O sentimento mudou: analistas cortam projeções para Renner após 4T para esquecer

Lojas Renner (LREN3)

A confiança com a Lojas Renner (LREN3), uma das queridinhas do varejo de vestuário, caiu por terra após os resultados do quarto trimestre de 2024? Em apenas dois pregões após o balanço, nas sessões das últimas sexta e segunda-feira, LREN3 registrou uma queda acumulada de 18,3%, com baixa de 14% e 5% nos dias respectivos.

As visões pós-balanço não foram positivas e algumas casas de análise têm revisado para baixo as suas projeções para a ação da varejista.

No dia após o balanço, os analistas da XP reiteraram recomendação “neutra” para as ações da Renner e cortaram o preço-alvo dos papéis de R$ 15 para R$ 14, afirmando que permanecem cautelosos em relação à dinâmica de resultados da varejista de moda e enxergam riscos de deterioração do cenário macro.

No relatório da XP, os analistas citaram terem revisado o modelo da empresa considerando margens brutas menores, pelos efeitos negativos de Ajuste a Valor Presente (AVP), juntamente com uma mensagem mais cautelosa em relação à pressão de custos sendo repassada aos preços.

Danniela Eiger e equipe também colocaram na conta da atualização do modelo para a Lojas Renner pagamentos de bônus mais altos, já que consideram 2024 como um ano normalizado, bem como melhores resultados da Realize, com menores despesas operacionais e taxas de inadimplência.

A previsão para o lucro líquido passou para R$ 1,262 bilhão em 2025 e R$ 1,530 bilhão em 2026, de projeção anterior de R$ 1,415 bilhão e R$ 1,674 bilhão, respectivamente. Para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), eles reduziram as estimativas em 6,5% para 2025, a R$ 2,879 bilhões, e em 4,4%, para R$ 3,384 bilhões em 2026.

Os analistas afirmaram que um dos principais pontos negativos dos resultados do quarto trimestre foi a margem bruta do varejo, com a empresa mencionando que as taxas de juros mais altas resultaram em um impacto de 0,3 ponto percentual pelo AVP, enquanto também está adotando uma abordagem mais cautelosa em relação ao repasse da pressão de custos aos preços.

Eles também chamaram a atenção para o Ebitda menor do que o esperado, impactado pelo pagamentos de bônus mais alto no trimestre. “Os executivos mencionaram que isso está alinhado aos níveis históricos, com 2023 distorcendo a base de comparação. Assim, assumimos pagamentos de bônus ligeiramente mais altos à frente, embora ainda projetamos uma expansão da margem Ebitda pela alavancagem operacional, principalmente nas despesas gerais e administrativas”, afirmaram no relatório.

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Na segunda-feira, a Lojas Renner divulgou comunicado ao mercado a fim de esclarecer como funciona o Programa de Participação nos Resultados (PPR) da companhia e os critérios que embasaram a sua apuração no exercício social de 2024.

A empresa disse que, conforme divulgado nas demonstrações financeiras anuais, o PPR total de R$ 150,7 milhões em 2024 será distribuído entre cerca de 21 mil colaboradores, excluindo administradores, que não são elegíveis ao programa.

A Lojas Renner disse que o PPR é ativado somente se a companhia atingir uma meta mínima anual de EBIT e acrescentou que as metas do PPR incluem não apenas marcos financeiros, mas também objetivos não financeiros que são essenciais para a criação de valor sustentável a longo prazo da companhia. E reforçou que o PPR é calculado com base nos resultados anuais e não nos desempenhos trimestrais.

Na visão da equipe da XP, os executivos também trouxeram na teleconferência de sexta-feira um tom mais cauteloso em relação a 2025, destacando que esperam que o aumento de preços fique abaixo da inflação, mas com crescimento de volume — assim, esperam continuar crescendo acima da média do setor.

Itaú BBA rebaixa ações

Já na segunda-feira, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente a neutro). O preço-alvo é de R$ 13.

Os analistas do BBA apontam que, apesar da perspectiva macro desafiadora de 2025 para o setor de vestuário, inicialmente sentiam uma disposição entre alguns investidores de “dar uma chance à LREN3” antes do quarto trimestre, impulsionada por uma melhora marginal no sentimento sobre o Brasil e a perspectiva de resultados ligeiramente melhores de um nome líquido e exposto ao beta. “Mas mudou”, avaliam os analistas.

A mudança decorre de uma combinação não apenas dos desempenho mais fraco do que o esperado em áreas-chave (margem bruta, vendas e participação nos lucros), mas também de um ceticismo crescente em um cenário macro cada vez mais difícil para um setor discricionário e dependente de crédito como o setor de vestuário de renda média.

“Como resultado, muitos investidores – nós incluídos – recuaram para entender e digerir o que está acontecendo – o que levou ao nosso rebaixamento para market perform”, avalia a equipe de análise do banco.

A projeção do BBA é de um ano difícil pela frente. O banco revisou os lucros de 2025 para baixo em 10%. Com ventos contrários macroeconômicos e fatores específicos da empresa em jogo (ou seja, margens brutas e crescimento de vendas), o banco vê pouco espaço para atualizações de lucros no curto prazo.

O vestuário de renda média é um segmento discricionário fortemente dependente dos gastos do consumidor, o que o torna especialmente vulnerável a taxas de juros mais altas. “Estamos cortando nossas previsões de lucros abaixo do consenso para 2025 e 2026 em 10% e 4% para R$ 1,2/R$ 1,4 bilhão – agora 8% e 11% abaixo do consenso de mercado”, avalia. O BBA vê a Renner negociada com um valuation pouco exigente em termos absolutos, mas já com um prêmio para outras empresas de moda (como C&A – CEAB3 – e Azzas 2154 – AZZA3) e outros participantes do varejo. Nesse contexto, rebaixa a LREN para Market Perform – destacando um momento para fazer uma pausa e reavaliar.

O BBA ressalta que as operações refinadas da Renner impulsionaram a produtividade da loja (cerca de R$ 16 mil/m²/ano) bem acima dos pares. Porém, há potencial de crescimento limitado.

(com Reuters)

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