sistema lento, mas é fácil de usar. 

Já a central multimídia conta com uma tela enorme, de alta definição, muito fácil de ser operada e bem completa. Android Auto e Apple CarPlay podem ser conectados sem fio, mas o Compass ainda traz entradas UBS do tipo C e do formato clássico. Além disso, o carregador de celular por indução tem saída de ventilação dedicada para não tornar seu celular uma batata quente.

Espaço é um tema complicado para o Jeep Compass

Apesar de ser um SUV médio, o Jeep Compass não é muito espaçoso. Quem senta à frente conta com um console central bem largo que torna a tarefa de tirar e colocar o cinto de segurança um aperto. O banco do motorista tem regulagem elétrica, mas a Stellantis esqueceu da memória. Já o volante tem vasto ajuste de altura e profundidade.

Na traseira, se o motorista for grande demais, quem sentar atrás passará aperto. Ao menos o assento do meio é no mesmo nível dos demais e levemente recuado, permitindo que crianças se acomodem melhor. Há saídas de ar e USB para carregamento de celular. O porta-malas leva 410 litros, mas não tem abertura elétrica.

Limitado até certo ponto

A lista de itens de série do Jeep Compass Limited é generosa, mas ainda falta para chegar ao S. Ele conta com bancos elétricos, retrovisor eletrocrômico, sete airbags, rodas de liga-leve de 19 polegadas, grade frontal cromada, teto com pintura contrastante, retrovisores elétricos com rebatimento automático, faróis com acendimento automático e ar-condicionado digital de duas zonas.

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de traseira em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Há ainda piloto automático adaptativo, frenagem autonoma de emergência, trocas de marcha no volante, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, câmera e sensor de ré, alerta de mudança de faixa, controle de tração e estabilidade, freio de estacionamento eletrônico, partida remota, além de sistema de som Beats com 8 altofalantes e subwoofer.

Veredicto

Se você já comeu uma feijoada bem feita, sabe que não tem erro. É o tipo de alimento que sacia sua barriga e sua alma de brasileiro. Especialmente quando bem feita. Assim é o Jeep Compass: impossível errar na compra de um. É um carro muito bem feito, dá status, é elegante e bom de dirigir. Só bebe demais.

Jeep Compass Limited flex branco com teto preto parado de frente em um estacionamento
Jeep Compass Limited flex [Auto+ / João Brigato]

Mas, fique atento: considerando que o Longitude é R$ 19 mil mais barato e tem poucos itens a menos, acaba sendo um negócio melhor. Além disso, você tem o S por R$ 20 mil a mais, sendo que o modelo já traz teto solar de série, ou seja, custa R$ 10 mil extras na prática. No final das contas, o Compass Limited não é tão bom negócio quanto as outras versões.

Você teria um Jeep Compass? Conte nos comentários.


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